O goleiro Aranha esperava no retorno a Porto Alegre encontrar com a torcedora do Grêmio, Patrícia Moreira, principal pivô da polêmica de insultos raciais no último dia 28, pela Copa do Brasil. O camisa 1 santista, que deixou a partida desta quinta-feira, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, chateado com as vaias direcionadas que recebeu dos torcedores durante todo o confronto, alegou que estava de "coração aberto" para recebê-la, mas criticou a exposição da torcedora na mídia para um perdão programado.
"Vim de coração aberto, eu toparia me encontrar com ela, mas não quero ser um mártir desse assunto. Não quero aparecer, não quero me promover. Achei que a menina estaria aqui. Não quero polemizar. Quero resolver e esquecer. Vou abraçar, perdoar, tudo bem, mas não vou para a televisão. Vou perdoar ela por que a imprensa quer explorar isso? Estão prolongando demais isso, piorando a situação. Vejo ela ir a programas de televisão, tentou até chorar e não conseguiu. Esta situação de perdoar depois do comercial, sobe uma música, não é para mim", explicou Aranha.
O goleiro deixou a Arena Porto Alegre alegando que ficou evidente que não houve perdão dos gremistas por ter relatado o incidente publicamente na ocasião e questionou um jornalista após ser contrariado sobre o teor das vaias.
"Fiquei triste porque deu para ver qual é o pensamento do torcedor gremista. Não foi só a garota. Ela é quem está pagando, principalmente porque apareceu, mas tinha muita gente se manifestando hoje contra a minha atitude, sendo que a única coisa que fiz foi relatar ao árbitro. É a justiça, é a lei, a punição tem que servir para ensinar", disse o goleiro, antes de desabafar sobre as vaias.
Na sequência, Aranha foi questionado se não achava natural ser vaiado em um estádio de futebol e se irritou: "por que foi diferente? Por tudo o que aconteceu no outro jogo. Ou não foi nada? Você concorda com o que aconteceu?", perguntou a uma jornalista. O jogador encerrou as entrevistas na sequência e se dirigiu ao vestiário contrariado.
O desejo do encontro com Patrícia foi externado pelo advogado da jovem pouco após um pronunciamento feito por ela. Por meio da assessoria do clube alvinegro, o camisa 1 santista entendeu que "não seja necessário tal encontro" e que, neste momento, a sua preocupação é que "os responsáveis pelo ato racista sejam investigados e que respondam pelo ocorrido".