‘Gosto de mostrar pras pessoas que elas são capazes’, diz medalhista paralímpica sobre legado

Adria Santos, de 50 anos, é a maior medalhista mulher do Brasil e falou sobre seu legado em entrevista ao Terra Agora

29 ago 2024 - 20h30
Adria Santos
Adria Santos
Foto: Terra

'Eu gosto muito de motivar as pessoas, de incentivar, mostrar pras pessoas que elas são capazes’. A frase é de Adria Santos, de 50 anos, é a maior medalhista paralímpica mulher do Brasil.

A velocista, com deficiência visual, falou sobre sua trajetória, legado e falou sobre os Jogos Paralímpicos de Paris em entrevista ao Terra Agora, nesta quinta-feira, 29.

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Confira a entrevista completa da atleta, agora também comentarista da Paralimpíada:

Terra Agora: Você, Adria, já conquistou 13 medalhas, ocupa o pódio da mulher com mais conquistas paralímpicas do Brasil. Como você entende a sua trajetória até aqui quando se torna uma comentarista

Adria: Eu fico muito feliz por essa oportunidade. É uma representatividade, né? Eu estou aqui, eu estou representando as mulheres, as pessoas com deficiência, o esporte, os atletas paralímpicos. E eu fico muito feliz no porquê que eu estou aqui. É um reconhecimento por toda a minha história como atleta.

Terra Agora: Aliás, fala pra gente um pouquinho sobre a importância do esporte na sua vida.

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Adria: O esporte foi e é tudo na minha vida. Porque o que eu conquistei, o que eu aprendi com pessoas, o esporte foi me ensinando. Até a própria deficiência, quando eu fiquei cega total, que eu nasci com baixa visão, eu já estava no esporte. Isso me fez ter mais autonomia, confiança e as oportunidades de ser uma atleta, de ter resultados, de ser conhecida, de ter oportunidades de estudar, de trabalhar também com o esporte, que é a minha paixão.

Terra Agora: E, na sua visão, o capacitismo é ainda o maior desafio que as pessoas com deficiência enfrentam?

Adria: Eu sempre digo que quando a gente está no meio de pessoas que são acostumadas com as pessoas com deficiência, a gente pensa que mudou muito, a gente acha que mudou. Mas quando a gente sai desse grupo, a gente percebe que ainda tem muito preconceito, capacitismo. Mas o importante é a mídia estar mostrando pras pessoas não a deficiência, mas sim a capacidade que todos nós temos. Tendo uma limitação, porque todos nós temos uma limitação. Às vezes tem medo de algo, tem insegurança pra fazer alguma coisa. E com a deficiência visível, é vista de outra forma.

Terra Agora: Você é uma atleta, comentarista, representando em tantos lugares diferentes. O seu principal legado, Adria, é inspirar as outras pessoas e outras mulheres a seguirem esse caminho. É isso mesmo?

Adria: Com certeza. Eu sou apaixonada pelo atletismo e esse legado que eu quero deixar não só como atleta, mas com o que eu venho fazendo hoje… De trabalhar com criança, de ensinar o atletismo, de motivar pessoas. Tem pessoas que eu treino, que eu já passo treino, porque eu sou bacharel em Educação Física. E eu gosto muito de motivar as pessoas, de incentivar, mostrar pras pessoas que elas são capazes.

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Terra Agora: Qual é o recado que você deixa para os atletas que estão indo pela primeira vez pra Paris, que já estão lá representando o nosso país, você como a maior medalhista do Brasil? Qual é o recado que você passa pra eles?

Adria: A primeira vez sempre dá um friozinho na barriga. Eu sei que os atletas vão sentir isso. Mas eu quero deixar pra todos os atletas muita confiança. Faça o seu melhor. Não queira fazer além do que treinou, porque não vai ter um bom resultado. Mas se os atletas se focarem em fazer o que eles treinaram, dar o seu melhor… a medalha nem sempre é vencer. O que é a medalha? É a gente sair de uma competição com a sensação de que fizemos o nosso melhor. Não tinha mais de onde tirar força, resistência, mas chegou ali com a sensação que eu fiz. ‘Cumpri o meu papel, eu fiz o meu melhor’.

Fonte: Redação Terra
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