Operação na Suíça prende Marin e outros dirigentes da Fifa

27 mai 2015 - 06h59
(atualizado às 15h11)

A entidade que comanda o futebol mundial virou palco de enorme escândalo a apenas dois dias de nova eleição presidencial. Nesta quarta-feira, uma operação especial na Suíça, sob liderança do FBI, prendeu sete dirigentes da Fifa e cinco executivos indiciados por extorsão e corrupção, de acordo com comunicado emitido pelo Departamento de Justiça dos EUA. Um dos detidos foi José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Outro brasileiro acusado pela investigação foi José Margulies, conhecido como José Lázaro, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd. Todos serão extraditados e julgados pela Justiça americana e podem pegar 20 anos de prisão. Entenda tudo sobre o escândalo de corrupção na Fifa aqui.

A operação foi realizada durante a madrugada desta quarta-feira pela polícia suíça no luxuoso hotel Baur au Lac, nos Alpes, onde os dirigentes se reúnem para o encontro anual da entidade. O evento deste ano elegerá o novo presidente da Fifa e está mantido para esta sexta-feira. O atual mandatário da organização, Joseph Blatter, por sinal, não está entre os presos.

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Operação prende Marin e mais seis executivos da Fifa
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Os agentes do FBI recolheram as chaves na recepção do hotel e se dirigiram para os quartos para proceder com as detenções. As acusações que a Justiça dos EUA apresenta contra os dirigentes do futebol mundial giram em torno da "corrupção generalizada durante as duas últimas décadas", em relação à escolha das sedes para a Copa do Mundo de 2018 (Rússia) e de 2022 (Catar) e aos acordos de marketing e de direitos de televisão. Apesar disto, a entidade afirmou que as sedes dos dois torneios estão mantidas.

De acordo com a BBC, o governo americano suspeita que dirigentes da Fifa tenham pago mais de US$ 100 milhões (R$ 313,4 milhões) em propinas desde os anos 1990. As acusações incluem fraude, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação do Departamento de Justiça dos EUA envolve mais de dez dirigentes do futebol mundial, mas nem todos eles se encontram em Zurique para o encontro da entidade.

"A Fifa é a parte prejudicada", opinou em um pronunciamento para a imprensa o diretor de Comunicações da entidade, Walter De Gregorio, que destacou que "a Fifa está cooperando (com as autoridades) por próprio interesse".

Ex-presidente da CBF, José Maria Marin foi detido na Suíça, nesta quarta-feira
Ex-presidente da CBF, José Maria Marin foi detido na Suíça, nesta quarta-feira
Foto: Stuart Franklin / Getty Images

Entre os dirigentes acusados no escândalo, além de José Maria Marin, estão: o vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb; o presidente da Federação de Futebol da Costa Rica, Eduardo Li; o ex-presidente da Conmebol Eugenio Figueredo; o ex-presidente da Concacaf Jack Warner; o presidente da Federação Venezuelana de Futebol, Rafael Esquivel; o ex-presidente da Conmebol Nicolás Leoz; o presidente da Federação Nicaraguense de Futebol Julio Rocha; e o braço-direito do presidente da Conmebol, Costas Takkas. Destes, apenas Leoz e Warner ainda não foram presos, de acordo com o Departamento de Justiça americano.

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O empresário brasileiro J.Hawilla, fundador e dono da Traffic, conhecida empresa de marketing esportivo, foi um dos réus que se declararam culpados. De acordo com o Departamento de Justiça americano, Hawilla se comprometeu a devolver US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) em 12 de dezembro do ano passado ao fazer um acordo e assinar sua confissão. Além dele, também se declararam culpados o ex-secretário-geral da Concacaf e ex-representante dos EUA no Comitê Executivo da Fifa, Charles Blazer; e Daryan e Daryll Warner, filhos do ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner.

O terceiro brasileiro envolvido no escândalo é José Margulies, de 75 anos, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmissões esportivas. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, Margulies supostamente atuou como intermediário para facilitar pagamentos ilegais entre executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol.

Dirigentes envolvidos em escândalo (da esquerda para a direita, de cima para baixo): Rafael Esquivel, Nicolas Leoz, Jeffrey Webb, Jack Warner, Eduardo Li, Eugenio Figueredo e José Maria Marin
Foto: AFP

A Justiça americana não apresentou acusações contra o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, mas as detenções podem representar um empecilho para sua reeleição no pleito que acontecerá na sexta-feira e no qual ele concorre a um quinto mandato à frente da entidade. 

Ainda nesta quarta-feira, membros do Ministério Público da Suíça recolheram documentos e dados eletrônicos na sede principal da Fifa, em Zurique. Além disto, a Justiça Federal da Suíça informou que bloqueou contas em diversos bancos no país. Os escritórios da Concacaf, em Miami, nos Estados Unidos, também foram alvo de buscas nesta quarta-feira.

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Presidente da Fifa Joseph Blatter não foi preso na operação desta quarta
Foto: Arnd Wiegmann / Reuters

"Estamos surpresos pelo tempo que isso durou e como alcançou quase tudo o que foi feito pela Fifa", disse um agente da lei ao New York Times sobre as suspeitas de corrupção. "Parece que chegava a cada elemento da federação e que essa era sua maneira de fazer negócios. É como se fosse uma corrupção institucionalizada", frisou a fonte.

Lista dos 14 acusados na investigação de corrupção na Fifa
Alejandro Burzaco 50 anos argentino executivo
Aaron Davidson  44 anos americano executivo
Rafael Esquivel 68 anos venezuelano presidente da Federação Venezuelana de Futebol
Eugenio Figueredo 83 anos uruguaio ex-presidente da Conmebol
Hugo Jinkis 70 anos argentino executivo
Mariano Jinkis 40 anos argentino executivo
Nicolás Leoz 86 anos paraguaio ex-presidente da Conmebol
Eduardo Li 56 anos costarriquenho presidente da Federação de Futebol da Costa Rica
José Margulies 75 anos brasileiro executivo
José Maria Marin 83 anos brasileiro ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol
Julio Rocha 64 anos nicaraguense presidente da Federação Nicaraguense de Futebol
Costas Takkas 58 anos caimanês braço-direito do presidente da Conmebol
Jack Warner 72 anos trintino ex-presidente da Concacaf
Jeffrey Web 50 anos caimanês vice-presidente da Fifa
  
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