Uma recuperação milagrosa. É assim que a triatleta Luisa Baptista se refere ao seu retorno, após ter sido atropelada por uma moto em dezembro passado, durante um treinamento de ciclismo em São Carlos, interior de São Paulo. O que a fez segurar a barra foi querer estar presente nos Jogos de Paris “de alguma forma”, como pontua.
Paris É Delas é o programa oficial do Terra com os principais acontecimentos dos Jogos de Paris, oferecido por Vale. Assista aqui no Terra.
À reportagem, Luisa dá detalhes desse processo de recuperação e ida a Paris -- mesmo que, por enquanto, fora das competições. Confira a entrevista completa, feita pelos correspondentes do Terra em Paris, Aline Küller e Luiz Carlos Pavão, e transmitida no programa Paris é Delas, nesta terça-feira, 30:
Terra: Foi um acidente muito grave que você sofreu em dezembro do ano passado. Hoje, no final de julho, você já está aqui. Era para você estar competindo… Não veio competindo, mas conseguiu de alguma maneira estar presente. Como foi todo esse processo? Um verdadeiro milagre, sua recuperação.
Luisa: Bom, sem dúvida foi um verdadeiro milagre, mas acho que minha maior motivação era estar presente aqui nos Jogos do Paris de alguma forma. E foi isso que fez eu me recuperar. O sonho era tão grande que permaneceu até aqui. E foi isso que fez eu chegar aqui, entendeu? Sem dúvida estou aqui para dar uma força para todos os atletas brasileiros, especialmente do triatlo, mas acho que todo mundo, de modo geral, vai ganhar uma força com a minha presença por aqui.
Terra: Como foi todo esse processo? Meses internada, correndo risco de morte, enfim, o que passou pela sua cabeça e o que te ajudou? Você já falou que era o foco da Olimpíada. Mas na recuperação, passo a passo, detalha um pouquinho para a gente?
Luisa: Eu tinha que pensar no que eu podia fazer dia após dia. Então eu tinha planos. Ah, eu preciso fazer a cirurgia da prótese. Então a meta é ganhar não sei quantos quilos, aumentar a minha força. Aí eu fazia um equipamento que chamava Cybex. Então no Cybex, para mim, foi quase minha Olimpíada. Minha convocação para a Olimpíada foi nesse equipamento. Porque eu sabia que se eu me desempenhasse bem, eu ia vir aqui para Paris. Então realmente me dediquei como se fosse a final, para chegar nas Olimpíadas mesmo.
Terra: E como você se sentiu quando recebeu a liberação do médico? Como foi quando veio a sua convocação?
Luisa: Quando me fizeram o convite, tomaram todo o cuidado. “Luisa, você tem que ter o aval da sua médica, que é a doutora Ludmilla”. Aí a doutora Ludmilla, acho que ela ficou mais empolgada que eu. Ela falou: “Não, até lá você vai estar andando, não tem problema nenhum. Você vai ter feito a prótese antes, não tem problema. Você não vai ter trombose. Você vai tomar um anticoagulante. E você vai estar andando já no avião e tudo mais. Pode ficar tranquila, Luisa”. Então eu tive o aval médico. E puxa, eu fiquei super feliz. Super feliz mesmo.
Terra: Qual é o próximo passo da sua recuperação? O que você vai fazer?
Luisa: Falta uma cirurgia só, que é uma cirurgia na mão. Porque o meu dedo consolidou torto. Então eu vou precisar fazer a cirurgia. Mas é o passo final. Para o triatlo eu estaria no sprint final já.
Terra: Se você estivesse disputando, ainda não tivesse mostrado de recuperação, você cairia nessa água do Rio Sena ou você ia ficar meio receosa?
Luisa: Eu ia cair, porque não ia ter opção mesmo.
Terra: Você já pegou alguma água suja? Alguma coisa que foi... que foi um pouco desagradável, digamos assim. Já encontrou na carreira, em outro lugar, alguma surpresinha não muito legal na água?
Luisa: Ah, já. Eu competi uma prova numa cidade chamada Sunderland, na Grã-Bretanha. E também a água é bem poluída lá. E acho que metade da prova passou mal no dia seguinte. E eu, infelizmente, fui uma das pessoas que passou mal.
Terra: Bom, muito obrigada pela sua entrevista. Boa recuperação. E a gente se vê em Los Angeles, então?
Luisa: A gente se vê em Los Angeles. Valeu, pessoal