A primeira participação paralímpica brasileira foi em 1972 e a primeira medalha na edição de 1976. Atualmente, o Brasil é considerado uma potência paralímpica, ficando no top 10 nas últimas edições. E tem tudo para ingressar no seleto grupo dos top 5 em um futuro próximo. A previsão é de Daniel Dias, maior nome da história do esporte paralímpico nacional, dono de 27 medalhas sendo 14 de ouro, sete de prata e seis de bronze, além de mais 40 pódios em Campeonatos Mundiais, 31 deles ocupando o lugar mais alto.
“Já somos uma potência e se o trabalho seguir em frente, nessa construção de estrutura e incentivo, seremos muito mais fortes daqui a alguns anos, com maior participação no quadro de medalhas em grandes competições internacionais”, afirma Dias. Para seguir nesse caminho, é preciso de investimento e competições estudantis como a Liga Esportiva Nescau, que chegou à nona edição em 2023 e cumpre esse papel.
Pioneira ao incluir modalidades paralímpicas no mesmo dia e local dos esportes chamados convencionais, a Liga também investe em aproximar jovens de seus ídolos. Na edição 2023, a competição contou com quatro embaixadores paratletas. Além de Daniel Dias, Verônica Hipólito e Raíssa Machado, do paratletismo, e o paraskatista Daniel Amorim, o Amorinha, integraram o time que conta com nomes como Falcão, do futsal, e Rayssa Leal, do skate. Todos os paratletas estiverem presentes no Clube Esperia na segunda quinzena de setembro para incentivar a garotada a superar limites.
“O que Nescau faz ao unir esporte e paradesporto é algo que vai marcar a vida de muitas crianças. Essa pegada inclusiva é o que mais que encanta nesse evento, que também contribui para a descoberta de talentos. Muitas têm o primeiro contato com diferentes modalidades na Liga e isso pode fazer a diferença na vida de futuros paratletas. Eu sei que o foco principal é a inclusão e o desenvolvimentos de meninos e meninas, mas é como sempre digo, você tem que mirar no ser humano para acertar no atleta”, comenta Daniel, citando o próprio exemplo para reforçar a importância de as crianças terem diversas experiências. “Eu pratico esporte desde pequeno, mas só conheci a paranatação aos 16 anos.”
A aplicação das palavras de Daniel puderam ser comprovadas pela atividade de meninos e meninas, como os integrantes da equipe da ADD (Associação Desportiva para Deficientes), que inscreveu 150 crianças e adolescentes na Liga em São Paulo, em setembro. Outra entidade de apoio a crianças com deficiência que marcou presença foi a Associação Paradesportiva JR SP, também da capital paulista.
Ambas inscreveram seus alunos em mais de uma modalidade entre atletismo adaptado, basquete em cadeira de rodas, paranatação, tênis de mesa, judô, caratê futebol de pc (praticado por atletas com paralisia cerebral). O nadador campeão paralímpico reforça o valor da integração proposta e executada da Liga Esportiva Nescau.
“Vi muitos pais e familiares tão empolgados quanto as crianças. Essa convivência com outros meninos e meninas, a emoção da competição, a alegria em ganhar uma medalha, mesmo que seja de participação, tudo isso ensina. E eles aprendem a lidar com muitas coisas e diferentes situação. Sem dúvida, um evento que vai ajudar a vida de todos, porque quando se centraliza na criança a gente quebra barreiras”, completa Daniel Dias.