Os chamados "doodles", imagens do Google para sua página principal, estão sendo feitos fora dos Estados Unidos pela primeira vez, com ilustradores da Califórnia instalados no Brasil para acompanhar a Copa do Mundo, inspirando-se em futebol, torcedores e favelas.
O Google produz de 300 a 400 doodles por ano, sendo 50 deles com movimentos ou interativos.
Normalmente, a companhia planeja os doodles ao menos três meses antes e pode levar semanas para ilustradores aperfeiçoarem os desenhos.
Desta vez, parte dos 17 membros da equipe estão reagindo quase em tempo real aos jogos, resultados e eventos que ocorrem nos 12 estádios da Copa do Mundo.
"Os desenhos interativos podem levar meses para ficar prontos, mas desta vez estamos criando imagens animadas em duas a seis horas", disse Ryan Germick, líder da equipe de doodles.
"Isso nunca tinha sido feito em tempo real, porque não há um evento tão singular, que o mundo inteiro assista", disse à Reuters em entrevista por telefone.
"É que se trata de um esporte singular, quando o jogo começa o mundo inteiro assiste àquela partida, então é a chance de fazer parte de um diálogo. O que estamos comemorando é que o mundo todo se une."
Germick é o líder de uma equipe abrigada em um escritório especialmente criado para eles, denominado "Sala da Inspiração", na sede do Google em São Paulo. As paredes são decoradas com itens alusivos ao Brasil, há um jukebox retrô tocando música brasileira e as TVs ficam ligadas nas partidas.
A equipe mantém-se conectada com o mundo em grandes telas mostrando o que as pessoas estão falando nas redes sociais ao redor do planeta. Eles também leem os jornais e trocam ideias com o pessoal do Google no Brasil e em outros países.
Até agora, conseguiram criar um novo doodle a cada dia. A partida de abertura inspirou um doodle com alguns dos mais conhecidos pontos turísticos brasileiros. Houve outro com quadros táticos, e jogos como Estados Unidos x Gana também fizeram sucesso.
Até mesmo o polvo Paul, o molusco "vidente" que ficou famoso ao prever os vitoriosos na Copa da África do Sul quatro anos atrás, foi desenhado tentando adivinhar o vencedor.
"Estávamos caminhando no parque do Ibirapuera e falando do polvo Paul e um de nós disse, eu sinto falta dele, ele era engraçado, e eu pensei, bom, então podemos trazê-lo de volta", disse Germick.
"Usamos qualquer coisa divertida que se refere à Copa do Mundo e às efemeridades culturais ao redor dela."
Germick está liderando uma equipe que vai à Arena Corinthians para ver a partida entre Inglaterra e Uruguai desta quinta-feira, e estão confiantes de que verão cenas e sons que poderão ser traduzidos na tela.
"Estou animado de ir a um jogo de verdade", disse, acrescentando que a equipe foi contaminada pelo entusiasmo dos brasileiros.
"Na noite depois da abertura nós jantamos e fomos cercados de pessoas dançando dentro do restaurante", disse. "A energia e a paixão são muito poderosas."
(Por Andrew Downie)