Dilma diz que não participará da Rio 2016 em "posição secundária"

25 jul 2016 - 16h47
(atualizado às 16h47)

A presidente afastada Dilma Rousseff disse hoje (25) que não pretende participar dos eventos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em uma "posição secundária". Em entrevista à Rádio França Internacional, Dilma afirmou que o evento tem condições de ocorrer de forma tranquila, principalmente se forem seguidos os procedimentos que já haviam sido estabelecidos na sua gestão, como na área de saúde e segurança dentro dos equipamentos onde acontecerão os jogos.

"Eu não pretendo participar da Olimpíada em uma posição secundária, porque ela é fruto de um grande trabalho do ex-presidente Lula e do grande esforço do governo federal, que viabilizou a estrutura do Parque Olímpico e da Vila Deodoro", disse Dilma.
"Eu não pretendo participar da Olimpíada em uma posição secundária, porque ela é fruto de um grande trabalho do ex-presidente Lula e do grande esforço do governo federal, que viabilizou a estrutura do Parque Olímpico e da Vila Deodoro", disse Dilma.
Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

"Eu não pretendo participar da Olimpíada em uma posição secundária, porque ela é fruto de um grande trabalho do ex-presidente Lula e do grande esforço do governo federal, que viabilizou a estrutura do Parque Olímpico e da Vila Deodoro", disse Dilma.

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Sobre a preocupação com atentados terroristas durante os jogos, a presidente afastada disse que o Brasil manteve contato com unidades de inteligência de vários países com o objetivo de afastar esses conflitos.

Cenário político

Dilma foi afastada da Presidência da República por 180 dias, no dia 12 de maio, após o Senado Federal aprovar a admissibilidade do processo de impeachment. À Rádio França Internacional, ela disse que "o sistema político brasileiro entrou em colapso por vários motivos", sendo um deles a sessão da Câmara dos Deputados do dia 17 de abril quando, segundo ela, "parlamentares corruptos" proferiram votos contra a corrupção. "A hipocrisia levada ao mais alto grau", disse, sobre a sessão de votação de abertura do processo de impeachment na Casa.

Para ela, a descrença da população atinge a política em geral e não apenas aqueles políticos que devem ser atingidos, à medida em que as pessoas igualam os políticos que têm práticas antiéticas e de corrupção. "Então, essa atividade que é fundamental na democracia passa a ser objeto de um processo de desqualificação, de descaracterização e as pessoas passam a não querer saber de política", disse.

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Há ainda, segundo Dilma, um grande surto de misoginia no Brasil e um componente sexista no seu afastamento da Presidência da República. Apesar disso, para ela, as mulheres vieram para ficar no cenário político nacional quando a primeira mulher presidente foi reeleita com 54,5 milhões de votos.

Impeachment

Dilma voltou a afirmar que não autorizou pagamento de caixa 2 na sua campanha à Presidência. Na semana passada, o publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, disseram que receberam pagamento no exterior referente a uma dívida de campanha do PT nas eleições de 2010. Segundo Dilma, entretanto, eles se referem a episódios que ocorreram dois anos depois de dissolvido o comitê financeiro e encerrada a campanha.

Ela explica, entretanto, que as acusações que levaram à abertura do processo de impeachment referem-se às chamadas pedaladas fiscais, a transferência de recursos do orçamento para o Plano Safra, e aos decretos de crédito suplementar. Segundo Dilma, a própria perícia do Senado mostrou que não há sua autoria no caso das pedaladas e não há dolo na edição dos decretos.

"É uma alegação, porque eles não tinham outro elemento para me acusar e todas as questões relativas a qualquer investigação no Brasil não apresentam base para me acusar. Estou sendo julgada por um não-crime", disse, afirmando que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal caso seja aprovado seu impeachment.

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Agência Brasil
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