O tênis conta com um dos circuitos mais profissionais entre todas as modalidades, com um planejamento que envolve dezenas de torneios, de diferentes níveis de dificuldade e prestígio, em todos os continentes. A temporada começa no fim de dezembro e se alonga até os últimos dias de novembro do ano seguinte.
O calendário leva em conta as estações do ano (os Grand Slams, por exemplo, são sempre disputados no verão) e respeita as diferenças de piso das quadras: dura, saibro e grama. As competições nestas superfícies podem ser disputadas em quadra coberta (indoor) ou ao ar livre. A sequência de campeonatos segue a lógica dos pisos, sempre culminando num dos quatro Grand Slams (Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open), também chamados de Majors.
Qual a relação entre o calendário do tênis e os tipos de piso?
A temporada começa com as competições na Oceania, todas preparatórias para o Australian Open, o primeiro Grand Slam do ano, em janeiro. As competições desta época são todas disputadas em quadra dura.
As semanas seguintes contam com eventos que alternam o piso duro e o saibro, que só passa a predominar no calendário a partir da metade de março e culmina no fim de maio com Roland Garros, o segundo Grand Slam do ano. Neste intervalo, as competições são todas realizadas sobre o saibro, a superfície mais lenta e que exige cuidados especiais, como tênis específicos para a chamada "terra batida", e estilos de jogo próprios para o jogo mais moroso e estratégico.
O fim da gira de saibro, em Paris, dá início à curta temporada de grama, o piso que conta com o menor número de competições no calendário. São apenas sete torneios ao longo de cinco semanas, tendo Wimbledon como auge da superfície mais rápida do circuito, em Londres.
Passado o torneio britânico, mais antigo e tradicional do mundo, o calendário volta a mesclar torneios em saibro e quadra dura até voltar a se concentrar no piso mais firme em agosto, em eventos nos Estados Unidos, em preparação para o US Open, o último Major da temporada, em Nova York.
A reta final do ano, entre outubro e novembro, concentra competições em quadra dura, a maioria indoor. Muitos dos torneios são realizados na Ásia. A temporada costuma ser encerrada com o ATP Finals (masculino) e o WTA Finals (feminino), que reúnem os oito melhores do ano de cada gênero em cidades alternadas. O fim da temporada vem com as finais da Copa Davis e da Billie Jean King Cup (versão feminina da Davis) em sedes que mudam de tempos em tempos.
Como é montado o calendário do tênis profissional?
O calendário do circuito profissional é montado com base num acordo que leva em conta os interesses dos promotores dos torneios, dos tenistas, através da ATP e da WTA, entidades representantes dos atletas, e da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês), responsável pela organização dos quatro torneios de Grand Slam, da Copa Davis e da Billie Jean King Cup (a versão feminina da Davis).
O calendário conta com diferentes tipos de torneios, permitindo aos tenistas definir sua trajetória ao longo do ano, geralmente com mais de uma opção de competição por semana. Há eventos de menor porte, para tenistas em início de carreira entre os profissionais e também para aqueles que estão voltando à ativa após lesão, por exemplo; de porte mediano, para tenistas que estão no Top 100 do ranking; e os maiores, chamados de Grand Slam, que são apenas quatro: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open.
Por que os Grand Slams são tão importantes?
As quatro competições têm maior prestígio por conta de tradição, do nível de dificuldade e por exibirem as maiores premiações tanto em pontos no ranking quanto em dinheiro. As chaves dos chamados Majors são as maiores do circuito, com a participação de 128 tenistas, tanto no masculino quanto no feminino. Por isso, para ser campeão, um tenista precisa vencer sete partidas consecutivas. Via de regra, os demais torneios do calendário exigem quatro ou cinco vitórias até o título.
Além disso, no masculino as partidas são disputadas em melhor de cinco sets, o que exige maior preparo físico e técnico dos tenistas. Com frequência, os jogos superam as quatro horas de duração. Nos outros torneios, os confrontos são disputados em melhor de três sets - no feminino, o melhor de três é a regra tanto nos Grand Slams quanto nos demais eventos do circuito.
A premiação costuma ser proporcional a tal desafio. O US Open, que costuma ser o Grand Slam que mais paga, tem prêmio individual de US$ 3,6 milhões, equivalente a R$ 22 milhões.
