O Brasil se despediu de Maguila, lenda do boxe brasileiro, que morreu aos 66 anos. Nesta sexta-feira, 25, o pugilista foi homenageado em um velório aberto ao público realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Dois dos três filhos do lutador estiveram na cerimônia e falaram sobre a partida.
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À imprensa, Júnior Ahzura, 32, ressaltou que Maguila estava bastante debilitado em seu quadro clínico nas últimas interações que tiveram mas que, mesmo com a piora da doença, a encefalopatia traumática crônica (ETC), o pai continuava 'leve a brincalhão'.
"Ele tem essa característica de uma pessoa solta, brincalhona. Eu acho que ele seguiu assim a vida inteira, e por mais que ele estava sentido dores, desconfortos, enfim, dentro do quadro dele ele estava ali presente mesmo. Tivemos algumas conversas na qual ele estava sentindo uma falta de força pra continuar lutando. Nas últimas conversas parecia que ele estava jogando a toalha. Mas ele lutou muito, literalmente", afirmou Ahzura, que é responsável pelo acervo e pelas redes sociais de Maguila.
Já Adenilson Lima dos Santos, filho mais velho do boxeador, exaltou o cuidado de Irani Pinheiro, esposa de Maguila, com o marido: "O que fica da memória do meu pai para mim foi essa mulher guerreira, que desde sempre o acompanhou. Desde sempre fortaleceu ele. Até quando ele queria desistir ela dava força pra ele continuar".
"Mesmo ele sendo turrão, ignorante, ela sempre acompanhou ele e nunca abandonou ele de maneira nenhuma. Você vê que ela está aqui e um monte que falava dela não está nenhum aqui. Aí que nós vemos a verdade de quem é quem. Sempre lutou ao lado dele até as últimas consequências, lutou até onde ela não pôde lutar ela estava lutando com ele", falou Adenilson sobre a madrasta.
Homenagem a Maguila
O velório do lutador José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, que morreu aos 66 anos, aconteceu na manhã desta sexta-feira, 25, no prédio da Alesp. A cerimônia foi aberta ao público das 8h às 12h. Na sequência, o corpo de Maguila seguiu em cortejo para São Caetano do Sul (SP), onde recebeu um cerimonial na Ossel.
O ex-peso-pesado e lenda do boxe brasileiro faleceu na quinta-feira, 24. A informação foi confirmada pela esposa de Maguila, Irani Pinheiro.
Nascido em Aracaju, Maguila se mudou quando jovem para São Paulo e, desde cedo, trabalhou na construção civil. Praticava boxe em seu tempo livre, de maneira improvisada, muitas vezes usando pneus para praticar seus golpes.
No entanto, se destacou como boxeador até que chamou a atenção do jornalista e empresário Luciano do Valle, que passou a assessorar o jovem lutador. Foi por meio dessa parceria que José Adilson passou a treinar com o renomado treinador norte-americano Angelo Dundee, que dirigiu lendas do boxe como Muhammad Ali, George Foreman e Sugar Ray Leonard.
O lutador ganhou a alcunha de Maguila devido às semelhanças com o personagem de desenho animado Magilla Gorilla, da Hanna-Barbera. Em sua carreira, Maguila construiu um cartel de 85 lutas, com impressionantes 77 vitórias, sendo 61 por nocaute, sete derrotas e um empate.
Além de campeão brasileiro, levantou os títulos Sul-Americano, Latino-Americano, foi campeão das Américas, pentacampeão continental e campeão mundial pela Federação Mundial de Boxe (WBF).
Nos ringues, o brasileiro ficou frente a frente com outras duas lendas do boxe, Evander Holyfield, com quem disputou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe, e George Foreman. Ele acabou nocauteado em ambos os combates. Em 2000, Maguila encerrou a carreira como boxeador profissional ao ser derrotado por Daniel Frank.
Em 2013, Maguila foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica (ETC), conhecida como 'demência pugilística', uma doença degenerativa semelhante ao Alzheimer e provocada pelos repetidos golpes sofridos na cabeça. Ele estava internado em uma clínica de Itu, no interior de São Paulo.