Até quando? 7 casos de racismo no futebol que deram em nada

29 ago 2014 - 09h10

Enquanto houver impunidade, vai haver racismo no futebol. Essa lição já deveria ter sido aprendida por quem comanda o futebol, mas tem sido ignorada. Afinal, na maioria dos casos recentes as sanções foram leves e deram a certeza da impunidade para quem pratica atos lamentáveis. Tal problema levou a mais um caso de racismo nesta quinta-feira, quando o goleiro Aranha, do Santos, foi ofendido por gremistas em Porto Alegre.

De dois anos para cá, aconteceram nove casos de racismo que chamaram muita atenção da mídia. Seja no Brasil ou na Europa, as punições costumam ser as mesmas, apenas multas e perdas de mando de campo. Na Espanha o Bétis chegou a passar totalmente ileso por um caso em que seus torcedores ofenderam um jogador da própria equipe, o brasileiro Paulão.

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Apenas duas histórias destoaram disso, uma na Espanha e outra no Brasil. O caso europeu foi exemplar, pois o racista foi identificado e punido. Já no Rio Grande do Sul a situação foi mais polêmica, pois gerou o rebaixamento do Esportivo.

Saiba mais sobre sete casos recentes que deram em "nada" e depois veja mais dois que resultaram em punições mais pesadas:

Vítima: Mario Balotelli

Mario Balotelli foi insultado por torcedores que estavam do lado de fora do CT de Coverciano
Mario Balotelli foi insultado por torcedores que estavam do lado de fora do CT de Coverciano
Foto: Reuters

(Crédito da foto: Reuters)

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O que aconteceu: o atacante italiano já foi alvo de racismo diversas vezes. O caso mais emblemático aconteceu em 2012, durante um amistoso entre Croácia e Itália. Torcedores adversários fizeram insultos racistas e jogaram bananas no campo. Saiba mais sobre o caso.

Punição: a Uefa puniu a Croácia cobrando uma multa de 80 mil euros (R$ 236 mil).

Vítima: Kevin-Prince Boateng

Boateng sai irritado de campo
Foto: Reprodução

(Crédito da foto: AP)

O que aconteceu: durante jogo amistoso entre Milan e Pro Patria, o meia ganês ouviu muitas vaias e cantos racistas. Ele ficou irritado a ponto de chutar a bola contra a torcida e sair de campo. A Fifa até criticou o jogador e disse que a atitude dele não foi a "ideal". Saiba mais sobre o caso.

Punição: a Justiça Desportiva Italiana obrigou o Pro Patria a jogar uma partida de portões fechados.

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Vítima: Yaya Touré

Yaya Touré foi alvo de cânticos racistas na vitória do Manchester City
Foto: EFE

(Crédito da foto: EFE)

O que aconteceu: o problema ocorreu na Liga dos Campeões da temporada passada. Sempre que o volante tocava na bola, parte da torcida do CSKA, situada atrás de um dos gols, imitava macacos. O curioso é que o jogador vai enfrentar o time russo em breve novamente, já que Manchester City e CSKA caíram no mesmo grupo da Liga. Saiba mais sobre o caso.

Punição: o estádio foi fechado parcialmente por apenas um jogo. O setor atrás do gol não recebeu torcedores no jogo contra o Bayern de Munique

Vítima: Paulão

Paulão foi expulso e complicou Bétis na partida
Foto: EFE

(Crédito da foto: EFE)

O que aconteceu: foi uma caso curioso, pois o brasileiro é jogador do Bétis e foram os torcedores deste time que fizeram os atos racistas. Isso aconteceu depois que ele foi expulso em um clássico contra o Sevilla. E não foi a primeira vez que isso aconteceu no Bétis: antes o nigeriano Nosa Igiebor já tinha sido insultado pela própria torcida no aquecimento, também antes de um clássico contra o Sevilla. Saiba mais sobre o caso.

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Punição: nenhuma. Joseph Blatter, presidente da Uefa, protestou publicamente e até disse "é hora de termos penas mais duras". Mas nada foi feito.