Por tudo isso, um título de Major costuma marcar a carreira de um atleta. Daí a importância que tenistas como Gustavo Kuerten, dono de três títulos de Roland Garros, e Maria Esther Bueno, com incríveis 19 troféus em simples e duplas em competições deste nível, têm para o esporte nacional e mundial.
Quantos pontos vale cada torneio de tênis?
As competições são consideradas profissionais quando começam a contar pontos no ranking. Assim, os tenistas iniciam suas trajetórias em competições de nível ITF, organizadas pela federação internacional. No masculino, os garotos sobem para os Future e Challengers, enquanto as garotas saltam dos ITFs para o WTA 125. Na sequência, elas disputam torneios de nível WTA 250, WTA 500 e WTA 1000, sendo que cada número significa a pontuação obtida pela campeã no ranking.
No masculino, os Challengers são a última fronteira antes da chamada elite do tênis, composta pelas competições de nível ATP 250, ATP 500 e Masters 1000. Acima dos torneios do nível 1000 e abaixo dos Grand Slams, há os Finals, tanto no calendário masculino quanto no feminino. Estes eventos, o ATP Finals e o WTA Finals, reúnem os oito melhores do mundo, tanto em simples quanto em duplas, sempre no fim da temporada em locais que variam ano a ano.
O número que acompanha o nome do torneio representa o máximo de pontos que se pode somar naquele torneio. Em um Grand Slam, o campeão soma 2 mil pontos, enquanto em um ATP ou WTA 500, o vencedor leva 500 pontos.
Pontuação de Grand Slams
- Campeão - 2000 pontos
- Vice-Campeão - 1200
- Semifinal - 720
- Quartas de final - 360
- Oitavas de final - 180
- Terceira rodada - 90
- Segunda rodada - 45
- Primeira rodada - 10
- Furar o qualificatório - 25
Como funcionam os rankings da ATP e da WTA?
Cada entidade conta com duas listas. A mais importante contabiliza a pontuação de cada tenista a cada semana em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em outras palavras, o atleta precisa defender semanalmente seus pontos no ranking para sustentar sua posição. Na prática, o campeão do Australian Open de 2024 precisa defender em 2025 os pontos que conquistou no ano anterior. Caso contrário, perderá pontuação e correrá o risco de sofrer uma queda de muitas colocações no ranking.
Esta lista define os melhores do mundo e serve de base para estabelecer quem entra em cada torneio do circuito. Naturalmente, os mais bem colocados têm vaga em qualquer competição. E os de pior colocação podem até entrar em listas de espera para conseguir lugar numa chave principal mais requisitada. Esse ranking também define os cabeças de chave de cada evento.
Tanto a ATP quanto a WTA contam ainda com outro ranking, de menor importância. Em outros tempos, era chamado de "corrida do ano". Essa relação de tenistas leva em conta apenas os torneios disputados num ano específico e serve apenas para definir os futuros classificados para os Finals da ATP e da WTA, torneios menores, mas de grande prestígio, por reunir os oito melhores da temporada.
Confira abaixo os principais torneios masculinos e femininos da temporada:
DEZEMBRO
- United Cup (torneios de equipes) - quadra dura
JANEIRO
- Australian Open - quadra dura
FEVEREIRO
- Rio Open - saibro
- WTA 1000 de Doha - quadra dura
- WTA 1000 de Dubai - quadra dura
MARÇO
- ATP e WTA 1000 de Indian Wells - quadra dura
- ATP e WTA 1000 de Miami - quadra dura
ABRIL
- Masters 1000 de Montecarlo - saibro
- Masters 1000 de Madri - saibro
- Billie Jean King Cup (fase classificatória) - piso indefinido
MAIO
- ATP e WTA 1000 de Roma - saibro
- Roland Garros - saibro
JUNHO
- Wimbledon - grama
JULHO
- ATP e WTA 1000 do Canadá - quadra dura
AGOSTO
- ATP e WTA 1000 de Cincinnati - quadra dura
- US Open - quadra dura
SETEMBRO
- Copa Davis (fase de grupos) - piso indefinido
- WTA 1000 de Pequim - quadra dura
OUTUBRO
- WTA 1000 de Wuhan - quadra dura
- Masters 1000 de Xangai - quadra dura
- Masters 1000 de Paris - quadra dura
NOVEMBRO
- ATP Finals - piso indefinido
- WTA Finals - piso indefinido
- Copa Davis (finais) - piso indefinido
- Billie Jean King Cup (finais) - piso indefinido