Análise: Baldur's Gate 3 é um dos melhores jogos do ano

O novo jogo do Larian Studios criou um novo patamar para os RPGs ocidentais, e servirá de inspiração para títulos futuros

18 ago 2023 - 11h47
(atualizado às 12h07)
Mais do que um excelente RPG, Baldur's Gate 3 é um dos melhores jogos já feitos
Mais do que um excelente RPG, Baldur's Gate 3 é um dos melhores jogos já feitos
Foto: Reprodução / Larian Studios

De tempos em tempos, somos agraciados com lançamentos que mudam nossas perspectivas sobre alguns gêneros. Half-Life mudou o mundo dos jogos de tiro em primeira pessoa por conta de sua narrativa; The Last of Us deixou sua marca sobre cinematografia em jogos; agora, Baldur’s Gate 3 cria um novo patamar para RPGs ocidentais. Seriam exageros ou apenas fatos?

Bem-vindo ao mundo da “Costa da Espada”

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A franquia Baldur's Gate existe desde 1998, quando a BioWare decidiu trabalhar com a IP Dungeons & Dragons. Devido aos altos custos, a empresa deixou a ideia de lado após Baldur's Gate 2 para se dedicar ao desenvolvimento de Dragon Age Origins. Baldur's Gate permaneceu algum tempo sem novidades, apenas aguardando que outro estúdio fosse capaz de manter seu legado.

O Larian Studios aceitou o desafio e, em 2019, confirmou o desenvolvimento de Baldur's Gate 3, inicialmente um exclusivo do hoje finado Google Stadia. Depois de alguns tropeços com datas e uma produção mais lenta do que o normal — muito disso devido à pandemia —, a desenvolvedora lançou o jogo em acesso antecipado na Steam em 2020, criando uma cultura em que os jogadores poderiam participar de forma ativa do ciclo de desenvolvimento. Essa cultura gerou bons resultados e culminou no lançamento de Baldur's Gate 3 no início de agosto deste ano.

Desenvolvimento à parte, a história de Baldur’s Gate 3 começa de uma forma bastante simples, girando em torno dos devoradores de mentes. Os devoradores de mentes são criaturas alienígenas que querem o controle mundial através da assimilação dos seres vivos e buscam essa assimilação através da comunhão entre seres vivos e a “Colmeia”, uma espécie de consciência coletiva que controla todos os devoradores e infectados.

Baldur's Gate 3 dá a liberdade de criar narrativas únicas dentro do universo do jogo
Foto: Baldur's Gate 3 / Reprodução

O jogador assume o papel de um aventureiro que foi capturado pelos devoradores e implantado com uma larva cerebral. Essa larva é a principal forma de transformação, cujo processo acontece em apenas algumas horas. No entanto, durante o procedimento, a nave dos devoradores em que o personagem protagonista está preso é atacada por dragões vermelhos e entra em estado de emergência, o que obriga a nave a soltar todos os prisioneiros e dá início à aventura pela Costa da Espada.

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Não demora até que diferentes personagens se juntem à causa do protagonista. Cada um deles tem suas próprias habilidades e personalidades bastante distintas, contribuindo para a grandiosidade da narrativa ao oferecer diálogos especiais, missões interligados aos seus passados, opções de romance e muito mais.

Você irá conhecer muitos aliados e inimigos durante sua aventura pela Costa da Espada
Foto: Baldur's Gate 3 / Reprodução

Apesar de ter um rumo a ser seguido, a narrativa é totalmente aberta para que o jogador crie sua própria história. Não existem limites para a criatividade, e é bom perceber que uma simples missão pode ter 10 — ou até mais — conclusões diferentes, cada uma dando origem à novas oportunidades e novas histórias.

Além disso, cada escolha importa em Baldur's Gate 3, gerando consequências que mudam todo o estado em que o universo de encontra. Enquanto eu estava finalizando minha primeira campanha, já pensava na próxima aventura e em tudo o que iria fazer de diferente, o que prova o quanto o jogo do Larian Studios é, de fato, especial.

A revolução no combate por turno

O combate por turnos de Baldur's Gate 3 é revolucionário
Foto: Baldur's Gate 3 / Reprodução

Exploração e combate andam de mãos dadas em Baldur's Gate 3, oferecendo uma liberdade quase sem precedentes para o jogador. Não é exagero afirmar que o jogo tem um dos melhores sistemas de RPG já criados, muito por conta da forma com que o estúdio recriou a velha sensação de jogar um RPG de mesa, com lápis, papel e dados.

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À primeira vista, o combate pode parece simples, mas bastam alguns minutos para se perceber que ele é mais complexo do que aparenta. Por exemplo, é surpreendente perceber como o cenário pode definir os rumos de um confronto.

É possível queimar vigas de madeira que suportam inimigos, empurrar monstros de precipícios, apagar uma área em chamas com um balde de água, arremessar itens nos inimigos com intuito de causar dano ou até mesmo jogar ácido no chão e, logo em seguida, arremessar uma bomba, gerando uma reação em cadeia que elimina todos no caminho: a criatividade é realmente o limite em Baldur’s Gate 3, e é muito raro ver um jogo com combate por turnos proporcionar isso.

Claro, a exploração também se aproveita dessa mesma liberdade do sistema de combate. É possível entrar e sair do modo “por turnos” à vontade no mundo aberto. Ao entrar nele, o jogador pode esgueirar pela escuridão com mais calma, desativar armadilhas, pensar em estratégias, armar emboscadas, fugir do perigo iminente e assim por diante. Além disso, o jogador não está preso ao chão, podendo até mesmo subir por telhados e alcançar lugares secretos que fornecem novas missões e recompensas para os mais curiosos.

A exploração recompensa o jogador com segredos, missões e novos diálogos
Foto: Baldur's Gate 3 / Reprodução

Baldur's Gate 3 faz um ótimo trabalho de recriar a sensação de um RPG de mesa, principalmente por conta das rolagens com os dados. No jogo, todas as ações são avaliadas através dela, o que determinará o sucesso em diferentes categorias e habilidades, como percepção, diálogo, negociação, intimidação, entre outras.

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É divertido acumular diferentes vantagens para usá-las em diálogos específicos, o que acaba criando diferentes caminhos e situações hilárias (ou deprimentes) no andamento da história. Toda ação é final, e o jogador realmente sente o peso dos seus atos — seja vil ou bondoso.

Considerações

Baldur's Gate 3 - Nota: 10
Foto: Reprodução / Game On

Mas afinal, Baldur’s Gate 3 é um dos melhores RPGs já criados? Sim, sem sombra de dúvidas. Assim como não conseguimos imaginar jogos de mundo aberto sem pensar em Red Dead Redemption 2 e The Legend of Zelda, será difícil imaginar RPGs sem pensar no que o Larian Studios criou.

A liberdade que o jogo proporciona dentro do seu escopo é algo que eleva o patamar atual dos jogos. Baldur’s Gate 3, antes de ser um produto comercial, sabe que é um jogo eletrônico que existe com o único propósito de entregar uma experiência memorável para todos.

É um jogo incrível, que utiliza um dos maiores livros de fantasia para dar origem a uma aventura que, para mim, é inesquecível. Não se espantem se Baldur’s Gate 3 furar a bolha e, no final do ano, levar o cobiçado prêmio “Melhor Jogo do Ano”. 

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Baldur's Gate 3 já está disponível para PC através das lojas virtuais Steam e GOG. O jogo chega ao PlayStation 5 em 4 de setembro.

Fonte: Game On
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