Torcedora do Palmeiras morre após ser atingida por garrafa em briga na partida com o Flamengo

Gabriela Anelli, de 23 anos, estava internada desde sábado no Hospital Santa Casa, no Centro de São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos

10 jul 2023 - 09h52
(atualizado em 11/7/2023 às 20h16)

A palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu nesta segunda-feira de manhã depois de ser ferida durante uma briga entre torcedores do lado de fora do Allianz Parque, no sábado, antes a partida do Palmeiras com o Flamengo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, (SSP) ela foi atingida pelo estilhaço de uma garrafa no pescoço e levada em estado grave ao Hospital Santa Casa, no centro da cidade, mas não resistiu aos ferimentos.

Irmão de Gabriela Anelli confirmou morte de palmeirense em publicação nas redes sociais.
Irmão de Gabriela Anelli confirmou morte de palmeirense em publicação nas redes sociais.
Foto: Reprodução/Instagram/@femarchiano / Estadão

O irmão de Gabriela, Felipe Anelli, confirmou a morte da palmeirense em uma publicação nas redes sociais. "Sei o quanto você lutou cada segundo. Você foi de fato uma guerreira. Olhe por nós do céu e proteja nossa família", escreveu. Os familiares da torcedora chegaram a fazer uma campanha na redes por doações de sangue para ajudá-la.

César Saad, titular da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), afirmou que o suspeito de cometer o crime foi identificado como Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos. Ele declarou ser membro de uma organizada do Flamengo, mas teria ido ver o jogo sozinho. Segundo o delegado, o suspeito teve o flagrante convertido em prisão preventiva pela Justiça e vai responder por homicídio doloso consumado. "Com certeza ele pegará uma pena bastante alta", afirmou Saad.

Saad disse que o flamenguista não teve intenção de acertar Gabriela, mas que assumiu o risco ao atirar a garrafa em direção à torcida do Palmeiras. O fato aconteceu por volta das 18h30, duas horas e meia antes do início do jogo entre Palmeiras e Flamengo, em frente ao portão C do Allianz Parque, na rua Padre Antônio Tomas, por onde entram torcedores visitantes. Havia uma proteção de metal para separar os flamenguistas dos palmeirenses, mas ela não foi suficiente para evitar a morte da torcedora. Uma outra pessoa também foi ferida pelos estilhaços.

Gabriela foi socorrida no posto de atendimento do Allianz Parque. Ao ser constatada a gravidade dos ferimentos, ela foi encaminhada à Santa Casa, onde ficou quase dois dias internada. A palmeirense teve duas paradas cardíacas, ficou em coma induzido e morreu na madrugada desta segunda-feira.

Briga na Rua Caraíbas

De acordo com informações da SSP, houve outra briga, mais tarde, durante o primeiro tempo do jogo, nos arredores da Rua Caraíbas, próximo ao portão A, um dos acessos à torcida do Palmeiras ao Allianz Parque, depois que palmeirenses avistaram dois flamenguistas no local. Esse conflito não teve relação com a briga que resultou na morte da palmeirense.

Alguns rubro-negros se aglomeraram do lado de fora da arena depois de não conseguirem comprar ingressos e as torcidas entraram em confronto. A Polícia Militar entrou em ação, usando gás de pimenta e bombas de efeito moral nas ruas Caraíbas e Palestra Itália. Houve relatos de agressões, com garrafas sendo atiradas na direção, inclusive, dos policiais. Há muitos bares e ambulantes nas imediações do estádio.

A partida precisou ser paralisada por duas vezes porque jogadores e torcedores que estavam nas arquibancadas ficaram com olhos irritados por causa do gás de pimenta. O tumulto só foi encerrado com a chegada do Batalhão de Choque, já após o apito final. A cavalaria da PM também entrou em ação. Informações de que flamenguistas tentaram invadir o clube circularam naquele dia, mas elas não foram conformadas pela direção do Palmeiras. Havia uma festa junina para os associados.

O Palmeiras divulgou uma nota lamentando a morte de Gabriela e cobrou providências das autoridades. "Não podemos aceitar que uma jovem de 23 anos seja vítima da barbárie em um ambiente que deveria ser de entretenimento. Manifestamos solidariedade à família da palmeirense e cobramos celeridade na apuração deste crime, que fere a nossa razão de existir e compromete a imagem do futebol brasileiro", publicou o clube.

Jogadores do Palmeiras também lamentaram a morte da torcedora nas redes sociais. "O que nos resta é orar pela família e pedir para que Deus possa confortar o coração dos parentes e amigos quee estão enfrentando essa irreparável perda", escreveu Dudu. "Somos o páis do futebol ou da violência?", indagou o zagueiro Luan. "Que possamos refletir e nos unir pelo fim dessa violência", escreveu Gabriel Jesus, ex-jogador alviverde e atualmente no Arsenal.

O Ministério do Esporte, por meio da Secretária Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, informou que está dialogando com o movimento das torcidas organizadas e coletivos de torcedores brasileiros desde o início da gestão de Ana Moser e reforçou que "atos de violência envolvendo torcedores (organizados ou não) devem ter os envolvidos identificados, punidos e os responsáveis devem ser retirados do espetáculo esportivo que é o futebol".

Com a bola rolando, Palmeiras e Flamengo empataram por 1 a 1 e perderam a chance de diminuir a distância para o líder Botafogo, que venceu o Grêmio neste domingo, chegou aos 36 pontos e abriu dez de vantagem para o rubro-negro carioca, segundo colocado na tabela de classificação. A equipe alviverde está em quinto, com 24 pontos.

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Irmão de Gabriela Anelli confirmou morte de palmeirense em publicação nas redes sociais.
Foto: Reprodução/Instagram/@femarchiano / Estadão
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