O brasileiro Alison 'Piu' dos Santos chegou na terceira colocação e conquistou o bronze -- seu segundo na modalidade -- na final dos 400 metros com barreiras do atletismo dos Jogos de Paris.
- A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.
Piu disputou a final de prova mais aguardada do atletismo olímpico desta sexta-feira, 9. Ao lado do brasileiro, que ficou com o bronze, o pódio terminou com o ouro de Rai Benjamin, dos EUA, e a prata do norueguês Karste Warholm, ouro em Tóquio-2020.
Com o tempo de 47s26, Piu ficou a 20 centésimos da medalha de prata, mas fez história ao conquistar o segundo bronze consecutivo na modalidade, após chegar em terceiro na prova em Tóquio
Piu protagoniza um dos maiores embates da história dos 400m com barreiras. Ao lado do brasileiro, Karsten e Benjamin repetem o pódio olímpico da última olimpíada, em que o norueguês chegou na primeira colocação, com quebra de recorde mundial, e o estadunidense no segundo lugar na ocasião.
Susto em Paris
Cercado de expectativas como um dos grandes nomes da história dos 400m com barreiras, Alison dos Santos levou alguns sustos em Paris. Na bateria de qualificação, Piu mostrou que estava rápido na pista roxa - sua cor preferida - do Stade de France, mas um momento de desatenção quase custou a classificação direta para a semifinal.
Em uma bateria que estava tranquila, ele desacelerou nos metros finais e foi ultrapassado por Rasmus Magi, da Estônia, e CJ Allen, dos Estados Unidos. Apesar do momento inesperado, o brasileiro classificou com o tempo de 48s75 na terceira colocação, suficiente para não precisar disputar a repescagem.
Na semifinal, o cenário ficou ainda mais preocupante. Embora tenha feito o quarto melhor tempo da etapa com 47s95, Alison completou sua bateria na terceira colocação, atrás de Clément Ducos, da França, e de Rai Benjamin, dos Estados Unidos.
Inicialmente, a colocação não garantiu classificação direta para a final. Em alguns minutos de apreensão, Piu precisou esperar o término de todas as baterias para garantir a vaga na decisão entre os dois melhores tempos da etapa.
Com o susto, o brasileiro teve que ouvir uma provocação do francês. Após a prova, Ducos se mostrou surpreso por ficar à frente de Alison, mas aproveitou a oportunidade para alfinetá-lo.
"Estou muito feliz. Eu terminei em segundo lugar, atrás do Karsten (Warholm). É enorme. Eu queria ir rápido como sempre. Não fiz recorde, mas não importa, é a posição que conta. Pelo tempo, eu não estou tão surpreso. Talvez o segundo lugar acima do Santos é uma surpresa, mas eu acho que ele não está na forma como já esteve", disse o atleta europeu.
De fato, o desempenho deixou Alison visivelmente abalado após a bateria, mas longe do que foi falado pelo francês. Assim que conquistou a classificação, o brasileiro admitiu que poderia ter sido melhor: "Poderia ter evitado esse momento, melhorado meu resultado, mas temos de saber lidar com isso e estou pronto e preparado. Vou chegar preparado e ciente de tudo o que eu posso na final, tranquilo, com a cabeça fresca e tentando performar", explicou à TV Globo.
Mudança de patamar dos 400m com barreiras
Ao lado de Karsten Warholm, da Noruega, e Rai Benjamin, dos Estados Unidos, Piu revolucionou os 400m com barreiras. Juntos, os três possuem 24 dos 25 melhores tempos da história da prova, sendo cinco feitos pelo brasileiro. Com 46s78 em Barcelona-1992, apenas Kevin Young, dos Estados Unidos, aparece como intruso na lista e detém a marca que foi o recorde mundial até 2021.
Um dos pontos dessa mudança de patamar aconteceu justamente em uma final olímpica. Em Tóquio-2020, o mundo do atletismo parou assustado quando o trio passou pela linha de chegada do Estádio Nacional. Ao olhar para o telão de tempos, Alison viu, assustado, Benjamin (45s94) e Warholm (46s17) quebrarem o então recorde mundial de 46s70, estabelecido anteriormente pelo próprio norueguês. Com 46s72, o brasileiro também ficou perto da marca e levou o bronze para a casa.
"Foi uma prova louca, uma prova muito forte, uma prova histórica, em que fizeram o que achavam que era impossível, quebrar a barreira dos 46s. Três atletas correram abaixo de 47s, a prova mais rápida da história, e eu fico muito feliz de estar fazendo parte disso", disse o medalhista de São Joaquim da Barra logo após a prova.
Passada a emoção do primeiro embate olímpico entre os três, eles continuaram evoluindo e evaporando marcas. Embora os tempos do ouro e da prata em Tóquio ainda sejam os dois maiores da modalidade, Piu já marcou dois tempos melhores do que o feito naquele dia. Sua melhor marca atual foi estabelecida com 46s29 na conquista do Mundial de 2022, em Eugene (Estados Unidos).