A performance de Rachael Gunn, a Raygun, nos Jogos de Paris-2024 causou alvoroço nas redes sociais. Desde memes até ataques virtuais, a australiana do breaking virou um personagem dessa Olimpíada e gerou muito questionamento.
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Um deles foi como a atleta teria garantido sua vaga para a competição. No seu percurso, Raygun participou do campeonato mundial da modalidade, mas acabou na 64ª posição, sem a vaga direta para os Jogos. Na sequência, ela carimbou seu passaporte para Paris ao vencer o Oceania Breaking Championships, em outubro de 2023. Três competições definiram os 26 atletas nos Jogos: o campeonato mundial de 2023, os campeonatos continentais e a série de classificatórios olímpicos.
"Seguindo os regulamentos da World DanceSport Federation (WDSF), que se alinham com os padrões do Comitê Olímpico Internacional (COI), o processo teve como objetivo garantir um resultado justo e transparente. Um painel de nove jurados internacionais, um juiz principal e um presidente que supervisionou a competição, usando o mesmo sistema de julgamento dos Jogos de Paris e treinado para manter os mais altos padrões de imparcialidade", declarou a Ausbreaking, entidade responsável pela modalidade na Austrália.
Quinze b-girls participaram da competição e, apesar de considerarem que o processo sofreu algumas falhar, todas afirmaram ao Guardian que Raygun conquistou sua vaga de forma justa. Entre as exigências da WDSF estava ter um passaporte válido, o que tirou algumas atletas da disputa. Assim, a seleção foi baseada unicamente no desempenho das batalhas daquele dia, classificando Raygun.
Rachael ainda respondeu uma petição anônima sobre ter burlado o sistema de classificação e teve o Comitê Olímpico Australiano ao seu lado. Ela é uma professora universitária de 36 anos, doutora com tese relacionada ao breaking. Sua tese "Desterritorializando o gênero na cena breakdance de Sydney: a experiência de uma b-girl fazendo b-boy" tem como foco a interação entre gêneros no meio da dança.
Gunn praticava dança desde criança, tendo como foco dança de salão, sapateado e jazz. Samuel Free, então namorado, incentivou-a a experimentar o breaking. Ela começou a competir no início da década de 2010, e retomou após concluir seu doutorado. Hoje ela e Free, seu técnico, são casados.
Ao todo, 32 atletas (16 b-boys e 16 b-girls) disputaram as primeiras medalhas no breaking em Paris. A modalidade, entretanto, não está no programa olímpico de Los Angeles 2028.