Atitudes racistas voltaram a acontecer no futebol brasileiro. Dessa vez, o perseguido foi o goleiro Aranha, que defendia o Santos nesta quinta-feira na vitória por 2 a 0 contra o Grêmio, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O arqueiro, que teve uma grande atuação e garantiu a vitória de sua equipe por 2 a 0, foi insultado no final da partida por torcedores na Arena, em Porto Alegre. Câmeras do canal ESPN Brasil flagaram uma torcedora claramente chamando Aranha de macaco e o resto do grupo fazendo sons que lembravam o animal. O jogador optou por não prestar queixa à polícia após a partida.
Na saída de campo, Aranha demonstrou revolta com a atitude dos torcedores e lembram que o próprio Grêmio já fez campanha contra o racismo no futebol brasileiro.
"A outra vez que viemos aqui jogar a Copa do Brasil tinha campanha contra racismo, não é à toa. Xingar, pegar no pé é normal. Agora me chamaram de 'preto fedido, seu preto, cambada de preto'. Estava me segurando. Quando começou o corinho com sons de macaco eu até pedi para o câmera filmar, eu fiquei p... .Quem joga aqui sabe, sermpre tem racista no meio deles. Está dado o recado, agora é ficar esperto para a próxima", desabafou o goleiro.
"Está o recado para ficarem espertos para a próxima partida. Tem leis, mas no futebol sabemos que o torcedor usa de várias maneiras para desestabilizar. Não vou deixar de jogar o meu futebol por manifestação de torcedor. Dói, mas tenho que jogar", declarou Aranha.
Os companheiros do goleiro lamentaram a situação. "A gente vive em uma democracia. Acho que todos são iguais, independentemente da cor. Isso é lamentável no futebol", afirmou o zagueiro Edu Dracena. "Tem que ser banido do futebol. Não deve nem entrar no estádio. O Aranha foi muito feliz em denunciar, porque só assim a gente combate isso", disse o defensor em entrevista à ESPN Brasil.
"Não vi, sinceramente, mas os insultos são normais, sabemos que jogando aqui vão nos insultar, mas não sei se falaram alguma coisa de racismo. Isso a gente não admite. Em 2014, sabemos que isso é normal de acontecer, mas a cor de pele não diferencia ninguém", disse o atacante Robinho.
"Se tem imagem fica um pouco mais fácil. Espero que as autoridades possam tomar uma atitude. Não dá para aceitar mais isso. Algumas pessoas veem outras fazendo e fazem, também. Enquanto não houver uma punição severa, vamos continuar passando por isso", argumentou o volante Arouca, que foi vítima de ofensas racistas no mês de março.