A norte-americana Tori Penso sentiu a ira e o bom humor dos brasileiros após a vitória da seleção feminina por 1 a 0 sobre a França, nas quartas de final dos Jogos Olímpicos, no sábado, 3. A árbitra de 38 anos foi a responsável pelo apito no duelo decisivo, e tomou decisões polêmicas, como os quase 19 minutos de acréscimos.
A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.
Antes mesmo do fim da partida, torcedores já reclamavam do tempo de jogo. A situação ficou ainda pior porque inicialmente o previsto eram acréscimos de 16 minutos, que foram ultrapassados.
"Até a França empatar?", questionavam os brasileiros, que logo encontraram as redes sociais de Penso.
Entre os comentários, alguns a chamavam de "pickpocket", termo usado para se referir a grupos que furtam moradores e turistas nas ruas europeias. A expressão viralizou na internet com vídeos de uma mulher italiana que alertava turistas sobre a ação desses grupos.
"Não deu certo né PICKPOCKET?!!!", escreveu uma usuária do Instagram. A alcunha foi usada mais de uma vez: "3° tempo, Pickpocket???". "Não deve tá vendo as mensagens neh?! Ainda tá acontecendo o seus acréscimos", provocou outro.
Pelas semifinais, as brasileiras voltam ao campo na próxima terça-feira, 6, às 16h (horário de Brasília), contra a Espanha. Na outra chave, Alemanha e Estados Unidos disputam vaga na decisão da medalha de ouro.
Como foi o jogo
Foi a primeira vitória do Brasil contra as francesas na história, por isso o triunfo vem com gosto especial de revide. A Seleção Brasileira sofreu em duelos contra as rivais nas duas últimas Copas do Mundo da modalidade, com eliminação nas oitavas de final em 2019 e derrota na fase de grupos em 2023.
No confronto deste sábado, a consistência defensiva do time do técnico Arthur Elias foi suficiente para superar as anfitriãs olímpicas.
A Seleção não pode contar com a camisa 10 Marta e a lateral Antônia, fora dos Jogos após sofrer uma fratura na fíbula da perna esquerda. Além dos desfalques, a equipe brasileira enfrentava um retrospecto desfavorável nas quartas de final: nunca venceu a França nos 12 confrontos já realizados, com cinco empates e sete derrotas.
Com o apoio de mais de 35 mil pessoas no Estádio La Beaujoire, a equipe anfitriã começou em cima do Brasil. Para ilustrar o cenário, Jennifer recebeu cartão amarelo aos 20 segundos de jogo.
Aos três minutos, a equipe brasileira escapou da marcação, e Adriana foi lançada por Thaís, que cruzou da linha de fundo para Yasmim, cujo passe foi interceptado na área. Aos sete, Gabi Portilho fez boa jogada pela direita e cruzou para Gabi Nunes, que cabeceou apertada pela marcação, à esquerda do gol da França.
Aos 11 minutos, Katoto ajeitou de cabeça e deixou Delphine Cascarino livre para entrar na área. A camisa 10 avançou até ser derrubada por Tarciane. A camisa 7 Karchaoui cobrou rasteiro e fraco no canto direito da goleira Lorena, que espalmou para fora.
A perda do pênalti afetou as francesas, que passaram a baixar suas linhas de defesa, permitindo a aproximação - embora sem perigo - das brasileiras. Pouco depois, a França se recobrou e retomou a marcação forte no campo da Seleção Brasileira.
Nas poucas chances em que tinha a bola no campo francês, as jogadoras brasileiras erravam todos os passes, ficando sem chance de ameaçar a goleira Picaud. Faltava alguém que conectasse o meio de campo e o ataque.
Aos 39, a França voltou a ameaçar: Bacha cobrou escanteio da direita, Mbock cabeceou na pequena área e acertou o travessão do Brasil. Foi o último lance de emoção de um primeiro tempo pegado.
Apesar de jogar de igual para igual com as francesas e não deixá-las confortáveis, carecia ao Brasil organização ofensiva e acerto de passes no último terço do campo. Já a França, apesar do apoio da torcida, pouco chegou ao gol de Lorena.
O segundo tempo começou com o Brasil atacando. Aos 29 segundos, Adriana recebeu na direita e cruzou fechado, obrigando a goleira Picaud a dar um tapinha. Yasmim recuperou na esquerda e cruzou para Jennifer, que cabeceou para fora. A França também não dava sorte no ataque: aos cinco, Karchaoui fez boa jogada pelo meio e tentou o passe para Katoto na área, mas mandou muito forte e a bola saiu pela linha de fundo.
O Brasil não conseguia aproveitar as bolas paradas: aos 11, Duda Sampaio cobrou escanteio da direita, e a defesa da França cortou de cabeça. Aos 14, Cascarino cruzou da direita na pequena área, Katoto subiu sem marcação, mas cabeceou por cima do travessão. A França tinha o domínio do jogo naquele momento - o Brasil mostrava muita dificuldade com a bola nos pés.
Aos 17, Kerolin tomou a bola de Wendie Renard na frente da área e rolou para Gabi Portilho, que chutou cruzado, à direita do gol francês. As anfitriãs aumentaram a pressão à medida em que o segundo tempo se esvaía, mas o resultado era sempre improdutivo.
No contra-ataque, aos 37, a defesa da França se atrapalhou, Gabi Portilho aproveitou a indecisão, entrou livre na área e chutou na saída de Picaud. O Brasil abriu o placar e ia eliminando as francesas em casa apesar das dificuldades ofensivas.]
A França partiu para o desespero e perdeu ainda mais na hora de atacar e guardar posições. O que dava mais chance de contra-ataques para o Brasil. Aos 45, Gabi Portilho ganhou um presente da goleira Picaud, entrou livre na área e chutou rasteiro, na trave esquerda francesa.
A juíza anunciou 16 minutos de acréscimos e começou a inverter as laterais para a equipe francesa. Logo uma confusão tomou conta do gramado, mas terminou com cartões amarelos para Gabi Portilho (Brasil) e Diani (França), respectivamente.
O jogo ganhou ares de várzea, com chutes para cima e total falta de tática complementada com muita vontade e correria. Aos 55, após lançamento para a área do Brasil, a bola ficou no bate-rebate, Mbock tentou a conclusão, a bola bateu em duas jogadoras do Brasil e ficou com a goleira Lorena.
*Com informações de Estadão Conteúdo