Análise: Halo Infinite é recomeço que a franquia do Xbox precisava

Jogo combina homenagem ao clássico Halo: Combate Evolved com novos elementos muito bem vindos

15 dez 2021 - 09h40
Halo Infinite está disponível para PC e consoles Xbox
Halo Infinite está disponível para PC e consoles Xbox
Foto: Microsoft / Divulgação

Lançado para PC, Xbox One e Xbox Series X/S com mais de  um ano de atraso, Halo Infinite é o melhor jogo da 343 Industries, produtora que herdou a franquia Halo após a saída da Bungie do Xbox Games Studios. O game marca um recomeço para a saga de Master Chief, ponto perfeito para a entrada de uma nova geração de fãs e também uma direção renovada para a produtora, após o malfadado Halo 5 Guardians, lançado seis anos atrás e que não encontrou a melhor recepção da comunidade.

Não é preciso ter jogado aquele game para entender e se divertir com a nova aventura de Master Chief, até porque todos os conflitos e personagens problemáticos de Guardians se resolveram em outras mídias, como livros e quadrinhos, antes da chegada de Infinite. O novo jogo começa direto na ação, com a nave UNSC Infinite sendo abordada e destroçada pelos Banidos, uma nova facção alienígena introduzida no game de estratégia Halo Wars. Na incrível cena inicial, Master Chief é derrotado por Atriox, líder dos Banidos e desperta seis meses depois, pronto para descobrir o que aconteceu com a nave, visitar um novo mundo artificial, Zeta Halo, e lidar com as ameaças inimigas daquele jeito que os fãs veteranos tanto apreciam: mandando bala em quem aparecer pela frente.

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A campanha de Infinite presta uma grande homenagem ao clássico Halo: Combat Evolved, que completou 20 anos recentemente. O cenário lembra muito os primeiros estágios daquele game, com a constante sensação de descoberta do anel. É como se o jogo fosse um grande "Cartógrafo Silencioso", o estágio mais marcante daquele game. Master Chief está mais calado do que nos últimos jogos. É um guerreiro cansado e marcado pela perda de sua companheira de tantas batalhas, Cortana. No lugar dela, há uma nova Inteligência Artificial, a Arma, e também um Piloto, um soldado comum da UNSC que faz um contraponto ao espírito elevado e sorridente da Arma e ao estóico Spartan protagonista - embora o Piloto seja um tanto irritante em sua covardice, as conversas entre Chief e a Arma são muito boas. O Spartan sempre teve ótimas frases de efeito e continua mandando bem em Infinite.

A dublagem brasileira está caprichada, tanto na caracterização de Master Chief quanto dos inimigos, principalmente os Grunts e Elites. As gravações dos Banidos nem sempre são fáceis de entender, mas representam bem a voz gutural dos Banidos. Ainda há pequenos deslizes e pronúncias incorretas como "Flód" ao se referir ao "Flood" (pronuncia-se 'flud') mas nada tão gritante como já foi nos dias de Halo 4.

Master Chief tem uma nova companheira virtual, Arma
Foto: Microsoft / Divulgação

O ano extra de desenvolvimento foi muito bem aproveitado pela 343 Industries. É um dos jogos mais bonitos do ano, ainda mais no Xbox Series X, e merecia um modo Foto. Não são poucas as vezes em que você gostaria de parar tudo, fazer uma pose heróica e registrar o momento para a posteridade.

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A melhor parte mesmo é a caracterização dos Banidos. Estas hordas de inimigos vindos de todas as espécies que formavam o Covenant e agora se agrupam em uma sociedade mais tribal são a companhia mais recorrente que o jogador vai encontrar e a 343 Industries não poupou esforços em dar falas e comportamentos únicos para estes personagens, muitos deles engraçados - é bom ver esse lado mais leve e bem humorado de Halo de volta. Nem todo jogo da série precisa (ou conseguirá) ser como Halo Reach e ao oferecer momentos divertidos aqui e ali, a produtora consegue tornar os encontros épicos e as cenas dramáticas mais intensas.

Halo Infinite expande arenas 'sand box' da série
Foto: Microsoft / Divulgação

O jogo oferece algo raro nos games de tiro atuais: ótimas batalhas contra chefões. Cada encontro de chefe durante a campanha é uma luta envolvente e desafiadora, que vai exigir toda a habilidade do jogador até aquele ponto, principalmente nas dificuldades mais altas.

