Cinco anos atrás, a série Total War tomou um rumo inesperado: conhecida por seus jogos de estratégia ambientados em cenários históricos, que vão do Império Romano às guerras napoleônicas, foi uma surpresa ver a Creative Assembly abraçar o mundo de fantasia sombria de Warhammer. Agora, com a chegada de Warhammer 3, a saga está perto da conclusão e é difícil imaginar um futuro em que Total War não tenha um pé na fantasia, especialmente nos mundos em guerra criados pela Games Workshop.
O melhor de tudo é que o jogo certamente será a porta de entrada de muitos novos fãs em ambas as franquias, que sempre tiveram um ar intimidante, seja Total War com seus sistemas complexos ou Warhammer com sua mitologia profunda - embora o fascínio das batalhas em larga escala de ambas as franquias seja difícil de resistir. Warhammer 3 estará disponível desde o lançamento no PC Game Pass, então muitos assinantes poderão experimentar o game e descobrir toda a magia deste universo em primeira mão, sem o obstáculo do preço salgado.
O jogo consegue ser acessível para estes novos jogadores, mesmo se tratando do terceiro capítulo de uma trilogia. Há uma longa campanha "prólogo" que não só funciona como tutorial, ensinando as mecânicas centrais do game, mas também situa o jogador nos acontecimentos mais importantes da trama até aqui, perfeito tanto para quem vai começar quanto para quem esteve afastado da série por alguns meses.
Trama envolvente e cheia de surpresas
De forma resumida, o deus urso Ursun, protetor do reino de Kislev, foi aprisionado pelo demônio Be'lakor. Ele foi ferido por um disparo amaldiçoado por um príncipe corrompido e sua fúria está rasgando o tecido da realidade, deixando as forças do Reino do Caos atravessarem para os reinos dos mortais. Os exércitos dos homens marcham em direção a prisão de Ursun, alguns para tentar salvar a divindade, outros para pedir favores ou tentar roubar seu poder.
A Creative Assembly soube incorporar muitas surpresas e novas mecânicas nas unidades e na trama de Total War: Warhammer 3, prendendo a atenção do jogador desde as primeiras rodadas até a eventual vitória. Espere por situações realmente épicas nas lutas entre os reinos mortais e as forças do Caos, incluindo até mesmo hordas demoníacas invadindo o mundo do jogo, locações bizarras e enormes batalhas de sobrevivência contra um príncipe demônio.
O jogador voltará diversas vezes para experimentar a campanha no controle de outra facção e descobrir seus poderes, unidades e história em particular é parte do charme que mantém os fãs envolvidos na saga costurada pela Creative Assembly. Controlar o próprio Príncipe Demônio é muito diferente de outros Lordes da série, com a possibilidade de customizar seu próprio corpo com partes adquiridas ao destroçar os adversários.
Entre a estrutura narrativa da campanha e as possibilidades de personalização dos campeões, em particular o Príncipe Demônio, é quase como se Total War fosse um jogo de RPG com batalhas estratégicas, e isso é muito bom. É difícil não se envolver com a queda do Príncipe, tão dramática (ou mais) do que a queda de Arthas no clássico Warcraft III.
Como de costume, há várias facções para escolher, cada uma com suas próprias unidades e história. Kislev é um reino típico de fantasia, que vai deixar os fãs dos Stark de Game of Thrones se sentindo em casa. Já Grand Cathay é um império oriental, inspirado na mitologia chinesa, com direito a líderes dragões e tudo. Outros grupos são ainda mais exóticos, como os monstruosos Ogres e claro, os demônios do Caos.
Luta pela sobrevivência
Uma das novidades mais divertidas são as batalhas de sobrevivência. Assim como nos Warhammer anteriores entraram em cena as missões que devem ser cumpridas durante as batalhas, ao entrar nos reinos do Caos, o jogador precisa lutar contra legiões de demônios enlouquecidos, em batalhas onde a única coisa que importa é sobreviver por tempo o bastante para vencer.
Essas legiões tem muito mais unidades do que um exército tradicional no jogo, mas elas são mais fracas do que em suas versões comuns. Cada reino do Caos tem características próprias, que refletem seus patronos. Essa diversidade ajuda a manter a campanha envolvente, tanto quanto a narrativa.
Multiplayer
Total War: Warhammer 3 tem três campanhas multijogador. Há uma versão para vários jogadores da campanha dos Reinos do Caos e também das campanhas dos mortais ambientadas em Cathay e Kislev. As duas primeiras aceitam até oito jogadores, enquanto a campanha de Kislev é para apenas três pessoas.
Os jogadores podem ajustar limites de tempo para os turnos das campanhas, inclusive habilitando turnos simultâneos que deixam o jogo muito mais dinâmico, ainda mais com oito pessoas disputando o controle do mapa.
Nas batalhas multiplayer há um elemento vindo das batalhas de sobrevivência: os jogadores podem competir para tomar objetivos no mapa e marcar pontos. É bem divertido e traz uma dinâmica diferente para os jogos da série Total War.
Considerações
É fácil dedicar mais de cem horas em algumas campanhas de Total War: Warhammer 3, seja você um jogador veterano calejado das batalhas da série, ou um recém-chegado que decidiu experimentar o jogo que encontrou no PC Game Pass. O jogo exige atenção para não colocar tudo a perder com umas poucas decisões erradas, mas suas várias jornadas pelo mundo mágico conjurado pela Creative Assembly valerão todos os esforços.
Total War: Warhammer 3 estará disponível para PC a partir de 17 de janeiro. O jogo também estará incluso no PC Game Pass no lançamento.
*Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sega Europe.