A Fiat e a Gerdau, patrocinadoras da equipe de vôlei do Minas, se manifestaram nesta terça-feira, 26, sobre as recentes declarações homofóbicas do jogador Maurício Souza. O atleta, que também defende as cores da seleção brasileira e esteve nos Jogos Olímpicos de Tóquio, criticou a editora DC Comics por lançar história com o personagem do Super-Homem se declarando bissexual.
"Estamos atentos aos últimos acontecimentos envolvendo o time de vôlei Fiat Minas Gerdau e o jogador Maurício Souza, e portanto, cobrando as medidas cabíveis, de acordo com o nosso posicionamento inegociável diante do respeito à diversidade e à inclusão", informou a montadora italiana por meio de suas páginas nas redes sociais.
"Assim, a Fiat repudia qualquer tipo de declaração que promova ódio, exclusão ou diminuição da pessoa humana e espera que a instituição tome as medidas cabíveis e necessárias no mais curto espaço de tempo possível", finaliza a nota.
A declaração dos patrocinadores do clube acende um sinal de alerta no Minas e provoca a instituição a tomar medidas mais drásticas para que não se prejudique ainda mais a imagem da equipe e tampouco fira as empresas que apoiam o time de vôlei. A Gerdau, que também tem seu nome associado ao time, também repudiou as distintas formas de preconceito.
"Repudiamos qualquer tipo de manifestação de cunho preconceituoso ou homofóbico. Já solicitamos a posição oficial do clube sobre as tratativas necessárias ao caso para adotar as medidas cabíveis, o mais breve possível. Reforçamos nosso compromisso com a diversidade e inclusão, um valor inegociável para a companhia", informou a empresa.
Na segunda-feira, o Minas Tênis Clube já havia se pronunciado sobre as falas do atleta e se posicionado de forma contrária a quaisquer manifestações homofóbicas. "O Minas Tênis Clube está ciente do posicionamento público do atleta Maurício Souza, do Fiat/Gerdau/Minas. Todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais. O clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com a inclusão, diversidade e demais causas sociais", comentou em nota o clube.
Pelas redes sociais, Mauricio Souza havia criticado a editora DC: "Hoje em dia o certo é errado, e o errado é certo... Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias. 'Ah, é só um desenho, não é nada demais'. Vai nessa que vai ver onde vamos parar", escreveu.
Após a manifestação de um dos patrocinadores do Minas, quem voltou a se manifestar foi Douglas Souza, que também atua na seleção brasileira junto com Maurício Souza: "Obrigado, Fiat, pelo posicionamento! Obrigado por entender que homofobia não é liberdade de expressão ou opinião. Esperamos mais novidades", publicou o jogador.
PESO DO PATROCINADOR
Grandes empresas estão cada vez mais preocupadas com os reflexos negativos que suas marcas podem ter ao estarem associadas a clubes, jogadores, programas de televisão, eventos e personalidades que tenham atitudes preconceituosas ou iniciativas questionadas pela opinião pública. As redes sociais são um termômetro para essas empresas e servem de parâmetro para novos posicionamentos.
No esporte, clubes e atletas são cada vez mais dependentes do apoio de seus patrocinadores, principalmente em momentos de crise, como o que vivemos com a pandemia do novo coronavírus. As empresas buscam indistintamente se posicionar contra o preconceito, seja ele de qualquer natureza. Este é um valor bastante apreciado pelos consumidores.
Situações semelhantes foram observadas em outros casos ligados ao futebol. A pressão dos patrocinadores e torcedores fez com que o Santos decidisse por suspender seu contrato com Robinho, que foi condenado a nove anos de prisão por estupro na Itália.
A transferência da Copa América da Colômbia e da Argentina para o Brasil também foi alvo de muitas críticas devido à situação da pandemia no País e a persistência em realizá-la durante a pandemia, enquanto o número de mortos por covid-19 era bastante elevado, levou a uma debandada de patrocinadores do torneio.
Na CBF, após as denúncias de assédio moral e sexual contra o presidente Rogério Caboclo, houve uma pressão sequencial de patrocinadores, que ameaçaram deixar de investir na entidade caso uma medida drástica não fosse tomada. Caboclo foi afastado do cargo por 21 meses e só poderá retomar o posto em 2023.