O grupo de hackers Anonymous está preparando um ciberataque contra empresas patrocinadoras da Copa do Mundo para protestar contra os gastos exorbitantes no evento em um país que tem dificuldade para oferecer serviços básicos, disse nesta sexta-feira um hacker familiarizado com o plano.
No início desta semana, o Anonymous atacou redes de computadores do Ministério das Relações Exteriores e vazou dezenas de e-mails confidenciais.
“Já conduzimos testes de fim de noite para ver quais dos sites são mais vulneráveis”, declarou o hacker, que opera com o apelido de Che Commodore. “Temos um plano de ataque”.
“Desta vez estamos alvejando os patrocinadores da Copa do Mundo”, disse ele em uma conversa pelo Skype de um localidade não revelada no Brasil. Solicitado a nomear os alvos em potencial, ele mencionou a Adidas, a empresa aérea Emirates, a Coca-Cola e a Budweiser, que é de propriedade da Anheuser-Busch InBev.
A Reuters não teve como confirmar a identidade de Che Commodore ou a sua ligação com o Anonymous. Os patrocinadores não responderam de imediato a pedidos para comentar a ameaça.
Uma Recusa de Serviço Distribuída (DDoS, na sigla em inglês) é um ataque de baixo custo destinado a tirar um site do ar requisitando acesso simultâneo de milhares de computadores, de maneira a sobrecarregar o servidor.
A ameaça de ciberataques é outra dor de cabeça para os organizadores do Mundial que começa em 12 de junho em São Paulo.
O torneio de 32 nações já foi afetado por atrasos constrangedores na construção dos estádios e o descontentamento generalizado com o custo excessivo de sediar o evento em um país com serviços públicos deficientes.
No que pode ser a maior invasão desde que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) supostamente espionou comunicações pessoais da presidente Dilma Rousseff e de cidadãos e empresas brasileiras, o Anonymous publicou nesta semana 333 documentos extraídos da redes de computadores do Ministério das Relações Exteriores.
Entre eles está um resumo das conversas entre autoridades brasileiras e o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante uma visita ao Brasil em maio do ano passado e uma lista de ministros do Esporte que planejam vir ao país para a Copa do Mundo.
Um hacker conhecido com AnonManifest usou um ataque com phishing para invadir a base de dados do Itamaraty e acessar o seu sistema de documentação, disse Che Commodore.
“Até a tarde de ontem (quinta-feira) o hacker ainda tinha acesso ao sistema”, afirmou.
O ministério desativou o seu sistema de correio eletrônico depois do ataque e instruiu os usuários das suas três mil contas de e-mail a mudar suas senhas. A Polícia Federal está investigando a invasão.
Uma autoridade do Itamaraty disse à Reuters nesta sexta-feira que só 55 contas de e-mail foram invadidas e que os únicos documentos obtidos foram aqueles anexados às mensagens.
“O problema foi resolvido. Nada importante vazou”, afirmou a autoridade, que pediu anonimato por não ter autorização para discutir o assunto.
Mas diplomatas brasileiros no exterior ficaram sem comunicação por e-mail com a sede do ministério durante vários dias. Um deles, sediado em um capital europeia, disse nesta sexta-feira que o serviço de e-mail ainda estava desativado.