E agora, Muricy? Técnico pena para encontrar São Paulo ideal

19 fev 2015 - 08h48
(atualizado às 10h03)

Muricy Ramalho esteve mais conformado do que o normal na entrevista após a derrota para o Corinthians por 2 a 0, na Arena em Itaquera, pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores. O técnico não rebateu as críticas recebidas pela atuação equipe. Muito pelo contrário: endossou os comentários sobre a jornada ruim são-paulina frente ao arquirrival.

A preocupação de Muricy Ramalho tem a ver com o fraco desempenho do ataque tricolor. Incrivelmente, a equipe não teve nenhuma chance clara durante os 90 minutos em Itaquera. O goleiro Cássio sequer teve trabalho na partida. Para Muricy, fruto da falta de "profundidade", maior defeito são-paulina na atualidade para o treinador.

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“A gente colocou em campo um time para segurar a bola e fazer o Corinthians correr atrás da gente. Até tivemos a posse de bola em algumas partes do jogo. Mas cria no setor de meio de campo só. O que falta é um pouco de penetração. A gente só tem uma coisa boa: a técnica. Mas só isso é muito pouco. Tem que ter mais profundidade, entrar na área”, comentou o treinador.

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Realmente, o São Paulo teve mais posse de bola do que o Corinthians em Itaquera: foi 56% a 44%, segundo dados do Footstats. Graças, também, ao meio-campo “técnico” citado por Muricy, A equipe tricolor tinha boa saída de bola da defesa para o meio-campo. No entanto, quando chegava na intermediária alvinegra, era barrada. Seja por Ralf, Elias, Danilo, Renato Augusto, Emerson... Tudo isso culminou em mais finalizações alvinegrar (veja números do clássico abaixo).

Estatísticas de Corinthians x São Paulo, segundo a Footstats
Finalizações Corinthians: 5 certas e 9 erradas

São Paulo: 1 certa e 8 erradas
Passes Corinthians: 298 certos e 37 errados

São Paulo: 470 certos e 51 errados
Cruzamentos Corinthians: 3 certos e 10 errados

São Paulo: 3 certos e 10 errados
Lançamentos Corinthians: 19 certos e 36 errados

São Paulo: 15 certos e 16 errados
Desarmes Corinthians: 33 certos e 8 errados

São Paulo: 26 certos e 1 errado
Dribles Corinthians: 6 certos e 0 errado

São Paulo: 2 certos e 2 errados
Escanteios Corinthians: 1

São Paulo: 6

A confusão e consternação de Muricy existe por causa da falta de um padrão de jogo que funcione para o São Paulo na atual temporada – mesmo com o recém-chegado Tite, o Corinthians parece mais “pronto” e entrosado. O técnico são-paulino ainda não tem uma escalação ideal, sofre com a lacuna deixada por Kaká e com contusões e vê a equipe não render o esperado. 

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Isso fica ainda mais claro se levado em conta as escalações do São Paulo nos últimos jogos. A variação de Muricy não afeta contra times pequenos do Paulista, dada a superioridade técnica tricolor. Mas já afetou contra o Santos, único grande teste considerado pelo técnico antes da estreia na Libertadores (empate por 0 a 0 na Vila). Os principais problemas de Muricy na escalação estão na lateral esquerda, onde o titular Carlinhos está machucado, e no companheiro de Luís Fabiano no ataque.   

<p>Michel Bastos começou na lateral esquerda e atuou no meio-campo na etapa final</p>
Michel Bastos começou na lateral esquerda e atuou no meio-campo na etapa final
Foto: Friedemann Vogel / Getty Images

No clássico disputado em território praiano, Muricy entrou com Reinaldo na lateral esquerda, Michel Bastos no meio-campo e Ewandro um pouco mais à frente. A principal mudança para o clássico desta quarta foi a ida de Michel para a esquerda – o jogador teve desempenho bem aquém do apresentado no setor de meio-campo. A estratégia de Muricy era clara: povoar o meio com jogadores técnicos (entrou com Denilson, Souza, Maicon e Ganso) para ganhar a posse de bola. Deu certo relativamente apenas a partir da metade do primeiro tempo, mas não como o treinador imaginava.

A bola do São Paulo rolava de pé em pé sem objetividade. No segundo tempo, Muricy passou Michel para o meio-campo e colocou Reinaldo na esquerda. No entanto, o escolhido para sair foi Alan Kardec, um dos que mais se movimentava no ataque. Luís Fabiano, que pouco aparecia e às vezes “esbarrava” com Ganso, ficou em campo até o fim.

“A gente queria um time mais ofensivo com o Michel na esquerda, soltar os atacantes. A gente teve muitos problemas contra o Santos por esse lado, por isso a gente resolveu colocar o Michel e povoar o meio-campo. Mas às vezes não dá certo, Corinthians foi muito superior”, afirmou.

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Fonte: Terra
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