Vôlei do Brasil é favorito nos Jogos de Tóquio, diz Murilo

Jogador do Sesi-SP comenta as chances das seleções nacionais na Olimpíada e lamenta a crise da modalidade no País

20 mar 2020 - 07h11
(atualizado às 09h16)

O veterano Murilo Endres, jogador de 38 anos de vôlei do Sesi-SP, se reencontrou na posição de líbero. Acostumado à nova função, ele garante que não pensou ainda em sua aposentadoria e que a nova função o ajudou a ter uma longevidade maior na carreira. Preocupado com a situação do vôlei nacional, ele gostaria de a modalidade tivesse mais possibilidades de transmissão na TV aberta e aposta que o Brasil vai brigar pelo pódio nos Jogos Olímpicos, no masculino e no feminino.

Murilo Endres, jogador de vôlei do Sesi-SP
Murilo Endres, jogador de vôlei do Sesi-SP
Foto: Divulgação/ Sesi-SP / Estadão Conteúdo

Como está sendo jogar como líbero?

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Hoje já não é uma posição mais tão nova para mim. Para ser sincero, ainda é desconfortável não poder atacar ou pontuar, mas tenho me adaptado cada dia mais à função. Muitas vezes o Rubinho faz o revezamento com o Pureza, ele joga na parte de defesa, eu fico mais no passe, e por causa das lesões que o time teve eu tenho feito tudo, o que me dá mais tempo de quadra e isso é bom. Ainda tenho a evoluir porque são apenas dois anos e meio exercendo a função, mas é no dia a dia e jogando, acertando e errando, que vou melhorar.

Como você vê esse momento de dificuldade financeira no vôlei brasileiro?

Isso está ocorrendo no esporte em geral. Tivemos um boom em 2016 por causa da Olimpíada e era um pouco natural que caísse o investimento em 2017, porque os Jogos do Rio já tinham acabado. O vôlei sempre manteve um nível porque temos muita tradição olímpica, é considerado o segundo esporte no Brasil atrás do futebol, mas é sempre triste ouvir notícias de que os clubes não estão pagando, ou de que o patrocinador vai sair. Não é fácil repor e isso é ruim para o mercado, porque é uma equipe inteira que terá de se dividir para as outras, ou os jogadores terão de ir para o exterior. Tem jogador que está lá fora querendo voltar, então seria ótimo que a gente tivesse mais possibilidades, uma Superliga B com mais equipes e que todo mundo estivesse feliz. Mas essa realidade do País e do esporte. A gente precisaria de mais visibilidade, para poder vender melhor nossa modalidade. Espero que a CBV consiga trabalhar com isso.

Você tem uma longa vivência no vôlei. Tem alguma ideia do que possa ser feito?

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Infelizmente a TV aberta influencia muito. Teria de fazer até um tipo de investimento por parte da CBV para a gente ter um mínimo de um jogo na semana. A TV Cultura está passando os jogos desta temporada, mas precisamos fortalecer a marca, pegar um dia específico de vôlei. A gente sabe que na quarta e no domingo tem rodada do futebol, então o vôlei precisa ter uma rodada no masculino e outra no feminino durante a semana para fidelizar o público. E também investir mais em atrativo no ginásio, a gente precisa dessa torcida. Tudo isso ajudaria.

Como está seu projeto de carreira?

A função de líbero me deu mais tempo de voleibol. Esse é um período que a gente começa a tomar decisões, a diretoria do Sesi-SP já está começando a se mexer, conversar, pensar no time do ano que vem. Sempre me coloquei à disposição para continuar no Sesi-SP, seja dentro de quadra ou do lado de forma, que seja um processo natural, mas ainda não foi tomada nenhuma decisão. Depois da Superliga a gente deve sentar para conversar.

Você acha que tem chance de representar o Brasil nos Jogos de Tóquio?

Chance todo mundo tem porque não sabemos o que vai acontecer. Mas acho que o Thales, nos últimos anos, fez todo o ciclo olímpico, é um cara de confiança do Renan (Dal Zotto, técnico da seleção masculina) e de todos os jogadores, o Maique está junto nessa briga. É natural que essa vaga de Tóquio fique entre os dois.

A Jaqueline, sua mulher, vinha em ótima fase na Superliga. Acha que ela tem chance de ser convocada?

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Foi uma bela uma surpresa, ainda mais depois de uma temporada sem jogar. Ela voltou muito bem, não é a primeira vez que ela faz isso, e virou uma dor de cabeça para o Zé Roberto (Guimarães, técnico da seleção feminina). Ele que se vire para montar a seleção feminina para os Jogos Olímpicos.

Você acha que o Brasil pode conquistar medalhas em Tóquio?

Acredito, o Brasil se credencia a isso. Não tem como não colocar o Brasil como favorito. Diria que o masculino um pouco mais, pelo resultado de 2016, quando foi ouro nos Jogos do Rio, pelo vice mundial em 2018, então se manteve em um caminho vitorioso. Talvez seja esse o perigo, pois a gente espera muito dessa seleção, e isso aumenta a pressão. Mas é natural que a seleção masculina brigue pelo ouro. A feminina tem muita tradição e experiência, começando pelo banco, pois o Zé Roberto é um cara que sabe o que fazer em uma Olimpíada. Espero que ele consiga montar o melhor grupo possível e que o Brasil brigue pelo ouro mais uma vez.

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