Em sua declaração mais longa desde que desembarcou na Austrália, o sérvio Novak Djokovic afirmou nesta quarta-feira, 12, que esteve em evento com crianças quando ainda não sabia do seu teste positivo para covid-19, em dezembro, e disse que um membro de sua equipe cometeu "erro humano" ao preencher formulário de imigração para entrada no país-sede do primeiro Grand Slam da temporada.
"Quero abordar a desinformação contínua sobre minhas atividades e participação em eventos em dezembro, antes do resultado positivo do meu teste PCR para covid", declarou o tenista, no início do seu comunicado. "Esta desinformação precisa ser corrigida, particularmente no interesse de aliviar a preocupação mais ampla da comunidade sobre minha presença na Austrália e abordar assuntos que são muito dolorosos e preocupantes para minha família."
Djokovic confirmou que fez o exame motivado pelos casos de covid-19 detectados após um jogo de basquete na Sérvia que ele acompanhou das arquibancadas. Sem sintomas, ele disse ter feito um teste de antígeno um dia depois, em 16 de dezembro, e o resultado foi negativo. No mesmo dia, fez um PCR. Mas o resultado teria saído somente depois de ele ter comparecido a um evento com crianças, em que aparece nas fotos sem máscara. Djokovic disse ter feito outro teste de antígeno, com resultado negativo mais uma vez, antes do evento.
No mesmo comunicado, ele admitiu que já sabia do teste positivo quando compareceu a uma entrevista, seguida de sessões de fotos, do jornal francês L'Equipe, em Belgrado, no dia 18 do mesmo mês. "Eu tinha cancelado todos os outros eventos, com exceção desta entrevista", disse o sérvio, que se mostrou arrependido pelo risco que causou aos jornalistas e fotógrafos do periódico francês.
"Quando voltei para casa, para ficar em isolamento, refleti sobre a situação. Percebi que cometi um erro de julgamento e deveria ter adiado este compromisso", escreveu o sérvio, nas redes sociais. "Mas mantive o distanciamento social (durante a entrevista) e só não usei a máscara quando estava sendo fotografado."
Djokovic também comentou sobre a polêmica envolvendo o formulário da imigração. No documento, ele marcou item afirmando que não havia viajado nas últimas duas semanas antes de desembarcar em Melbourne. O formulário traz na mesma página um alerta sobre possíveis erros no preenchimento, o que poderia configurar crime e acarretar até prisão.
Nos últimos dias, surgiram fotos mostrando que o sérvio esteve na Espanha e na Sérvia, seu país, antes de embarcar para a Austrália. A falha no formulário pode se tornar argumento do governo australiano para uma eventual deportação do sérvio. O tenista ainda corre o risco de ser excluído do país antes do início do Aberto da Austrália, marcado para começar na segunda-feira, dia 17.
"Quanto à minha declaração de viagem, isso foi resolvido pela minha equipe, em meu nome, como eu expliquei às autoridades da imigração em minha chegada. E o meu agente pede desculpas sinceras pelo erro administrativo ao escolher a opção incorreta no formulário sobre minhas viagens anteriores antes da chegada na Austrália. Foi um erro humano e certamente não foi deliberado", declarou Djokovic. "Minha equipe forneceu mais informações ao governo australiano para esclarecer esse assunto."
Pouco antes do comunicado, as autoridades australianas confirmaram que os advogados do sérvio apresentaram mais informações sobre sua documentação ao Ministério da Imigração, órgão do governo que tem o poder de deportar o tenista a qualquer momento.
Por fim, o número 1 do mundo disse que não pretende mais se manifestar sobre o assunto "em respeito ao governo da Austrália, às suas autoridades e ao processo que está correndo". Ele também afirmou que é uma "honra e privilégio" disputar o Aberto da Austrália, fazendo elogios aos demais jogadores e torcedores.