Você sabe como surgiu a vela? Ela apareceu como uma modalidade de esporte pela primeira vez na Inglaterra, no século XVII, quando o rei Carlos II teve a oportunidade de velejar e aprender sobre a prática ao ser exilado na Holanda. Na época, existia uma espécie de barco chamado “jaghtstchip” que, além de atender aos interesses comerciais, passou a ser usado para pequenas viagens internas, no transporte de cargas e para exercitar jovens marinheiros.
Encantado, ao voltar para o seu país o rei se dedicou a organizar competições e transformar o que antes era um meio de transporte, em esporte. Tempos depois, em 1851, a modalidade se popularizou e se concretizou na história com o início das primeiras regatas internacionais, marcado pelo surgimento da America’s Cup, quando membros do New York Yacht Club dos EUA viajaram da América do Norte até a Inglaterra e venceram a disputa.
Sendo assim, a vela é um dos esportes mais tradicionais dos Jogos Olímpicos, fazendo parte da competição desde a primeira edição da Era Moderna, realizada em Atenas, em 1896. Como naquele ano não houve prova devido ao mau tempo, a primeira disputa do esporte a vela foi em Paris, em 1900. No Brasil, o esporte se instaurou em 1906, com o Iate Clube Brasileiro, mas o primeiro campeonato só ocorreu em 1935.
Como funciona o esporte à vela?
As competições possuem entre 10 e 12 regatas, o que varia conforme a classe disputada, além de uma medal race, que dá pontuação dobrada aos atletas. É importante ressaltar que, diferentemente da maioria dos esportes, o sistema de pontuação da vela é invertido, sendo que ganha aquele que acumular menos pontos. Cada velejador pode descartar sua pior pontuação em uma regata.
O percurso das regatas é definido pela organização, sendo traçada uma linha imaginária com dois barcos para definir os pontos de largada e chegada. Se não houver vento, a disputa pode ser adiada ou até cancelada. Outros fatores climáticos também influenciam no esporte.
Além disso, todas as embarcações de uma mesma classe são, obrigatoriamente, de dimensões idênticas, fazendo com que o resultado da prova dependa exclusivamente do talento e da estratégia dos competidores.
Modalidades de vela
Existem 100 classes diferentes na modalidade vela, mas nem todas fazem parte do programa olímpico, que muda com frequência. Nos Jogos de Paris, poderemos ver os atletas competirem em dez classes, que são definidas pelo tipo de barco, vela, e outras especifidades. São elas: Laser, Laser Radial, 49er, 49erFx e Nacra 17 (modalidades que estiveram presentes em Tóquio 2020) e a Fórmula kite (masculino e feminino), IQFoils (masculino e feminino) e a 470 mista são as novidades dessa edição.
Regras da vela
Na Olimpíada são aplicadas as regras da World Sailing, a Federação Internacional de Vela, que diz que todos os velejadores devem partir do mesmo ponto e fazer o mesmo percurso.
Além disso, há regras de ultrapassagem:
- Se os barcos estiverem recebendo vento por lados diferentes, o que está à esquerda deve dar passagem ao da direita.
- Se ambos os barcos estiverem recebendo vento do mesmo lado, um ao lado do utro, o que recebe o vento primeiro deve liberar a passagem.
- Se os barcos estiverem recebendo vento do mesmo lado, sem estarem lado a lado, o que está atrás dá passagem ao que está na frente.
Brasil na Olímpiada
Apesar de não ser o mais popular entre os brasileiros, a vela tem dado muito orgulho ao país, sendo um dos esportes mais tradicionais, principalmente em número de medalhas e nomes de atletas prodígios. Esta é a modalidade que mais rendeu medalhas ao Brasil, sendo oito ouros conquistados, de um total de 19 medalhas olímpicas.
A história no esporte foi escrita por diversos ídolos olímpicos em diversas edições dos Jogos. Alguns responsáveis pelo sucesso da modalidade são Eduardo Penido, Marcos Soares, Robert Scheidt e Marcelo Ferreira, entre muitos outros. Mais recentemente, quem desponta como uma das maiores duplas de todos os tempos são Martine Grael e Kahena Kunze, bicampeãs olímpicas no Rio 2016 e em Tóquio 2020.
Nesta edição, o Brasil irá disputar oito provas com 12 atletas.
Veja o quadro de medalhas do Brasil na vela:
Ouro
- Moscou 1980: Eduardo Penido e Marcos Soares (470)
- Moscou 1980: Alexandre Welter e Lars Björkström (Tornado)
- Atlanta 1996: Robert Scheidt (Laser)
- Atlanta 1996: Marcelo Ferreira e Torben Grael (Star)
- Atenas 2004: Robert Scheidt (Laser)
- Atenas 2004: Marcelo Ferreira e Torben Grael (Star)
- Rio 2016: Martine Grael e Kahena Kunze (49er)
- Tóquio 2020: Martine Grael e Kahena Kunze (49er)
Prata
- Los Angeles 1984: Torben Grael, Daniel Adler e Ronaldo Senfft (Soling)
- Sydney 2000: Robert Scheidt (Laser)
- Pequim 2008: Bruno Prada e Robert Scheidt (laser)
Bronze
- Cidade do México 1968: Burkhard Cordes e Reinaldo Conrad (Flying Dutchman)
- Montreal 1976: Peter Ficker e Reinaldo Conrad (Flying Dutchman)
- Seul 1988: Torben Grael e Nelson Falcão (Star)
- Seul 1988: Clinio Freitas e Lars Grael (Tornado)
- Atlanta 1996: Kiko Pelicano e Lars Grael (Tornado)
- Sydney 2000: Marcelo Ferreira e Torben Grael (Star)
- Pequim 2008: Fernanda Oliveira e Isabel Swan (470)
- Londres 2012: Bruno Prada e Robert Scheidt (star)