Vítima: Tinga

Tinga sofreu com gritos racistas de torcedores peruanos
Foto: AP

(Crédito da foto: AP)

O que aconteceu: durante o jogo entre Cruzeiro e Real Garcilaso, pela Copa Libertadores deste ano, o jogador ouviu das arquibancadas imitações de macacos desde que saiu do banco de reservas. Não foi a primeira vez que isso aconteceu com Tinga. Ele já tinha sido vítima em 2005, quando jogava pelo Inter e enfrentou o Juventude pelo Campeonato Brasileiro. Saiba mais sobre o caso.

Punição: em protesto, a CBF indicou que o Real Garcilaso deveria ser excluído da Libertadores imediatamente. Mas não foi o que aconteceu. A Conmebol só aplicou uma multa de US$ 12 mil (R$ 27,8 mil).

Vítima: Arouca

Arouca atuou por 90 minutos na vitória santista
Foto: Marcelo Pereira / Terra

(Crédito da foto: Marcelo Pereira/Terra)

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O que aconteceu: depois que o Santos aplicou uma goleada de 5 a 2 no Mogi Mirim, um torcedor passou atrás de Arouca e o xingou de "macaco". Saiba mais sobre o caso.

Punição: o torcedor não foi identificado. O Mogi Mirim foi punido apenas com uma multa de R$ 50 mil e a interdição temporária do estádio onde aconteceu a ofensa.

Vítimas: Paulão e Williams

Paulão disputa bola com Riveros; colorado disse ter sido alvo de racismo
Foto: Agif/Gazeta Press / Gazeta Press

(Crédito da foto: Agif/ Gazeta Press)

O que aconteceu: após o clássico gaúcho, os jogadores do Inter saíam de campo e ironizaram a torcida adversária com aplausos. A resposta dos gremistas foi desproporcional, imitando macacos. Saiba mais sobre o caso.

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Punição: o Grêmio tentou, mas não conseguiu identificar os torcedores que fizeram isso. Entregou as imagens para o Ministério Público, mas também não adiantou. A punição veio então da Justiça Desportiva - primeiramente era uma multa de R$ 80 mil, mas o advogado do clube tricolor entrou com um recurso e conseguiu baixar o valor para R$ 10 mil.

Vítima: árbitro Márcio Chagas da Silva

Márcio Chagas da Silva foi vítima de racismo no Campeonato Gaúcho
Foto: Getty Images

(Crédito da foto: Getty Images)

O que aconteceu:  o Esportivo recebeu o Veranópolis e, durante o jogo, sua torcida ofendeu o juiz com gritos racistas, como “teu lugar é na selva”, e “volta para o circo”. Depois da partida, Márcio encontrou seu carro sujo por bananas, colocadas lá pelos torcedores do Esportivo. Saiba mais sobre o caso.

Punição: o primeiro julgamento rendeu uma punição comum, multa de R$ 30 mil e perda de cinco mandos de campo. Mas o árbitro recorreu e veio a punição definitiva: perda de nove pontos no Campeonato Gaúcho (além dos mandos de campo e mais a multa de R$ 30 mil), o que levou o Esportivo a ser rebaixado no estadual.

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Vítima: Daniel Alves

Daniel Alves come banana em protesto contra racismo
Foto: Reprodução

(Crédito da foto: Reprodução)

O que aconteceu: um torcedor do Villareal lançou uma banana em direção ao brasileiro do Barcelona. A resposta dele foi inusitada e gerou grande repercussão: rapidamente ele pegou a banana e comeu. O acontecimento serviu para uma agência de publicidade lançar a campanha "somos todos macacos". Saiba mais sobre o caso.

Punição: A Federação Espanhola aplicou uma multa de 12 mil euros (37 mil reais), mas o Villareal também agiu: identificou o torcedor que jogou a banana e o baniu do estádio para sempre. Ele ainda pode ser punido pela Justiça.

Fonte: Terra
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