Com apenas 13 anos e 7 meses de idade, Rayssa Leal fez história pelo Brasil ao conquistar a medalha de prata da prova de street do skate dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na madrugada desta segunda-feira (horário de Brasília), início de tarde no Japão. Ela se tornou mais jovem medalhista olímpica do País em todos os tempos e também escreveu o seu nome como uma das mais precoces atletas a subir no pódio de uma Olimpíada.
Na história olímpica do Brasil, ela quebrou o recorde que pertencia à Rosângela Santos, que foi medalhista de bronze no atletismo dos Jogos de Pequim-2008 com apenas 17 anos, 8 meses e 2 dias. Ela fez parte da equipe do revezamento 4x100m feminino que terminou a final da prova em quarto lugar, mas que anos depois herdou o bronze por causa da punição por doping aplicada à Rússia. A equipe russa tinha conquistado o ouro daquela disputa na pista, mas teve o seu resultado desqualificado.
Ainda com um corpo de criança, além do constante sorriso no rosto durante a final da madrugada desta segunda-feira, Rayssa não se intimidou com a pressão de uma decisão olímpica e repetiu a prata que o brasileiro Kelvin Hoefler conquistou na final masculina do street, um dia antes. E ao atingir o seu feito histórico, ela fez questão de lembrar das outras meninas que também representaram o Brasil nas eliminatórias, Pâmela Rosa e Leticia Bufoni, que acabaram ficando fora da disputa por medalhas.
"Estou muito feliz porque eu pude representar todas as meninas, a Pamela e a Letícia, que não conseguiram se classificar para a finais. É muito gratificante! E eu pude estar realizando o meu sonho, de ganhar uma medalha. É uma realização para mim e para os meus pais", destacou Rayssa, em entrevista para a TV Globo depois de faturar a medalha de prata.
Um pouco mais tarde, com a medalha no peito, ela destacou: "Eu não consigo nem explicar essa sensação". "Todo o esforço que a minha mãe fez, essa medalha é muito especial para mim. No início minha mãe e meu pai me apoiavam... Essa medalha é para todo mundo", reforçou, para em seguida lembrar a importância de estar representando as mulheres com uma conquista que já é um marco na história olímpica. "Como acontece no futebol, no handebol, estamos provando que o skate não é um esporte só para meninos", engatizou.
Letícia Bufon, por sua vez, ficou torcendo para Rayssa na final depois de ter sido eliminada nas eliminatórias e vibrou muito com o feito da sua jovem compatriota. "Ela representou o skate feminino e o Brasil muito bem. Foi demais, eu estava torcendo por ela e estava mais nervosa do que quando eu estava competindo nas eliminatórias. Fiquei emocionada agora por eu ter sido uma inspiração para ela e agora eu digo que ela é uma inspiração para mim", destacou Letícia, também em entrevista para a TV Globo.
Ao comentar o fato de que a sua companheira de seleção de skate estava torcendo para ela, Rayssa também ressaltou: "Desde o início eu sempre vi a Letícia como uma inspiração para mim".
Outro feito histórico
A menina de 13 anos também alcançou outro grande feito gigante ao levar a prata no skate em Tóquio, pois se tornou a terceira mais jovem medalhista olímpica de todos os tempos. Segundo registros dos Jogos, a mulher mais jovem a ir ao pódio olímpico é a italiana Luigina Giavotti, com 11 anos. Ela foi prata por equipes na Olimpíada de 1928, em Amsterdã, na Holanda.
Depois da italiana, a segunda mais precoce a conquistar uma medalha olímpica é a dinamarquesa Inge Sorensen, que, com apenas 12 anos, ganhou o bronze na natação na prova dos 200 metros peito nos Jogos de Berlim-1936, na Alemanha.
Já o mais jovem competidor, entre homens e mulheres, a subir no topo do pódio é a norte-americana Marjorie Gestring, que levou o ouro nos saltos ornamentais com apenas 13 anos, também em Berlim-1936.