Uma delegação do governo nepalês iniciou negociações com os sherpas nesta quinta-feira no acampamento base do Everest para atenuar a crise provocada pela avalanche fatal que matou 16 guias.
As negociações ocorrem no momento em que três novas agências de alpinismo cancelaram suas expedições ao Everest por razões de segurança, mas também por medo da violência nos acampamentos de base.
Os sherpas, muito comovidos pela morte de seus 16 colegas na última sexta-feira e irritados com a pequena indenização oferecida, anunciaram na terça-feira que desistiram da temporada para subir ao "topo do mundo".
O governo tenta desde então encontrar uma solução, para que retomem o trabalho, apesar dos muitos cancelamentos de expedições ao Everest, incluindo a da agência americana RMI Expeditions, que justificou a decisão devido ao "maior risco do que possibilidade de êxito".
Por outro lado, a Peak Freaks, do alpinista canadense Tim Rippel, descreve um clima tenso no acampamento base, já que há um grupo de sherpas que deseja cancelar a temporada e que ameaçam aqueles que querem continuar o trabalho.
Os sherpas fornecem um apoio fundamental para escalar a maior montanha do mundo, transportando produtos e materiais, mas também equipamento de escalada e fixando as cordas para ajudar os seus clientes a chegar ao cume de 8.848 metros.
O governo concedeu uma permissão de acesso a 734 pessoas nesta temporada, incluindo 400 guias, para um total de 32 expedições ao Everest. Os alpinistas pagam dezenas de milhares de dólares para uma expedição ao topo do mundo.
Os sherpas - o nome de um grupo étnico conhecido por suas habilidades nas tarefas de montanha - ganham entre 3.000 e 6.000 dólares por temporada, mas são mal amparados por seguros. Também pedem ao governo uma indenização de US$ 10.000 para as famílias dos guias mortos, ou para aqueles que foram feridos e que não podem mais trabalhar.
Mais de 300 pessoas, a maioria sherpas, morreram nesta montanha desde a primeira ascensão em 1953 por Edmund Hillary e Tenzing Norgay.