Já faz vários meses, talvez mais de um ano, que Raphael Veiga vem se destacando como o melhor jogador brasileiro em atividade no País. Todo mundo que acompanha o Palmeiras sabe disso. Exibe qualidade técnica de ponta, é rápido, inteligente, driblador, dá assistências, marca seus gols, deixa o adversário tonto. Nessa terça (12), no entanto, ele extrapolou.
Poupado diante do Independiente Petrolero, no Allianz Parque, pela Libertadores, Raphael Veiga só entrou em campo aos 19 minutos do segundo tempo, substituindo Breno Lopes. Ele viu o show à parte de Rafael Navarro no ataque palmeirense, autor de quatro gols, e quis também marcar seu nome na festa. Bastaram dois lances para tanto.
Duas jogadas, duas finalizações geniais, algo muito raro de se ver no futebol nacional nos dias de hoje. No primeiro, Gabriel Menino cobrou escanteio do lado direito, a bola cruzou a área do time boliviano e encontrou do outro lado o pé esquerdo de Raphael Veiga. Ele curvou-se com estilo, como um atleta pronto para lançar uma flecha certeira à distância.
A bola obedece aos que lhe dão afeto. Naquele instante, aos 40 minutos, houve uma fusão entre o craque e o seu principal instrumento de trabalho. Os dois pareciam selar ali um pacto conhecido em celebrações religiosas. É como se dissessem um para o outro: “prometo estar contigo na alegria e na tristeza ... amando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida ...”
Não foi um belo chute. Foi muito mais que isso. Teve elegância, força e coreografia. Quem ainda duvidasse do que Raphael Veiga era capaz, pôde conferir, cinco minutos depois, o outro brinde dele para quem gosta de arte e futebol. Numa cobrança de falta enviesada, ele mandou a bola de novo no ângulo superior do pobre coitado goleiro do Petrolero.
Dois golaços que só aguçam uma curiosidade: por que motivo Raphael Veiga não está na Seleção brasileira? Alguém aí sabe explicar?