Se você não soubesse o endereço da arena La Concordia 3, poderia facilmente acreditar que a disputa do skate street feminino aconteceu no Brasil e não em Paris, na França. Os brasileiros tomaram conta do local, eram cânticos, muitas bandeiras e camisas da Seleção Brasileira para empurrar Rayssa Leal rumo à conquista do inédito ouro olímpico. Porém, a atleta de 16 anos não teve uma disputa fácil e acabou com o bronze.
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Até ter o pódio confirmado, um montanha-russa de emoções, tanto para Rayssa, como para o público. Após passar no limite pelas eliminatórias, a skatista de Imperatriz, no interior do Maranhão, começou a final como uma boa volta e empolgou a torcida. No entanto, o tombo na segunda volta causou apreensão entre os torcedores. O clima era tenso e ficou assim até a explosão no final. Cada tombo das adversárias era muito comemorado.
Dentro da pista, Fadinha procurava apoio em Felipe Gustavo, técnico e irmão. Juntos, eles traçaram a mesma melhor estratégia para tentar uma medalha mesmo após uma prova bem irregular. Ao errar a quarta apresentação, a frustração da brasileira ficou evidente e ela chegou a chorar. Em coletiva de imprensa, ela confirmou que não segurou as lágrimas antes da volta decisiva.
Do lado de fora, duas menininhas brasileiras tentavam seguir Rayssa por todos os cantos atrás da grade e passaram força para ela antes da manobra que garantiu a medalha de bronze. Quando a nota 88,83 foi anunciada e o nome dela apareceu em terceiro lugar, a arena em Paris explodiu, foi o momento de maior êxtase.
Na sequência, foi necessário torcer contra as rivais. O erro da chinesa Chenxi Cui trouxe o alívio da torcida que encarou um sol forte após dois dias de chuva na capital francesa. Os termômetros marcavam 25ºC, mas a sensação térmica era muito maior. Antes de viajar para a França, a própria Fadinha pediu para que não houvesse torcida pelos tombos das rivais, que o skate não tem rivalidade. Parece que não adiantou, o brasileiro queria vê-la no pódio e não respeitou as regras da modalidade.
Ovacionada, Rayssa não segurou o choro quando teve o bronze confirmado e foi muito tietado. Com o sorriso adolescente, atendeu aos pedidos de fotos de torcedores e voluntários, encarou uma maratona de entrevistas e já se preocupou em pensar que agosto já logo aí e será hora de voltar para escola.
Se em Tóquio ela já tinha feito história, agora ela reescreveu o recorde e se tornou a mais jovem a atleta a conquistar duas medalhas em edições seguidas de uma Olimpíada. Ela prometeu que o ouro vem na edição de Los Angeles, em 2028.