Quando assistimos uma competição paralímpica dá um misto de aflição e dúvida. Aflição por ver um deficiente fazendo um grande esforço físico e dúvida de saber como é que aquela pessoa é capaz daquilo. Como diz uma atleta paralímpica: “quem sabe do meu limite sou eu”. Nesta segunda-feira, tive a chance de fazer um teste. Não um teste de competição, mas um teste simples: sentar em uma cadeira de rodas e fazer um mini circuito, com as dificuldades naturais que um cadeirante passa no seu dia a dia. E posso afirmar: não foi fácil.
Usei duas cadeiras diferentes. Uma dessas comuns, que você encontra em qualquer hospital, e outra mais sofisticada, mais leve. Com a primeira comecei bem, mas no terceiro obstáculo, uma pista em declive, tive que ser ajudado. Sequer consegui subir a rampinha. Uma das rodas girou no ar e por muito pouco não fui de cara no chão. Isso porque pude usar as pernas e saltei. E quem não pode?
Mas o mais complicado foi passar por uma simulação de calçada em pedra portuguesa. Com a cadeira mais pesada só passei empurrado. Com a cadeira leve fiquei travado. Porque há um truque que os cadeirantes sabem: é preciso levantar as rodinhas da frente e passar apenas com as rodas maiores. Ainda assim, nem com ajuda consegui passar.
Fiz os dois circuitos em menos de cinco minutos, mas tive que usar uma força incrível para manejar a cadeira. O circuito que fiz está montado dentro do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 pela empresa que vai fazer manutenção e reparo de próteses e equipamentos dos atletas durantes os Jogos Paralímpicos de 2016.
Conversei também com Augusto Fernandes, diretor de acessibilidade dos Jogos. Cadeirante, ele atestou minha dificuldade de conduzir a cadeira pelo circuito e disse algo importante: não só o Rio, mas nenhuma cidade brasileira está preparada para ter cadeirantes circulando com liberdade.
Para os Jogos, os equipamentos olímpicos estão todos projetados para dar ampla movimentação aos portadores de deficiência. Ainda nesta segunda, o prefeito Eduardo Paes e o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, inauguraram a maquete do Parque Olímpico tátil. E depois do que eu pude ver, temos que valorizar ainda mais esses verdadeiros super heróis paralímpicos, porque o que eles fazem é realmente extraordinário.