Xodó, David Luiz irrita time e torcida com surtos ofensivos

12 jul 2014 - 18h54
(atualizado às 21h33)
<p>David Luiz falhou nos dois primeiros gols da Holanda e teve problemas de posicionamento</p>
David Luiz falhou nos dois primeiros gols da Holanda e teve problemas de posicionamento
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Considerado por grande parcela da torcida o melhor jogador do Brasil ao lado de Neymar na Copa do Mundo até a semifinal contra a Alemanha, David Luiz provou um lado diferente da história neste sábado, na derrota por 3 a 0 para a Holanda na disputa pelo terceiro lugar. O zagueiro passou longe de perder o status de "xodó" – foi o mais ovacionado antes do apito inicial, por exemplo –, mas irritou seus colegas de time e até alguns fãs na arquibancada com seu posicionamento questionável no primeiro tempo.

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Apesar de ter falhado constantemente na goleada sofrida por 7 a 1 para a Alemanha na semi, David ainda começou o jogo com a Holanda em "lua de mel" com o público. Foi aplaudido de forma ensurdecedora cada vez que apareceu no telão, e saudou bastante a torcida durante o aquecimento. Na hora do Hino Nacional, foi novamente um dos mais enfáticos para cantar.

Logo que começou o jogo, porém, veio o primeiro erro. David se precipitou ao sair de sua posição para disputar uma cabeçada no meio-campo – perdeu o lance, e voltou lentamente para a zaga enquanto Robben disparava para aproveitar o buraco deixado pelo defensor. O rapidíssimo camisa 11 da Holanda passou pelo rombo entre Thiago Silva e Maxwell, recebeu passe na medida e foi derrubado por Thiago fora da área, mas o juiz marcou pênalti. Van Persie converteu para fazer 1 a 0.

Tendo o nome gritado a cada vez que pegava na bola, David Luiz pareceu se empolgar. O zagueiro passou a ter "surtos" ofensivos, tentando lançamentos difíceis quando tinha opções fáceis de passe, arrancando com a bola dominada desde a defesa ou mesmo abandonando totalmente sua posição para dar combate no meio-campo. Em um desses lances, chegou com vontade demais e tomou uma bola entre as pernas de Wijnaldum.

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A atuação ficaria mais desastrosa aos 17min, quando De Guzmán recebeu na direita – impedido – e levantou a bola na área. David Luiz chegou inteiro na jogada e podia ter cabeceado para fora, ou para a lateral; em vez disso, jogou para o meio da área, nos pés de Blind, que teve tempo para ajeitar e chutar no alto, sem chances para Júlio César.

Pouco a pouco, a indisciplina tática do zagueiro passou a irritar os torcedores. Gritos de "volta, David Luiz!" passaram a ser ouvidos no Mané Garrincha a cada vez em que o zagueiro avançava, perdia a bola e não retornava imediatamente para sua posição. Até o capitão Thiago Silva reclamou em campo do companheiro de defesa, enquanto no banco, Marcelo gesticulava na direção do camisa 4 para Felipão.

David pareceu melhorar o autocontrole após a "bronca" de Thiago, e o segundo tempo foi superior. Os lançamentos – que são uma virtude inegável do zagueiro – apareceram só quando não havia outras opções mais curtas para sair jogando. Uma boa cobrança de falta arrancou gritos das arquibancadas, mas Cillessen segurou firme. O terceiro gol holandês não foi culpa sua. Porém, ele voltou a confundir raça com excesso de empolgação quando partiu para cima de Robben para tentar o desarme; o resultado foi um chapéu desmoralizante.

Com arrancadas para o ataque e lançamentos constantes, David Luiz tomou "bronca" do capitão Thiago Silva
Foto: Evaristo Sá / AFP

"Foi de acordo com o plano de jogo que eles tinham, eles deixavam fácil para sair jogando, para depois dar o 'press' (apertar a marcação)", explicou-se David após o jogo, questionado sobre as subidas constantes ao ataque. "Tem que encarar o jogo de acordo com o que ele apresenta. Sempre tive minha característica, e sempre fui um cara humilde para aprender, errado ou não. E fiquei triste por ser um jogador de defesa, quando toma 10 gols em dois jogos, a gente fica triste".

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Figura carismática fora dos gramados e zagueiro de técnica muito acima da média, David Luiz atingiu a condição de ídolo nacional por causa de suas demonstrações de raça e amor à camisa ao longo da Copa do Mundo. Para um jogador de sua posição, porém, ficou a sensação de que posicionamento, controle e disciplina são fatores que ainda podem ser melhorados. Aos 27 anos, ele ainda tem tempo para evoluir – agora ao lado de Thiago Silva tanto na Seleção Brasileira quanto no PSG.

Fonte: Terra
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