Vladimir recebeu uma espécie de prêmio por sua fidelidade no fim do ano. O goleiro que está há quase dez anos no Santos, renovou o contrato que se encerrou em dezembro, mas seguia com a incômoda sombra da desconfiança no clube. A confirmação da grave lesão facial de Vanderlei o levaria a um patamar definitivo. O Santos, pela primeira vez, mudou a tática com o reserva tão visado e o calou, evitando exposição. A maior sequência da carreira foi premiada com o título, até pênalti defendido na final e o fim da fama de “chama gol”.
“A gente que joga no Santos não pode desistir nunca. Ninguém botou na minha cabeça que não tinha valor. Sei das minhas limitações e qualidades e hoje Deus me honrou”, disse o goleiro.
“É algo que, agora, não consigo explicar. Trabalhei muito, sonhei muito com esse momento e esperei as oportunidades. Foi da maneira que ninguém esperava. Infelizmente, com a lesão grave do Vanderlei. Ele está recuperado, treinando, agora é só comemorar”, completou.
Mas o goleiro precisou esperar. Pertencente a geração de Paulo Henrique Ganso, com quem jogou a Copa São Paulo de 2008, aguentou por longos anos a reserva, até uma grande oportunidade perdida, em 2010.
Na ocasião, o então técnico Dorival Júnior barrou Felipe, mas uma lesão na mão abriu espaço para a terceira opção na época, Rafael, hoje no Napoli. O jovem ganhou a confiança e permaneceu no posto até o primeiro semestre de 2013.
Posteriormente, foi a vez de aguardar mais um ano e meio na reserva de Aranha com a fama de “chama gol” nas raras oportunidades. Sofreu, em 2013, quatro dos oito gols da histórica goleada por 8 a 0 do Barcelona, pelo Troféu Joan Gamper. Em 2011, ganhou uma chance na última partida na Série A, diante do São Paulo, em meio a preparação do Mundial de Clubes. Levou os quatro gols na goleada por 4 a 1. Levou outros três na derrota por 3 a 0 para a Portuguesa, em 2012.
"Parabéns ao Santos pelo título do Paulistão. E parabéns especialmente pro Vladimir, porque sei o quanto esperou essa oportunidade e sabia que ia dar conta do recado. Parabéns, irmão. Comemora, porque você merece", escreveu o atacante Neymar.
E, de fato, não foi só na final que o santista brilhou. Em nove jogos no ano, sofreu cinco gols. A atuação no empate por 1 a 1 contra o Corinthians, na fase de classificação, acabou com as desconfianças. No jogo, o santista foi o principal responsável pelo placar e impressionou pela série de defesas, comparadas as do uruguaio Rodolfo Rodriguez.
Vladimir, em breve, terá uma nova sombra, mas desta vez a do retorno de Vanderlei, que reiniciou na sexta os trabalhos no campo. Motivado e com moral, a disputa pela camisa 1 promete não ser empolgante.