'Se não for sofrido não é o povo brasileiro', diz Rafaela Silva sobre trajetória de redenção

Judoca deu a volta por cima após suspensão por doping e conquistou a medalha de bronze por equipe

6 ago 2024 - 06h24
"Eu sabia que eles precisavam de mim", diz Rafaela Silva sobre conquista do bronze por equipes no judô
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Todo capítulo da história de Rafaela Silva parece que sempre vem acompanhado de alguma redenção. A judoca nasceu na Cidade de Deus, comunidade carente do Rio de Janeiro, viu o esporte transformar a sua vida, mas nunca deixou de encarar uma montanha-russa de emoções. Se parecia que o ápice dessas reviravoltas foi a conquista do ouro olímpicos nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, após uma desclassificação polêmica quatro antes em Londres e vários ataques racistas, ela voltou a mostrar a sua força para escrever mais uma página do seu livro em Paris.

  • A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.

Rafaela Silva ficou fora da Olimpíada de Tóquio por causa de uma punição de dois anos após suspensão por doping. Durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, ela testou positivo para Fenoterol, substância com efeito broncodilatador que causa o aumento de performance. No ciclo para os Jogos de Paris, conquistou o título mundial e chegou entre as favoritas para subir o pódio. Acabou derrotada na semifinal e perdeu o bronze em uma desclassificação confusa.

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Só que a história da judoca de Cidade de Deus não pode acabar só em lágrimas. Coube a ela a responsabilidade de brilhar e fechar a disputa pelo inédito bronze em equipe. Muito choro e festa ao lado dos companheiros. Por que a vida sempre parece mais difícil para Rafaela Silva?

“Se não for sofrido não é o povo brasileiro. O que me faz não desistir é saber o quanto eu inspiro outras pessoas, assim com o judô mudou a minha vida, se eu puder inspirar as crianças para transformar a vida delas, esse é o meu objetivo. Deixar um legado para a próxima geração”, explicou a própria Rafaela Silva em entrevista exclusiva ao Terra.

Rafaela Silva
Rafaela Silva
Foto: Alexandre Loureiro/COB

Após a derrota no individual, a campeã olímpica de 2016 fez uma postagem nas redes sociais e revelou que pensou em desistir da vida durante a suspensão por doping porque o judô sempre foi a vida dela. Durante esse período, ela não podia nem ter contato com a própria irmã, Raquel, que é treinadora de judô, e a regra não permite que um atleta suspenso conviva com pessoas do meio esportivo.

Durante esse período, Rafa buscou forças no trabalho mental e nas pessoas próximas, e agora comemora o resultado: “Fico feliz de conseguir dar a volta por cima, voltar aqui oito anos depois da minha última Olimpíada, e mais feliz ainda por sair com uma medalha olímpica novamente.”

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E será que ela pensa em aposentadoria? Nada disso! “Meu objetivo e meu foco é não parar depois de Paris. Eu quero fazer Los Angeles, mas tem todo o processo. Vou descansar meu corpo e recuperar meu joelho”, declarou.

A pupila de Flávio Canto ainda pretende dar mais orgulho para o fundador do Instituto Reação, onde foi revelada, após dar muita dor de cabeça. “O Flavio foi sempre muito certinho, eu era uma atleta muito bagunceira, um pouco irresponsável, ele sempre tentava me colocar na linha, eu sempre tentava fugir. Eu sempre falava: “Professor, o Flávio é chato, chato...”. Mas é o chato necessário para gente entrar na linha e ir em busca de nossos objetivos.”

Fonte: Redação Terra
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