Aos 33 anos, Caio Bonfim atingiu o ápice do esporte com a medalha de prata da marcha atlética nos Jogos Olímpicos de Paris. Mesmo com a mãe ex-atleta e o pai professor da modalidade, o caminho não foi fácil para o competidor do Distrito Federal, que precisou enfrentar preconceitos.
A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.
Na infância, ele pensou até em ser jogador de futebol antes de ir de vez para a marcha. Agora medalhista olímpico, o brasileiro recordou o início no esporte e as dificuldades enfrentadas antes da consagração.
“Quando meu pai me chamou pra marchar pela primeira vez, ele dava aula no noturno, eu fui muito xingado naquele dia. Não é me fazendo de vítima, não. Eu só comecei com 16 anos. Por quê? Porque era muito difícil ser marchador. No dia que eu cheguei em casa e falei: ‘Eu quero ser marchador’. Na verdade, eu tava dizendo pra eles: ‘Hoje eu decidi ser xingado sem ter problema’. Eu venci o preconceito chegando nessas provas da América do Sul”, começou o atleta em conversa com a imprensa.
Um dos pontos de mudança na percepção das pessoas sobre o esporte veio nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando completou a prova na quarta colocação. Antes, Caio Bonfim já havia participado de Londres-2012 e, depois, foi a Tóquio-2020.
“Na minha cidade, eu brinco que antes da Olimpíada do Rio era sempre xingado pra poder marchar. Depois da Olimpíada do Rio, o som da buzina mudou. Os caras até exigiam. ‘Tá flutuando, cuidado!’ Mas eu queria mudar isso. E hoje é isso que representa”, explicou.
Com o pódio inédito para o Brasil, Caio Bonfim espera mudar a percepção das pessoas quanto aos marchadores. Ele relembrou da maneira com que era tratado por ser atleta.
“Tem que ter muita coragem pra viver de marcha atlética. Os primeiros anos, antes de ir pra Olimpíada, atleta é vagabund*. As pessoas perguntam: ‘Vive do que? Trabalha com o que? Medalha é isso”, destacou o marchador.
Embora suas principais influências sejam os pais - sua mãe, inclusive, é treinadora da equipe brasileira em Paris -, Caio Bonfim é conterrâneo de Joaquim Cruz, medalhista de prata em Seul-88 e Los Angeles-92. Ele também citou a importância das conquistas do ex-meio-fundista.
“Esse foi um sonho. Eu sou de Brasília. Eu cresci com um Joaquim Cruz. Nossa Bolsa Atleta lá começou por causa do resultado do Joaquim Cruz. E hoje eu tenho uma medalha igual a ele, acho que ele é prata, ouro em Los Angeles”, completou.
Além dos 20 km, o marchador tem mais um compromisso em Paris. Ele vai disputar o revezamento misto.