Já dá para sentir saudade dos exageros de Galvão Bueno narrando as etapas de ginástica e da euforia de Everaldo Marques ao berrar "você é ridículo" (ou ridícula) quando festejava um brasileiro ou brasileira com medalha.
Acompanhar a Olimpíada de Tóquio na Globo e nos 4 canais SporTV foi terapêutico após 1 ano e 5 meses com a televisão dominada por notícias angustiantes e catastróficas sobre a pandemia de covid-19 no Brasil e no planeta.
A gente precisava desse respiro. Era a hora de voltar a torcer, vibrar, se emocionar com fatos positivos, sentir orgulho de nossos esportistas e novamente sonhar com um mundo melhor. Ilusão? Alienação? Talvez. Que seja. Faz bem a todos nós.
Em um dos momentos mais tensos da história do Brasil, com radicalismos e polarizações a corroer a sociedade, nos unimos pela magia dos esportes. Fomos bronze, prata e ouro. Subimos ao pódio com uns e choramos a derrota de outros. Intensamente humanos.
Vimos surgir novos ídolos e aplaudimos a projeção fantástica da força feminina nos jogos. Testemunhamos discursos comoventes de competidores que venceram a pobreza, o racismo, a homofobia, a descrença e a falta de patrocínio para brilhar em Tóquio.
Com o impedimento de assistir a eventos esportivos em estádios, arenas e ginásios, fizemos do nosso sofá a arquibancada possível. A TV, mais uma vez, cumpriu seu papel de encurtar distâncias e transportar emoções.
A OBS, empresa do COI (Comitê Olímpico Internacional) responsável pela geração de imagens, deu show com câmeras em todos os ângulos imagináveis. O giro em 360 graus ao estilo 'Matrix' e as cenas 'congeladas' valorizaram a técnica e a beleza dos movimentos dos atletas.
Os poucos jornalistas brasileiros enviados ao Japão fizeram um bom trabalho sob as limitações impostas pelo coronavírus. O destaque fica com o repórter Guilherme Pereira e seu choro tocante ao entrevistar o surfista de ouro Ítalo Ferreira.
O slogan da cobertura da Globo e SporTV, 'Despertando o melhor de nós', traduz o que aconteceu: a Olimpíada nos fez sorrir, nos tirou da letargia pandêmica, alegrou nossas noites e madrugadas. Saímos mais leves e otimistas dessa maratona de superação.
Arigatô, Japão. À bientôt, Paris.