O penúltimo episódio da série A Mão do Eurico, do Globoplay, detalha a história da polêmica final do Campeonato Brasileiro de 2000, entre Vasco e São Caetano. O documentário conta toda a confusão que ocorreu em São Januário e a guerra entre Eurico Miranda e TV Globo.
No dia 30 de dezembro de 2000, Vasco e São Caetano decidiam a final do Campeonato Brasileiro no estádio de São Januário. No primeiro jogo da final, os times empataram em 1 a 1 no Palestra Itália e tudo seria definido no Rio de Janeiro.
No jogo, Romário sentiu a posterior da coxa e deixou o campo. Na saída do astro perto da arquibancada do estádio, torcedores que não gostavam do "baixinho" começaram a ofender o jogador, enquanto os apoiadores ficaram irritados, gerando grande uma confusão.
Com a confusão, o alambrado do estádio cedeu e uma invasão generalizada começou no gramado. O jogo foi paralisado, Eurico apareceu no campo para organizar a situação, ordenou que os médicos do Vasco prestassem os primeiros socorros e solicitou mais ambulâncias no campo.
Garotinho, governador do estado do Rio de Janeiro na época, ligou para Secretário Estadual de Defesa Civil, o Coronel Paulo, e pediu o cancelamento da partida. O secretário acatou a decisão e voltou atrás com a retomada do jogo. Eurico ficou revoltado com a situação e ofendeu Garotinho, que colocou o dirigente na justiça e ganhou a causa.
A grande revolta de Eurico Miranda com a Globo começou no domingo, no programa Fantástico. Segundo Eurico, a reportagem do ocorrido deu a entender que o dirigente não se importava com as pessoas feridas e só se preocupava com a retomada do jogo. O Vasco fez uma reclamação formal à Globo, que reconheceu o erro na reportagem.
Irritado com a emissora, Eurico e seus aliados começaram em pensar ideias para se vingar. Segundo Euriquinho, filho do ex-dirigente, a ideia era colocar a foto do fantoche "Ratinho", um dos símbolos de um dos programas da grade do SBT, na camisa do Vasco. Mas o pai preferiu colocar a marca do canal de Sílvio Santos.
Romário relembra no documentário que quando chegou, escutou do ex-presidente do Vasco a seguinte frase:
"Tenho uma surpresinha hoje pra Globo", afirmou Eurico, segundo o "Baixinho".
Nem mesmo os jogadores do Vasco acreditaram que Eurico realmente havia feito aquilo, e Pedrinho foi um dos que falaram sobre o icónico caso.
"Quando a gente saí da sala de aquecimento do Maracanã e chega pra pegar a camisa, tá aquele símbolo grandão do SBT. A primeira coisa que a gente pensou foi que o Sílvio Santos tivesse patrocinando e que a gente ia receber os salários atrasados", iniciou o atual presidente do Vasco, que completou:
"Depois é que a gente percebeu que o jogo iria passar na Globo", completou Pedrinho.
Fernando Pelegio, diretor do SBT em 2000, confirmou que ninguém de dentro do canal sabia o que estava acontecendo e que o Vasco não pediu autorização para usar a logo na camisa.
O Vasco venceu a decisão por 3 a 1 e se sagrou tetra campeão brasileiro, o último em sua história. Eurico foi ovacionado pela torcida vascaína pelo título e pela provocação. Depois, no vestiário, o presidente eleito do Vasco na época afirmou para o próprio SBT:
"Essa vitória foi uma oportunidade que eu tive de prestar uma homenagem ao SBT, eu acho que o SBT não esperava, não sabia. Eu vou botar o SBT na camisa do Vasco, o SBT não me paga nada, eu vou botar o SBT permanentemente na camisa do Vasco", finalizou.
Apesar da aspa de Eurico Miranda, nunca foi feito um acordo com a emissora. O episódio foi um marco para o futebol brasileiro e para o Vasco de Eurico Miranda, por terem batido de frente com o maior canal de comunicação do país.