O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse hoje que a crise financeira do Estado não tem relação com os Jogos Olímpicos, nem representa uma ameaça para a competição. Em entrevista coletiva, reconheceu que o decreto de calamidade pública do governo do Estado causou um desgaste à imagem da prefeitura, mas defendeu que a crise não tem vínculo com os jogos e que as contas públicas do município estão equilibradas.
"Não é verdade que a Olimpíada quebrou o Estado. Se alguém tivesse que quebrar, seria a prefeitura, que fez 94% das coisas", disse o prefeito. "Eles [os governantes do Estado] chegaram a essa situação por uma série de outros motivos, mas garanto que não foi por causa dos Jogos Olímpicos", explicou.
Apesar disso, Paes defendeu que é "correto e justo" que o governo federal ajude financeiramente o governo do Rio de Janeiro, que prevê um déficit de R$ 19 bilhões em 2016 e decretou Estado de calamidade pública na última sexta-feira. No decreto, o governador em exercício Francisco Dornelles afirmou que a grave crise financeira impede que o Estado arque com compromissos assumidos para a Olimpíada.
Segurança
O prefeito afirmou que a ajuda ao Estado servirá para garantir serviços essenciais, como a segurança pública, mas disse que os jogos não serão impactados pela situação fiscal em que se encontra o Rio de Janeiro.
Afirmou, também, que a cidade se encontra hoje financeiramente melhor que no início dos jogos e disse que os gastos dos cofres municipais com estádios desde 2009 foram de R$ 732 milhões, enquanto mais de R$ 4 bilhões foram captados pela prefeitura na iniciativa privada para este objetivo.
O orçamento total dos jogos é de R$ 39,07 bilhões, e 57% desse valor são de origem privada. Segundo a prefeitura, cerca de R$ 24 bilhões foram destinados a obras de legado, e R$ 7,07 bilhões à construção de estádios e instalações esportivas que serão usadas na competição. Segundo dados, 60% do que foi gasto em estádios e 43% do que foi investido em obras públicas de legado têm origem privada. Outros R$ 7,4 bilhões são o orçamento do Comitê Rio 2016, que é 100% privado e obtido com a venda de ingressos e direitos de transmissão.
A prefeitura informou, ainda, que a taxa de investimento cresceu para 16,1% e que o peso da dívida caiu de 9% do orçamento para 4% entre 2009 e 2016. "Ninguém vai poder chegar aqui em 2020 e dizer que a prefeitura está passando por dificuldades porque se endividou muito com Olimpíada", finalizou.