A campanha de Halo Infinite é a melhor que a 343 Industries já produziu e mesmo que não esteja no nível de um Halo 2 ou de Reach (que considero as obras primas da Bungie), está ombro a ombro com Halo: Combat Evolved e Halo 3, o que não é pouca coisa.

Novas mecânicas

O jogo não vive apenas de homenagens ao passado e busca estabelecer o que será Halo daqui para frente, com a promessa de ser uma plataforma para os próximos 10 anos da franquia. Entre as novidades, o jogo deixa de ser linear e adota um formato de mundo aberto. Não é uma vastidão sem fim como um Skyrim, Red Dead Redemption 2 ou mesmo The Legend of Zelda: Breath of the Wild, mas uma primeira experiência em ir além das tradicionais arenas sandbox da franquia.

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No controle de Master Chief, você tem liberdade para explorar a superfície de Zeta Halo como quiser, dentro dos limites bem amplos do jogo. Há um único bioma e se você viu as florestas, montanhas e instalações ao estilo catedral alienígena dos trailers, viu todo tipo de paisagem que o jogo oferece. Não há nenhuma inovação ao gênero de 'mundo aberto' em Infinite: você conquista fortalezas dos Banidos que se tornam bases para os fuzileiros remanescentes da UNSC, onde é possível solicitar armamentos e veículos.

Também há uma série de missões secundárias, como destruir torres de propaganda (maravilhosas, dá até dó de detoná-las), Banidos poderosos para caçar e colecionáveis espalhados, como os infames Crânios e muitos arquivos de áudio, que expandem a compreensão de tudo o que rolou nos seis meses entre a queda da Infinite e o despertar de Master Chief. Tonalizadores de armadura para o modo multiplayer também podem ser encontrados - pena que não há peças de armadura únicas para hostentar nas partidas online após fechar o jogo nas dificuldades mais altas, por exemplo. Uma oportunidade perdida.

O mundo aberto de Halo Infinite também permite novas abordagens para o combate, ampliando as arenas 'sandbox' da série. Junto com as novas armas dos Banidos e os equipamentos de Master Chief, em especial o gancho, essas novidades maximizam o que Halo sempre teve de melhor: o sistema de combate. Cada pequena batalha é divertida e engajar em um conflito maior para tomar uma fortaleza ou ajudar fuzileiros em meio a um assalto de tropas inimigas é sempre empolgante. Mesmo que você não se interesse pela mitologia de Halo ou pela trama de Infinite, o gameplay é bom o bastante para fazer com que você continue até o fim da campanha.

Halo Infinite
Foto: Microsoft / Divulgação

O gancho permite escalar e alcançar lugares que antes só quem dominava a arte de "pular em granadas" conseguiria. Ele adiciona de cara uma nova dimensão ao movimento, mas também pode ser usado para golpear inimigos, remover escudos, puxar armas e explosivos para as mãos de Chief e roubar veículo, entre outros usos encontrados por jogadores criativos. Há outros equipamentos, como uma barreira portátil e um radar, mas embora tenham suas utilidades, na campanha quem reina é o gancho. Você pode aprimorar estes equipamentos com Núcleos Spartan encontrados ao explorar os cantos do jogo e esse elemento de personalização é outra adição bem vinda.

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O arsenal disponível combina armas clássicas da franquia, como o rifle de batalha e a pistola da UNSC, lança-foguetes e carabinas de plasma, com novas adições sinistras oferecidas pelos Banidos. Muitas das novas armas parecem meio desengonçadas no começo, mas é mais uma questão de você entender quando utilizar cada uma delas. Como há dispensers de munição espalhados pelo anel, é fácil permanecer com suas armas padrão da UNSC durante todo o tempo, mas ao jogar na dificuldade Heróica ou Legendária, é bom saber manipular outras armas, pois aquela troca constante de equipamento no calor da batalha é uma parte essencial da experiência.

