O Paulistão, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil têm o mesmo valor para Abel Ferreira. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, antes da final do Paulistão, ao lado do treinador corintiano Ramon Díaz, o técnico do Palmeiras usou uma frase do rival, que disse que o Corinthians dará a vida no domingo, para reforçar o pensamento de que o título estadual é muito importante, ainda mais tratando-se de um Dérbi.
"Esse título vale, e vale muito. Vale o mesmo que o Brasileirão, que uma Copa do Brasil. Dá o mesmo trabalho, exige a mesma dedicação. Mas muitos de vocês nem falam do título que ganhamos ano passado. Muitos vocês até se esquecem, dizem: 'O Palmeiras não ganhou nenhum título'. Vale, vale e muito. Viram o que o treinador adversário falou? 'Vamos dar a vida para ganhar'", afirmou o treinador.
O Palmeiras adiciona ainda mais valor à edição deste ano porque, além de a final ser decidida em um clássico, coloca em jogo a conquista da quarta taça seguida. Apenas um time conquistou o tetracampeonato consecutivo: o Paulistano, entre 1916 e 1919.
A disputa pelo feito histórico começa neste domingo, às 18h30, no Allianz Parque, que foi colocado no centro da mais recente polêmica do futebol brasileiro, após Neymar e mais jogadores reclamarem dos gramados sintéticos. Abel foi questionado sobre o assunto durante a coletiva desta sexta e se irritou.
"São dois grandes estádios, duas grandes torcidas e dois grandes gramados, seja natural ou híbrido, que é o caso do deles (Neo Química Arena). É isso que tenho a dizer de gramados sintéticos ou naturais. Chega, basta", disse.
Já a grande decisão vai ter de esperar a Data Fifa da próxima semana para acontecer. Depois do jogo deste final de semana, Corinthians e Palmeiras se reencontram no dia 27, quinta-feira, em Itaquera, para resolver qual dos dois rivais será o campeão paulista de 2025.
"Chegaram as duas melhores equipes, mais consistentes, e por mérito vão decidir em casa. Que seja um grande espetáculo, que haja respeito. E que no final vença o Palmeiras", comentou Abel.
Com um Dérbi na final, o treinador teve de falar bastante sobre rivalidade, mas não quis se envolver em polêmicas ou dar margem para que suas falas fossem entediadas como provocações
"Não queria falar muito sobre o São Paulo. Aconteceram coisas desagradáveis comigo, mas ficou tudo sanado. A rivalidade, na minha opinião, é igual", respondeu, quando questionado se concordava que hoje o Palmeiras tem uma rivalidade mais intense com os são-paulinos do que com o Corinthians. "Essa pergunta que você fez para mim é espetacular, mas provocatória. Nós temos que dar o exemplo", acrescentou.
Abel entende que suas palavras, se mal colocadas, podem causar reações mais enérgicas entre torcedores, por isso o cuidado. Ao comentar sobre a violência que pode nascer de rivalidades com a do Dérbi, fez ainda um apelo contra o racismo, pauta sobre a qual o Palmeiras tem se debruçado com entrega depois do episódio sofrido pelo jovem Luighi, que chorou e cobrou a Conmebol após ser chamado de "macaco" na Libertadores Sub-20.
"Dérbi é Dérbi em quaqleur parte do mundo. São dois clubes gigantes, com torcida imensa. Quando surge esse tipo de jogos, vocês empolgam e emocionam os torcedores. Reforço, que às vezes passa do ponto, que torcida e jogadores se respeitem. Um dos primeiros filmes que vi foi O Casamento de Romeu e Julieta (2005). O que prevalece nele é o amor e respeito", comentou.
"Estou no Brasil há cinco, mas há algo que precisa ser erradicado: racismo e violência. Passa pelos torcedores, dirigentes, jogadores e por vocês (jornalistas). Mas Dérbi sempre será Dérbi", concluiu.