Entrando na reta final da preparação para Paris 2024, a boxeadora Beatriz Ferreira desembarcará na França como uma das favoritas ao Ouro. Afinal, no final de abril, a brasileira se sagrou campeã mundial ao desbancar a argentina Yanina del Carmen Lescano em Liverpool, na Inglaterra.
Com o cinturão da IBF em mãos, o foco de Bia é se dedicar aos treinamentos para manter a boa forma na competição que vem aí. Para isso, ela tem o acompanhamento de Fábio Conrado, fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Boxe e sócio da Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física).
O responsável por cuidar da parte física da lutadora deu detalhes sobre a preparação de Bia no dia-a-dia. Os treinos acontecem em tempo integral, junto do restante da equipe olímpica, no Centro de Treinamento de Santo Amaro, em São Paulo.
— A Bia é uma atleta super dedicada, empenhada. Então as coisas que a gente propõe para fazer, tanto de mobilidade quanto de ativação, ela gosta muito. Ela vê valor naquilo que a gente propõe e ela executa de verdade — revelou. A estrutura da Confederação Brasileira conta com médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.
Além de preparar a rotina pré-luta, o profissional também realiza um acompanhamento específico com cada atleta para deixar os boxeadores prontos antes de subirem no ringue. No caso da baiana, as séries são baseadas nos gestos que serão repetidos nos duelos.
Fábio também explicou que são necessárias adaptações para Bia transitar do boxe profissional ao olímpico. Entre as diferenças, uma das maiores mudanças é o tempo: enquanto o profissional pode durar até 12 rounds de dois minutos, o olímpico costuma ser mais dinâmico, contando com três rounds de três minutos.
— No boxe olímpico, a tendência é que seja mais explosivo, mais intenso, mais rápido, uma necessidade do atleta pontuar mais em pouco tempo. O boxe profissional é um pouco mais cadenciado, mais lento, mas em contrapartida um boxe de mais força, de mais potência. Isso muda um pouco o treino da atleta. Então ela sai de um treino que foca um pouco mais em intensidade, para um treino que vai focar mais em força — afirmou.
Um dos principais pontos de trabalho envolvendo a lutadora é a prevenção de lesões. Apesar de não negar que a campeã mundial sinta incômodos ocasionais, Fábio assegura que a forma física da atleta não deve ser uma grande preocupação antes da ida à França.
— A Bia, no momento, não tem nenhuma lesão que preocupe a gente. Ela tá super bem, o corpo dela está muito bom. É óbvio que uma atleta como ela, do mais alto nível, sempre vai ter uma dor, sempre vai ter uma queixa. Tem lesões antigas, tem alguns históricos que a gente vai administrando, mas no momento não tem nada que preocupe — completou.
Antes do início dos Jogos Olímpicos, em julho, Bia terá duas competições. Ainda em maio, ela viajará até a Holanda para a disputa de um torneio preparatório. Já em junho, a boxeadora disputará outro campeonato, desta vez em Brasília. Só ao fim dos compromissos que a medalhista de prata nos Jogos de Tóquio 2020 embarcará para Paris em busca do seu primeiro ouro olímpico.