No aniversário de Pelé, ex-jogador Lima relembra golaço do Rei que poucos viram: 'O mais bonito da carreira'

Coringa da Vila recebeu o LANCE! em sua casa e falou de gol do Rei contra o Juventus, em 1959, que não tem registro em vídeo. À época, Lima ainda atuava no adversário

23 out 2021 - 10h04
(atualizado às 10h04)
Lima entre lembranças de sua carreira como jogador (Foto: Guilherme Dionizio / LancePress!)
Lima entre lembranças de sua carreira como jogador (Foto: Guilherme Dionizio / LancePress!)
Foto: Lance!

Muitos costumam relembrar até os golaços que Pelé deixou de fazer. Na Copa do Mundo de 1970, o chute do meio de campo contra Tchecoslováquia e o drible de corpo no goleiro uruguaio Mazurkiewicz não resultaram em gol por um triz e ficaram registrados em vídeo. Mas houve uma jogada que terminou em gol e, por não ter filmagem preservada, ficou apenas na memória dos privilegiados que estiveram no estádio Conde Rodolfo Crespi, na famosa Rua Javari, no dia 2 de agosto de 1959. Contra o Juventus, O Rei fez um gol entre os 1.091 que marcou pelo Santos que as testemunhas dizem ter sido o mais bonito da carreira do camisa 10.

No dia do aniversário de 81 anos de Pelé, o LANCE! relembra esse momento nas palavras de Lima, que recebeu a reportagem em sua casa, na Baixada Santista. O Coringa da Vila, que viria a ser um dos grandes companheiros de Pelé no Santos por 11 anos, na época estava em seu primeiro ano de carreira e atuava justamente no Moleque Travesso, o adversário do Santos naquele dia.

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O ex-jogador destaca que, ainda que a conclusão do lance tenha sido do Atleta do Século, de forma única, a construção da jogada deixou a marca ainda mais bonita.

- Esse lance começou lá embaixo. O Santos era um dos clubes, mesmo naquela época, que o goleiro não dava chutão para frente, ele saia jogando com a mão. Dali vinha para o lateral-direito, esquerdo ou para o volante, o meia. Era ter a bola o tempo inteiro até surgir uma oportunidade com o Pelé, Coutinho, Dorval ou Pepe - detalhou Lima sobre o lance, que foi reconstituido no documentário Pelé Eterno, de 2004.

- Nesse jogo contra o Juventus, o Laércio saiu jogando com a mão e a bola caiu no pé do Jair da Rosa Pinto, que era um dos jogadores de mais idade da nossa época. Jogavam Zito e Jair. O Jair virou da direita para a esquerda, pegou o cara pelo lado direito, que seria, no caso, o Getúlio ou o Dalmo. E assim eles iam fazendo, costurando e chegando - completa o Coringa, relembrando a partida.

E quanto mais a bola e aproximava da área, mais perto chegava do Rei para que, assim, a mágica acontecesse.

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- Quando essa bola chegou da direita, virada pelo lado esquerdo, foi quando os jogadores de ataque do Santos, Pelé e Coutinho, começaram a se aproximar da área na Rua Javari. Da esquerda veio o cruzamento. O Dorval cruzou. O Pelé, da forma que a bola veio, matou peito, mas não para ela morrer, mas jogou para o alto, como tivesse feito com a mão, no vôlei. Nessa, já passou o primeiro do Juventus. Ele (Pelé) continuou, deu de joelho na bola, ela subiu de novo, passou outro do Juventus, que era o goleiro, o Mão de Onça, um negrão que não cabia nem na porta, e sai gritando que era dele. O Pelé chapelou o goleiro e a bola subiu. Antes do Mão de Onça levantar, ele (Pelé) pegou, subiu e fez de cabeça.

Lima em sua residência, na cidade de Santos (Foto: Guilherme Dionizio / LancePress!)
Foto: Lance!

O Coringa, que na época era da Javari, teve o primeiro contato com Pelé naquele mesmo ano, durante uma convocação para a Seleção Paulista, onde foi companheiro de quarto do Rei Pele primeira vez. Dois anos mais tarde, foi contratado pelo Peixe e permaneceu na convivência diária, morando junto com o Atleta do Século.

Em 11 anos ininterruptos de convivência, fora os dois anteriores, o ex-zagueiro, lateral e meia santista diz que o gol na Mooca foi o mais bonito que ele viu Pelé marcar.

- Para mim, foi o gol mais bonito da carreira dele (Pelé), e olha que eu joguei 11 anos com ele, vi gols de tudo quanto é jeito. Pela forma que aconteceu o gol, pela calma, determinação, confiança que você tem na hora de executar a jogada. Não foi uma coisa feita por acaso.

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