Os guias nepaleses anunciaram nesta terça-feira que decidiram abandonar o acampamento base do Monte Everest e acabar com a temporada, em homenagem aos colegas mortos na sexta-feira passada em uma avalanche.
"Nós tivemos uma longa reunião esta tarde e decidimos não escalar mais este ano em homenagem aos nossos irmãos. A decisão dos sherpas é unânime", disse Tulsi Gurung.
Outro sherpa e um alpinista americano presente no acampamento base confirmaram a informação, quatro dias depois da morte de 13 guias em uma avalanche.
"Alguns guias já foram embora e outros ficarão aqui durante aproximadamente uma semana, o tempo de empacotar tudo e partir", disse Gurung, que perdeu um irmão na tragédia.
Treze sherpas morreram na sexta-feira em uma avalanche e os corpos de outros três permanecem sepultados sob a neve.
Esta foi a tragédia com o maior número de mortes na história da maior montanha do planeta.
"Dezesseis pessoas morreram nesta montanha no primeiro dia de subida. Como vamos escalar?", questionou o guia Pasang Sherpa.
A decisão parece antecipar o fim das negociações entre os sherpas e o governo do Nepal.
Os guias ameaçaram acabar com a temporada caso o governo não atendesse suas reivindicações até segunda-feira, em particular o aumento da ajuda financeira para as famílias das vítimas e o aumento da cobertura do seguro.
Vários alpinistas ocidentais abandonaram o acampamento base nesta terça-feira com destino a Katmandu, com o objetivo de tentar ajudar a resolver a crise.
"Decidiram que a indenização não é o único tema. Eles acreditam que o Everest deveria ser fechado este ano em memória dos mortos", disse à AFP Ed Marzec, um alpinista americano que está no acampamento base.
Os sherpas ganham entre 3.000 e 6.000 dólares por temporada, mas não têm uma boa cobertura de seguro.
Mais de 300 pessoas, sobretudo sherpas, morreram na montanha desde a primeira escalada ao topo do mundo em 1953.