Nem mesmo uma 'bala perdida' foi capaz de fazer o atleta carioca David Ferreira desistir de seu sonho de completar uma meia maratona, de 21 km de trajeto. Ao programa Terra Agora desta quinta-feira, 10, o morador narrou o episódio em que foi alvejado durante uma corrida e explicou por que continuou filmando após o grave incidente.
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O caso aconteceu na tarde do último sábado, 5, nas proximidades da estação de Ricardo de Albuquerque, no Rio de Janeiro. Enquanto filmava sua corrida, David revelou que já tinha ouvido os barulhos de tiros na região, mas continuou o trajeto por pensar que se tratava de alguma situação distante de onde ele iria passar.
No entanto, quando se aproximava da estação, foi surpreendido por uma perseguição policial a um carro. O homem tentou se abrigar, mas acabou alvejado. "Logo depois comecei a gritar e pedir ajuda pra quem tava em volta", relembra.
Segundo o atleta amador, testemunhas ficaram bastantes assustadas com o que aconteceu, mas um homem o ajudou e o levou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque. Lá, ele diz ter sido alvo de comentários racistas, vindos de outras pessoas que aguardavam atendimento.
"Foi bem ruim porque chega um jovem negro mancando com um tiro na perna e pedindo ajuda, as pessoas não sabiam se era bandido. Teve uns comentários racistas, e eu comecei a gritar que era servidor público, que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo", diz David.
O morador relata, então, que continuou a filmar para se manter acordado e, caso precisasse, para que pudesse entrar em contato com a própria família. "Uso minha identificação digital, então caso o celular desligasse e eu desmaiasse, ninguém ia saber quem eu era".
Apesar do incidente, David afirma que seu sonho é atingir a marca dos 21 km de trajeto de corrida e que ser baleado não o assustou, mas que irá manter algumas precauções. "Pretendo fazer essa atividade de correr na rua como sou um rapaz muito corajoso, não me abato, mas assim que eu voltar vou querer focar na minha recuperação, vou ficar um pouco mais reservado, tô vendo até pra começar a treinar na academia que eu não curto", finaliza.
O que aconteceu?
Em nota ao Terra, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, segundo o comando da Unidade, policiais militares do 14º BPM (Bangu) receberam informações sobre um veículo roubado na Estrada Marechal Alencastro, na altura de Anchieta.
“Ao identificá-lo, realizaram um cerco com apoio de policiais do 41ºBPM (Irajá). Houve breve confronto e a viatura foi alvejada e colidiu em outro veículo. Com a colisão, um dos policiais ficou ferido e foi socorrido a UPA de Ricardo de Albuquerque. Os criminosos fugiram em direção ao Complexo do Chapadão”, complementou a nota. Foi nessa mesma UPA que David deu entrada.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro, por sua vez, afirmou à reportagem que o caso foi registrado na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) e que a investigação está em andamento para identificar a origem do disparo que atingiu a vítima e esclarecer os fatos.
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