Análise: Dodgeball Academia é um bem bolado que acerta em cheio

Game combina partidas de queimada com elementos de RPG e muito bom humor

10 ago 2021 - 15h27
(atualizado às 17h03)
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O divertido Dodgeball Academia foi desenvolvido pelo estúdio brasileiro Pocket Trap, e se passa exatamente no que o nome sugere: em uma academia de queimada. E segundo o co-fundador da Pocket Trap, para facilitar o processo de imaginação, pense em Hogwarts, mas ao invés de magia, adicione a queimada. Ao caro leitor, eu usaria outro comparativo: pense nos jogos de Pokémon do Game Boy Advance e troque os monstrinhos por bolas de queimada.

Em Dodgeball Academia somos apresentados à Otto, que comemora muito o fato de ter sido aceito na prestigiada escola de queimadas e, pasmem, tem não só o objetivo de se tornar o melhor jogador de queimada da Academia, mas também do mundo, qualquer semelhança com Ash Ketchum é coincidência.

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Pelos olhos de Otto, conhecemos a história por trás da Dodgeball Academia, onde muitos anos antes, um grande jogador, com um arremesso, colocou fim à Grande Guerra da Queimada. O arremesso deste herói foi tão potente que a bola atingiu uma grande parede de pedra e continua girando até os dias presentes, alimentando a energia da Academia e também concedendo poderes aos alunos do local.

Com este cenário, somos apresentados a um mundo onde tudo é resolvido na base da queimada. Reclamou do lanche da cantina? Bolada na cara. Uma patricinha quer cobrar pedágio da escada da escola? Bolada na cara. Essas situações acontecem durante todos os oito capítulos da narrativa do jogo.

Um bem bolado que deu certo

Adversários te chamam para jogar ao passar perto deles
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Logo nos primeiros minutos do jogo, a semelhança com os jogos de Pokémon chama a atenção. Dialógos em caixa, sem voz dos personagens, movimentação e exploração do mapa, até mesmo o sistema de batalha onde você caminha por um local e ao passar de frente à um NPC, o mesmo te chama pra um confronto.

Além disso, durante as batalhas, os traços de animação, poderes de arremesso e até mesmo auras de energia, tudo isso lembra os animes, famosos desenhos japoneses. Portanto, ao jogar Dodgeball Academia, temos um RPG de esporte, que bebe da fonte de Pokémon, com traços de animes. É uma mistura de vários fatores que poderia gerar um game sem identidade, mas não é o caso, Dodgeball Academia tem identidade e, para deleite dos brasileiros, é uma identidade muito bem localizada ao Brasil.

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Pizza com Ketchup ou com abacaxi?

Muitos brincam que na internet nada se cria e tudo se copia. Isso até um ponto é verdade e vemos diversos casos de, por exemplo, comediantes que constroém sua rotina em cima de memes e piadinhas de internet, sem adaptá-las, transformando seu ato em algo chato. Contudo, existe também casos como o de Rafael Portugal, que fez sucesso com suas rotinas no Big Brother Brasil, onde pegava muito conteúdo das piadinhas e memes de internet, mas sabia adaptá-los para dar seu próprio toque.

Dodgeball Academia (ainda bem) se encaixa no segundo caso. Os dialógos dos personagens utilizam muito da cultura da internet, principalmente do Twitter, para dar vida aos atores em tela, mesmo que eles não possuam voz. As discussões das redes são colocadas de forma muito natural, como por exemplo na situação em que você participa de uma discussão onde um grupo defende que Pizza com abacaxi é melhor do que Pizza com Ketchup e você tem que tomar partido.

Linguagem é um diferencial de Dodgeball Academia
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Os desenvolvedores de Dodgeball Academia são brasileiros e mostram isso em todo o texto e criação de mundo do game, dando à jogatina dos brasileirinhos um gostinho muito bom de se enxergar em tela e ter um sentimento muito forte de pertencimento.

Bolada na cara e superpoderes

Bolas diferentes causam efeitos negativos ao te acertarem
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A jogabilidade de Dodgeball Academia é divertida e traz uma variedade no que diz respeito aos personagens. Cada um possui um tipo de arremesso, um super poder e um contra-ataque diferente. Então nas batalhas de "chefe" você precisará estruturar o seu time de acordo com o que irá enfrentar.

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Existem alguns modos de queimada que variam de forma aleatória nas batalhas do jogo. Você pode participar de uma partida onde ao eliminar o adversário, ele está fora, mas também existem partidas que seguem o formato tradicional que o brasileiro aprende desde cedo a jogar na escola: quem é queimado vai para a parte de trás da equipe adversária. Em partidas de chefe disputadas deste modo, os contra-ataques, que já não são tão fáceis de realizar, se tornam complicados e, durante as batalhas chave do jogo, o nível de dificuldade é surpreendentemente alto.

Cada personagem possui um efeito especial, o de Otto é de fogo
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Contudo, em determinado ponto, as batalhas corriqueiras podem sim se tornar um pouco tediosas. Mas ainda aqui, existe um acerto na construção da mecânica de up dos personagens. Dodgeball Academia se inspirou em Pokémon, mas cortou fora uma das características mais tediosas dos primeiros jogos da franquia dos bichinhos. Aqui você não precisa upar separadamente cada membro da sua equipe, a experiência é dada a todos, facilitando o grind.

Nem tudo são flores

Além da repetição em batalhas normais, o jogo falha em alguns aspectos no que se trata do quesito RPG. Ainda que dentro de quadra cada personagem possua caracteristicas próprias marcantes, os equipamentos adquiridos não seguem essa lógica. Em determinado ponto você se questiona se os equipamentos fazem alguma real diferença, uma vez que a habilidade é algo que impera na hora dos jogos de queimada. E para um jogo que se propôe em formato RPG, build de equipamentos é algo que deveria ter sido melhor trabalhado.

Outro ponto negativo que entra no formato RPG é o fato de que ainda que sejam repetitivas, os números de batalhas que você pode ter durante cada dia são limitadas, o que causa uma impressão de que talvez o level dos personagens não seja lá uma coisa tão impactante.

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No frigir dos ovos

Bexigo é um dos personagens cativantes do game
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Dodgeball Academia possui personagens divertidos, além de uma localização excelente para jogadores brasileiros. O design do game é extremamente agradável e condizente com o clima criado em diálogos e também na construção de mundo. Parte do sistema RPG poderia ser muito superior. Contudo, o game brasileiro entrega muita diversão por várias horas em uma jogabilidade atrativa.

Dodgeball Academia - Nota 8
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O game foi testado em um Xbox Series S, via Game Pass. Dodgeball Academia está disponível também para PlayStation 4, Xbox One, PC e Nintendo Switch.

Fonte: Game On
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