O surfe se consolida cada vez mais como um esporte de sucesso no âmbito mundial. No Brasil o cenário é ainda mais animador, com muitos títulos e recordes sendo conquistados por atletas que mudaram os rumos da história das prancha. A temporada 2024 foi a segunda a ter o surfe como modalidade olímpica, e isso auxilia na popularização dos eventos.
Para chegar em Teahupo'o, o time brasileiro precisou batalhar duro e contou com o trabalho em equipe para maximizar o número de surfistas disputando as medalhas. Além disso, as ondas gigantes foram palco de ótimos resultados alcançados por competidores brasileiros. No entanto, a campanha na elite WSL foi abaixo do esperado, e o destaque ficou para a divisão de acesso.
O início da trajetória foi chocante para a "Brazilian Storm" em Pipeline. As quedas precoces e a falta de representantes nas fases agudas da primeira etapa do Championship Tour já davam indícios de que 2024 seria um ano incomum para o grupo. O decorrer da temporada confirmou a perspectiva nada animadora apresentada no Havaí. Apenas quatro surfistas se classificaram para a segunda metade da elite da WSL e somente dois tiveram a chance de brigar pelo título no Finals. Italo Ferreira terminou na vice-colocação do mundial, enquanto Tati Weston-Webb concluiu na terceira posição do ranking.
Durante a temporada regular da WSL, a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris levou o surfe a um patamar elevado de audiência. Isso se deve, em parte, a uma icônica foto de Gabriel Medina tirada durante o terceiro round da competição. O atleta saiu de um tubo, decolou jogando a prancha para o alto, e o fotógrafo francês Jerome conseguiu captar o momento perfeito em que Medina levanta o dedo comemorando a manobra.
No caso especial do surfe as baterias foram disputadas no Taiti, em uma das melhores ondas do mundo. Antes disso, muitos atletas se deslocaram a Porto Rico em março para treinar ou tentar se classificar às Olimpíadas. O ISA Games garantia vagas de forma individual e coletiva. Gabriel Medina foi campeão de etapa em Arecibo e se juntou a Filipe Toledo e a João Chianca no time masculino. Já garantida em Teahupo'o, Tati Weston-Webb conquistou o vice-campeonato e auxiliou Luana Silva a se somar a Tainá Hinckel para compor o trio feminino.
As condições do mar em Teahupo'o deixaram a desejar e quem mais sofreu com isso foi Medina. Depois de uma seminal em que não conseguiu subir duas vezes na prancha para somar pontos, o tricampeão mundial de surfe conquistou a medalha de prata com uma performance espetacular. A categoria feminina contou o brilho de Webb que, com muita polêmica de arbitragem, perdeu a final e ficou com a medalha de bronze nas Olimpíadas. O Brasil é o país que conquistou mais medalhas na modalidade, que ainda tem na bagagem a histórica medalha de ouro de Italo Ferreira em 2021.
Uma modalidade do surfe que deixa os fãs com o coração na boca é a de ondas gigantes. Pedro Scooby e Lucas Chumbo são os grandes destaques da categoria, e 2024 foi um ano de sucesso para ambos. Em julho, Chumbo conquistou o Campeonato Brasileiro em Santa Catarina. Na categoria feminina o título ficou com Michelle Des Bouilons. Chegando a outubro, os atletas brilharam tanto em território nacional, como no cenário europeu. Chumbo e Scooby venceram a etapa de Itacoatiara, em Niterói, e também brilharam fora de casa.
A famosa onda de Nazaré foi dominada pelo time brasileiro. Em janeiro, a dupla venceu o principal campeonato de ondas gigantes do mundo nas águas portuguesas. Chumbo, ainda por cima, foi o dono da melhor performance individual, e Maya Gabeira levou a disputa feminina. Lucas Chumbo mostrou que realmente estava em uma campanha mágica e venceu a categoria "Maior Onda do Ano", em evento disputado em outubro.
Fechando a temporada 2024 de surfe, o Challenger Series da WSL pediu passagem e os brasileiros tiveram uma ótima performance. Seis atletas garantiram vaga na elite de 2025 e Samuel Pupo foi campeão da divisão de acesso no mesmo ano em que sofreu um surpreendente "rebaixamento" no CT.