Ainda há algumas coisas faltando e me coloco junto aos outros fãs de Halo no desapontamento pela ausência das opções de jogar a campanha em modo cooperativo e do modo Forja, que permite criar seus próprios mapas e modalidade multiplayer. Também senti falta de um modo Firefight, com a pontuação e medalhas na tela durante a campanha. Os dois primeiros estão previstos para 2022 e é de se esperar que a 343 Industries continue adicionando recursos ao game nos próximos anos. Eles souberam fazer isso com a The Master Chief Collection e agora é a hora de dar toda a atenção para Infinite.

Multiplayer de qualidade, mas que pode melhorar

Partidas multiplayer de Halo Infinite
Foto: Microsoft / Divulgação

O modo multiplayer de Halo Infinite foi lançado antes mesmo da campanha, em 15 de novembro, como um teste beta final antes do lançamento completo. Ele é gratuito para jogar e é aí que moram as principais queixas da comunidade.

Não é que o modo seja ruim: As partidas multiplayer são excelentes, com mapas na medida certa e modalidades divertidas, desde o mata-mata tradicional, dominação e capture a bandeira, até o famigerado Bola Maluca - vence o time que segurar um crânio flamejante por mais tempo. Há mais modalidades esporádicas, como Fiesta, em que os jogadores entram na arena com armas aleatórias, e as partidas de batalha em grande escala, com 24 jogadores em mapas maiores e cheios de veículos. Não há um modo Battle Royale e tudo bem, porque o multiplayer tradicional de Halo é uma brisa de ar fresco em um mercado em que todo mundo parece precisar jogar 100 pessoas em uma ilha para lutar até que reste apenas um.

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Halo Infinite tem ótimas mapas multiplayer
Foto: Microsoft / Divulgação

Alguns elementos do multiplayer poderiam ser melhores: não há fogo amigo, o que resulta em chuvas de granadas. Não há impacto real entre os Spartans, o que muitas vezes faz com que o jogador se engane sobre o impacto de um golpe corpo-a-corpo. São detalhes que podem ser melhorados, assim como as listas de jogos: no começo, não era possível escolher que modalidade seria disputada nem em qual arena a partida vai rolar. Agora, há listas separadas para o modo Assassino, o mata-mata, e os modos com objetivos, como Controle e Bola Maluca. Ainda não é possível selecionar uma arena específica.

Por ser gratuito para jogar, o multiplayer de Halo Infinite adota sistemas de monetização como Passes de Batalha e venda de itens cosméticos. Os preços dos itens são muito elevados e a progressão no passe de batalha ainda está passando por ajustes, mas deixava muito a desejar, quando comparada com a de outros jogos do gênero. Como Halo: The Master Chief Collection já tinha um sistema de temporadas e itens cosméticos que funcionava muito bem, é estranho que a produtora tenha optado por ir em outra direção e começado com o pé esquerdo em Infinite. Ao menos a 343 Industries tem dado ouvidos aos pedidos e reclamações e aos poucos, as coisas vem melhorando neste sentido.

Personalização está atrelada ao Passe de Batalha e loja de itens
Foto: Microsoft / Divulgação

Os maiores defeitos do modo multiplayer são periféricos, ligados ao passe de batalha e aos itens cosméticos. Tudo isso pode ser modificado, melhorado e resolvido. As partidas em si são empolgantes e super competitivas, com uma sensação rara de "esportividade" nos jogos atuais, em que quem possui a nova arma mais poderosa da semana tem vantagem. Em Halo Infinite, você vence a partida sendo melhor e mais habilidoso (desde que o adversário não esteja usando algum hack ou trapaça) e é isso o que mantém muitos jogadores voltando para a próxima rodada.

Considerações

Ainda que tenha espaço para melhorias, Halo Infinite é um jogo incrível e muito bem suscedido, que celebra o passado da franquia ao mesmo tempo em que abre caminho para o futuro.

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Halo Infinite - Nota 9
Foto: Game On / Divulgação

O jogo explora novos horizontes e possibilidades na melhor campanha já produzida pela 343 Industries, com inovações bem vindas, tanto na história quanto nas mecânicas. Também entrega um modo multiplayer bastante competitivo e com potencial para durar muitos anos. Halo Infinite é o game que o Xbox Series X precisava no lançamento. Chegou um pouco tarde, mas valeu toda a espera.

Fonte: Game On
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