Antes do começo dos Jogos Olímpicos, o Japão temia que o evento, com milhares de autoridades, jornalistas e atletas aterrissando em Tóquio durante a pandemia, espalhasse a Covid-19, introduzisse novas variantes e sobrecarregasse o sistema de saúde.
Mas com os Jogos chegando ao fim, os números de infecções dentro da "bolha" olímpica - um combinado de locais de competição, hotéis e centro de imprensa ao qual as pessoas que vieram para os Jogos ficaram praticamente confinados - contam uma história diferente.
Com mais de 50.000 pessoas, o que foi possivelmente o maior experimento global desse tipo desde o começo da pandemia parece ter, no geral, funcionado, afirmam organizadores e alguns cientistas, com apenas uma fração dos envolvidos infectada.
"Antes da Olimpíada, pensei que as pessoas viriam ao Japão com muitas variantes e Tóquio seria um caldeirão do vírus e que alguma nova variante sairia de Tóquio", afirmou Kei Sato, pesquisador sênior da Universidade de Tóquio.
"Mas não houve chance para o vírus sofrer mutação".
A principal razão para o número baixo de infecções foram a taxa de vacinação de mais de 70% entre os atletas olímpicos, organizadores e membros da imprensa, testes diários, distanciamento social e a proibição de espectadores locais e internacionais, disseram organizadores.
Brian McCloskey, principal assessor da "bolha" para os organizadores da Olimpíada, disse que não destacaria nenhuma medida específica que funcionou melhor.
"É tudo um pacote. É um pacote que funciona de forma mais eficaz e acho que ainda será a mensagem depois dos Jogos e ainda é a mensagem, independentemente das vacinações", disse McCloskey, em entrevista coletiva neste sábado.
Os organizadores registraram 404 infecções relacionadas aos Jogos desde 1º de julho. Eles realizaram quase 600.000 testes, com uma taxa de infecção de 0,02%.
A situação dentro da "bolha" foi um contraste forte com o lado de fora, onde um surto de infecções alimentado pela variante Delta levou a um recorde de casos diários, pela primeira vez superando 5.000 na cidade-sede, o que ameaça sobrecarregar os hospitais de Tóquio.