O vôlei feminino do Brasil sentiu novamente o amargor do "ficar por pouco". Em semifinal contra os Estados Unidos, nas Olimpíadas, a Seleção foi derrotada por 3 sets a 2, em um confronto onde as principais referências do time não apareceram e sucumbiram à pressão.
A capitã Gabi é um dos melhores exemplos. Líder da atual geração brasileira, a camisa 10 sentiu o tamanho da partida e errou viradas de jogo além da conta. Em determinado momento, a ponteira tinha somente cinco pontos de ataque em 30 tentativas. Desempenho que influencia negativamente no jogo verde e amarelo.
Carol, referência técnica para o mundo do voleibol, não conseguiu ditar seu ritmo em quadra. Roberta parecia previsível nos levantamentos, com medo de arriscar bolas de meio ou na pipe. Ana Cristina, mesmo jovem, assumiu a responsabilidade, mas os tons da experiência que ainda não tem foram cruciais para a derrota no quinto set.
Ciclo curto, entresafra, jogadoras jovens. Os pontos a serem debatidos são vários. Mas fato é que a geração atual segue sem conquistar um título de grande expressão na modalidade. Veja os desempenhos recentes:
🏆 OLIMPÍADAS
Rio-2016: Quartas de final - 2x3 China
Tóquio-2020: Medalha de prata - 0x3 EUA
Paris-2024: Semifinal - 2x3 EUA
🏆 MUNDIAL
2014: Semifinal - 0x3 EUA
2018: Queda na segunda fase de grupos
2022: Medalha de prata - 0x3 Sérvia
🏆 LIGA DAS NAÇÕES
2018: Semifinal - 0x3 Turquia
2019: Medalha de prata - 2x3 EUA
2020-21: Medalha de prata - 1x3 EUA
2022: Medalha de prata - 0x3 Itália
2023: Quartas de final - 2x3 China
2024: Semifinal - 2x3 Japão
Qualidade é um quesito que não falta dentro do time de José Roberto Guimarães. O treinador ainda segue como um dos melhores da esfera feminina no mundo, e é o mais pronto hoje para conduzir a Seleção de volta aos caminhos da vitória, os quais conhece bem.
Falta o entendimento do jogo grande. Discernir momentos. Saber que cada ponto é diferente, e que em confrontos nivelados por cima, se você sofre cinco pontos, também tem a capacidade de marcar os mesmos cinco pontos. Compreender que a confiança é crucial para seguir em frente: craques que erram uma virada de bola não podem perder o ritmo; precisam entender que têm aptidão para virar outras três.
É nítido nos olhos de um atleta quando ele está assustado com as condições que o esporte lhe propõe, e quando ele está preparado. A geração atual segue "arregalando os olhos" diante do medo da derrota.
A casca já foi criada, a base está fincada para Los Angeles. As condições são as melhores possíveis para esquecer qualquer tipo de dor. O que machucou tem que ficar em Paris. A partir da disputa do bronze, já se inicia um novo ciclo. Gabi, Carol, Rosamaria, Ana Cristina: nomes que têm perícia suficiente para ficarem marcados na história do vôlei feminino. Mas a história é feita de momentos grandes. Sucumbir ou se tornar o diamante que tanto se investiu. Eis a questão.