A Seleção Brasileira comandada por Renan Dal Zotto mira um feito inédito e histórico na Olimpíada de Tóquio. Ouro nos Jogos do Rio-2016 e atual vencedora da Liga das Nações, a equipe nacional poderá fazer o Brasil se isolar como maior campeã olímpica do vôlei masculino em todos os tempos.
Hoje, os brasileiros dividem o topo da lista de ganhadores da modalidade com os Estados Unidos e a extinta União Soviética, que também subiram no topo do pódio três vezes cada um no torneio masculino, cuja primeira edição foi realizada nos Jogos de 1964, justamente na capital japonesa.
Ao projetar as chances de o Brasil conquistar o tetracampeonato olímpico, o portal Terra entrevistou dois capitães de duas campanhas vencedoras da Seleção: Carlão, o líder do time que faturou o ouro em Barcelona-1992, e Nalbert, que exerceu o mesmo papel de referência para a grande equipe que também alcançou a medalha dourada em Atenas-2004. E os dois ex-jogadores, que hoje são comentaristas da TV Globo e do SporTV, foram unânimes em apontar uma opinião: a Seleção Brasileira está um nível acima das demais na busca pelo título em Tóquio.
“A Seleção Brasileira tem grandes chances de se tornar novamente campeã olímpica agora em Tóquio por ser uma seleção bastante estruturada, que já conta com campeões olímpicos de 2016 e com jogadores que participaram de outras conquistas. Acho que o Brasil tem tudo pra conquistar um grande resultado”, afirmou Carlão, que também elegeu os outros maiores candidatos à glória olímpica no vôlei masculino.
“Além do Brasil, as outras seleções favoritas nessa Olímpiada são Polônia, Estados Unidos e Rússia. E tem outras seleções que também podem incomodar, como França, Argentina. Mas o Brasil está um degrau acima”, completou o ex-jogador, que liderou a Seleção que se tornou a primeira do Brasil a conquistar um ouro olímpico em esportes coletivos na história dos Jogos.
Nalbert, por sua vez, não hesita em colocar o time brasileiro no topo da lista dos favoritos ao ouro na capital japonesa. “Eu vejo o Brasil com muitas chances no masculino, chega favoritíssimo. O time é muito consistente, muito experiente, acostumado a jogar grandes competições. Junto com a Polônia são os dois grandes favoritos. Até coloco o Brasil em um patamar acima porque venceu agora a Liga das Nações e porque tem muita tradição olímpica, coisa que a Polônia não tem. A Polônia fica sempre esbarrando nas quartas de final. Ganhou um ouro olímpico em 1976 mas depois disso nunca mais teve grandes resultados. Então, no masculino, o Brasil tem tudo pra faturar mais um ouro”, aposta.
E Nalbert exaltou o peso histórico que a conquista do ouro teria para a trajetória vitoriosa do vôlei brasileiro, que também ostenta outras três medalhas de prata olímpicas no torneio masculino, obtidas nos Jogos de Los Angeles-1984, Pequim-2008 e Londres-2012.
“Seria sensacional o Brasil ganhar mais um ouro e se isolar no masculino como campeão de todos os tempos. Seria um grande prêmio pra essa e todas as gerações passadas que ajudaram a construir essa história grandiosa do voleibol masculino. E aí a gente fala desde o primeiro time, lá de 1964, momento em que o vôlei ainda era semiprofissional, depois veio a profissionalização nos anos 80, a primeira medalha em 84 e a partir dali só ladeira acima. Seria merecido e todos os que construíram esse caminho se sentiriam merecedores e vencedores também”, enfatizou o ex-capitão da Seleção.
Equipe embalada
Se o Brasil já carregaria um favoritismo natural pelo simples fato de ser o atual campeã olímpico, esse status se elevou ainda mais com a conquista da Liga das Nações deste ano. E os ex-capitães da Seleção enalteceram a importância deste triunfo para a equipe dirigida por Renan ganhar uma confiança extra na luta pelo ouro no Japão.
“A Liga das Nações foi, sem dúvida, uma competição que serviu para dar confiança à Seleção Brasileira, ritmo, oportunidade pra comissão técnica testar vários jogadores, várias possibilidades até de problemas que poderiam acontecer em Tóquio durante a Olimpíada. Sem dúvida nenhuma, o título colocou o Brasil como uma das melhores seleções da atualidade, mas Olimpíada é uma competição diferente. Precisamos ter atenção e continuar mantendo o foco principalmente na excelência”, alertou Carlão, ciente das armadilhas que o favoritismo pode reservar aos campeões olímpicos.
Nalbert, por sua vez, reconhece o peso que a conquista da Liga das Nações teve para o Brasil, mas lembra que é preciso continuar buscando evolução durante a Olimpíada. E destaca a importância de a Seleção contar com um conjunto forte, com reservas que também podem ser decisivos quando entrarem em quadra no decorrer das partidas.
“Eu acho que há coisas a evoluir ainda, o fundamento bloqueio ainda pode melhorar. As finais da Liga das Nações podem ser um bom parâmetro do que o Brasil pode jogar. Então aquelas atuações têm que ser a referência, o Brasil jogou muito bem. Se jogar aquilo, dificilmente alguém consegue chegar naquele nível e vencer o Brasil. A gente deve ter aquelas grandes atuações como referência e sempre priorizando o grupo, o time, todos têm que estar no mesmo nível, todos são importantes”, ressaltou.
“A gente sabe que na Olimpíada muitas vezes jogam só seis (titulares na maior parte dos jogos) porque têm tempo de descansar entre um jogo e outro, mas pra esse sexteto ter confiança e segurança, todos os que estão do lado de fora devem estar prontos, em forma. A força da coletividade na Seleção masculina foi sempre a marca e ainda deve ser assim”, reforçou.
Experiência como trunfo
Carlão também vê a bagagem acumulada pela equipe brasileira como um grande trunfo para conquistar o ouro olímpico. E ainda apontou um fundamento no qual a equipe nacional pode melhorar para aumentar as suas chances de voltar a subir no topo do pódio em Tóquio.
“O Brasil deve aproveitar essa experiência. Temos jogadores que jogaram no Brasil e no exterior, isso ajuda muito. E, sem dúvida, ter passado na Liga das Nações também fortalece bastante a equipe a chegar com confiança e impor o seu ritmo de jogo, que é o que o Brasil tem que fazer. Acho que nosso time é muito forte, mas se tem um fundamento que o Brasil ainda pode melhorar é o saque. A gente tem muito potencial ainda durante essa Olimpíada, temos no saque uma arma mortal, que nos colocará nessa final olímpica – não vou dizer com certa facilidade, mas vai nos trilhar um caminho mais tranquilo dentro da Olimpíada até a final”, acredita o capitão do Brasil em Barcelona-1992.
Confira o ranking de medalhistas do vôlei masculino olímpico:
- Brasil – 3 ouros e 3 pratas
- União Soviética – 3 ouros, duas pratas e 1 bronze
- Estados Unidos – 3 ouros e 2 bronzes
- Rússia – 1 ouro, uma prata e 2 bronzes
- Japão – 1 ouro, uma prata e 1 bronze
- Holanda – 1 ouro e uma prata
- Iugoslávia – 1 ouro e 1 bronze
- Polônia – 1 ouro
- Itália – 3 pratas e 3 bronzes
- Checoslováquia – Uma prata e 1 bronze
- Alemanha Oriental – Uma prata
- Bulgária – Uma prata
- Argentina – 1 bronze
- Cuba – 1 bronze
- Romênia – 1 bronze