Apesar de atuar na indústria há muito tempo, foi em 2015 que a Supermassive Games apareceu para o grande público com o sucesso Until Dawn, ao mostrar que uma história tensa e aterrorizante, onde o jogador é quase um espectador, pode fazer sucesso. Em The Quarry, game lançado em 2022 pelo estúdio, esta noção é elevada ao máximo, o que resulta em um jogo que é uma boa mistura de todos os filmes de terror slasher que você já viu. As partes boas e ruins.
Se imagine assistindo a algum clássico do horror dos anos 90, como Sexta-feira 13 Parte III, aquele que Jason finalmente utiliza a máscara icônica pela primeira vez, ou qualquer outro filme da franquia sanguinolenta. Bem, ao jogar The Quarry, você terá os 'jumpscares' dos vilões, você terá a violência gráfica, eternizada nos filmes pelo genial Tom Savini, entre outras características positivas de um filme slasher. Porém, você também terá tramas adolescentes bobas, personagens burros e decisões questionáveis.
Em The Quarry, um grupo de adolescentes fica preso em um acampamento de verão por problemas com um carro. Apesar do dono do acampamento recomendar que eles fiquem dentro das cabanas, os hormônios falam mais alto e eles resolvem curtir os últimos momentos no local. Sim, você já viu esse enredo cerca de trezentas vezes e sabe que as coisas vão acabar mal para muitos desses jovens. Porém, dessa vez você será a pessoa que influenciará em quem vive ou morre.
Suas escolhas importam
Segundo a Supermassive, The Quarry possui 186 finais possíveis. Entretanto, apesar de algumas alterações aqui e ali, as resoluções finais do game são muito mais limitadas do que o número acima. Ainda assim, o jogo valoriza, e muito, a escolha de quem está na frente do controle. Sem entrar tanto em spoilers, as suas decisões podem parecer que não afetam no curto prazo, mas a recompensa eventualmente vem.
Neste sentido, o jogo consegue te amarrar sim no enredo. Os personagens por si só não são lá tão bem desenvolvidos e, no caso de alguns, ficam presos aos seus estereótipos. Lembra o que falei de adaptar filmes slasher nos pontos positivos e negativos? Pois é. Entretanto, a história do que está acontecendo naquele acampamento consegue dar mobilidade à história e manter a curiosidade (e tensão) bem viva.
Aspectos técnicos navegam em extremos
Todo o elenco de The Quarry foi criado com captura de atores reais. Alguns rostos serão, inclusive, reconhecidos rapidamente pelos jogadores. Em algum dos casos, a captura ficou excelente, mas em outros causa certa estranheza. Aliás, neste sentido, The Quarry varia de forma irritante, uma vez que em uma mesma cutscene o acabamento de um personagem parece primoroso, enquanto o de outro não segue o padrão.
Além disso, o jogo também pode irritar nas partes jogáveis, uma vez que a movimentação é bem travada a e a exploração de mapa tem momentos que lembram jogos como o Resident Evil original, mas com uma melhoria aqui e ali da famosa movimentação "tank". Entretanto, o foco do jogo é declaradamente o enredo, a investigação e as tomadas de decisão. Neste caso, The Quarry navega no extremo positivo da coisa.
Experiência que mescla cinema e videogame
Apesar dos vários tropeços, o game da Supermassive tenta inovar ao trazer homenagens de diversas franquias do cinema para dentro de uma história de videogame. E os fãs do subgênero slasher dos cinemas com certeza irão se deliciar com The Quarry. As referências são, quase sempre, bem colocadas e causam uma sensação de pertencimento bastante única.
Além disso, o jogo ainda implementou um modo filme. Não, não é um modo de tirar foto, mas sim onde você determinará, no início, a personalidade dos protagonistas e, então, irá acompanhar a história "original" e automatizada de The Quarry. Para quem se irritou com a jogabilidade, mas foi fisgado pela narrativa, essa é uma baita opção.
No frigir dos ovos, o novo jogo da Supermassive mais acerta do que erra. The Quarry está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.
Esta análise foi feita em um PlayStation 5, com uma cópia gentilmente cedida pela 2K Games.