A saída do Reino Unido da União Europeia deve mexer consideravelmente com o futebol inglês nos próximos anos e os jogadores brasileiros podem se beneficiar da nova realidade que desenha na "Terra da Rainha". Apostando nisso, a YMU Group, empresa responsável pelo agenciamento de atletas e artistas, já fixou escritório no Brasil, mais precisamente em São Paulo.
O pensamento do grupo inglês tem como base a restrição que deve haver para a entrada de jogadores de outros países europeus, por exemplo, franceses, espanhóis e italianos, que não seriam mais considerados comunitários, segundo a leitura fria do processo de separação. A saída do Reino Unido foi efetivada no início de 2020, porém atualmente vive-se um período de transição
Sendo assim, o rígido sistema de aprovação de vistos de trabalho na Inglaterra valerá também para atletas da comunidade europeia, o mesmo que vale hoje para atletas que não possuem passaporte europeu. Para esses, há um critério de relevância para aprovar ou não a contratação. Assim a dificuldade de contratar um bom jogador no Brasil ou na França pode ser o mesmo.A tendência é que haja um afrouxamento desse rigor e que seja adotado um sistema que já acontece em outros país e que restringe o número de vagas no elenco para atletas que não possuem passaporte inglês ou europeu. Segundo Emmanuel Adewole, responsável pelo braço brasileiro da YMU Group, isso deve acontecer em breve como forma de não prejudicar a Premier League.
- É bem provável que após o Brexit a Inglaterra adote um sistema semelhante ao de outros países da Europa que funcionam com uma base de vagas não europeias ou comunitárias. Assim podendo ter três atletas não detentores de passaporte europeu ou inglês - disse o empresário.
É aí que os jogadores e os clubes brasileiros podem levar vantagem. A YMU acredita que em um universo mais restrito de escolha, os atletas nascidos no Brasil, por ainda se destacarem com uma técnica diferenciada, tendem a ser escolhidos pelos times da Premier League, que teriam que lançar mão de apostas mais certeiras. Sem contar que os custos das transferências seriam bem menores dos que os praticados com aqueles que jogam na Europa.
- Acreditamos que a nossa presença no Brasil vai sim abrir um caminho mais direto para a Premier League, sem dúvida. Nós sabemos que o Brasil é o maior formador de talentos no futebol, isso é estatisticamente provado. Com a possibilidade de levarmos jogadores brasileiros para a Inglaterra em função do Brexit, aumentou ainda mais o nosso desejo de termos a nossa sede sul-americana no Brasil - afirmou Emmanuel.
Atualmente, a Inglaterra é o país da elite europeia que mais "abriga" gols de jogadores brasileiros, algo que era inimaginável há algumas temporadas, pela relevância dos atletas que atuavam na Itália, na Alemanha, na Espanha, e até na França. Em 2009/2010 eram apenas 33 gols de jogadores nascidos no Brasil por times ingleses, número bem inferior ao daqueles atuando nos outros quatro países da elite. Na temporada 2019/2020 são 95 tentos até aqui.
Gols brasileiros em 2009/2010
Itália - 126 brasileiros
Alemanha - 121 gols brasileiros
França - 100 brasileiros
Espanha - 92 gols brasileiros
Inglaterra - 33 gols brasileiros
Gols brasileiros em 2019/2020
Inglaterra - 95 gols brasileiros
Espanha - 63 gols brasileiros
França - 49 gols brasileiros
Itália - 35 gols brasileiros
Alemanha - 31 gols brasileiros
- A inserção de treinadores estrangeiros tornou o futebol inglês mais aberto a jogadores de todas as partes do mundo. De forma história o futebol inglês era extremamente focado em jogadores ingleses, porém com essa mudança na abertura para técnicos italianos (grandes fãs do futebol brasileiro), portugueses, etc., a procura por jogadores brasileiros vem aumentando - explicou Adewole, representante da YMU no Brasil.
A pandemia de coronavírus acabou adiando o processo de mudanças no futebol inglês. A YMU acreditava que o afrouxamento já começaria a acontecer na janela de transferências no meio deste ano, no término da temporada 2019/2020. Emmanuel Adewole, no entanto, não restringe somente a isso as mudanças provocadas pelo vírus, para ele o mercado sofrerá um impacto.
- Acho que haverá mudanças sim, não creio que valores como os de 130, 200 milhões que temos visto nos últimos anos com certa frequência vão prevalecer. Creio que essa pandemia irá mudar a forma que os clubes investem e também irão ponderar mais nos seus investimentos - concluiu o empresário.