Sonic Superstars é a mais nova aposta da Sega para conquistar ainda mais o coração dos fãs nostálgicos dos jogos clássicos do ouriço azul, seis anos após acertar em cheio com o aclamado Sonic Mania, último jogo do mascote nas plataformas de alta velocidade 2D.
Após os planos de uma nova colaboração com os desenvolvedores de Sonic Mania falharem, o Sonic Team fechou uma nova parceria com o estúdio Arzest, que tem como um dos fundadores e presidente Naoto Ohshima, criador do visual de Sonic lá na década de 1990 - a ideia para Superstars, inclusive, surgiu de uma live regada a bebidas durante a pandemia da Covid-19.
Mas será que a nova aventura consegue capturar a magia dos clássicos do Mega Drive e ainda oferecer uma boa diversão?
Nostalgia Supersônica
Takashi Iizuka, diretor criativo da Sonic Team, decidiu apostar em um jogo no estilo clássico da série. Porém, deixando de lado os carismáticos gráficos em pixel art utilizados em Sonic Mania para dar espaço aos gráficos 2.5D modernos e atrair novos fãs.
Ohshima, que deixou a Sega em 1999 e não trabalha em um título de Sonic desde Sonic Adventure (1998), aceitou a tarefa e, com seu estúdio, elaborou o design do novo game, mantendo a essência da geração 16 bits.
O jogo tem uma historinha bem simples, contada por meio de interações dos personagens entre os estágios, onde o jogador deve controlar Sonic, Tails, Knuckles ou Amy para derrotar Dr. Robotnik (ou Eggman, se preferir). O vilão contratou os serviços de Fang, uma doninha roxa que já apareceu em outros games, e sua ajudante Trip, uma personagem inédita no universo da franquia, para capturarem os animais das Ilhas Northstar para construir um exército poderoso.
Apesar de alguns fãs mais hardcore reclamarem do jogo não ser totalmente em pixel art (embora exista uma fase nesse estilo para matar um pouco da saudade), o jogo apresenta visuais 2.5D belíssimos e nostálgicos, com uma explosão de cores vibrantes e brilhantes e muitas animações que deixam tudo mais orgânico na tela da TV.
A experiência visual tem como complemento o acompanhemento de uma trilha sonora igualmente vibrante e alegre. Trilha composta pelo veterano na franquia Jun Senoue, que liderou uma equipe de funcionários internos da Sega e colaboradores externos (incluindo Tee Lopes, de Sonic Mania) para criar uma experiência pop eletrônica. E claro, os tradicionais efeitos sonoros de pulo, explosão, argolas, entre outros, estão todos lá para uma viagem nostálgica completa.
A jogabilidade também não desaponta e traz um sistema de física muito bom para todos os personagens, com movimentos que funcionam perfeitamente nos variados desafios dos cenários - nada de personagens muito duros ou pesados na hora de pular ou correr. Embora o mantra "Gotta Go Fast" esteja em pleno vigor, com cenários que favorecem a alta velocidade, há vários momentos mais lentos, onde é preciso pular em plataformas, desviar de obstáculos ou se deslocar por longas áreas verticais.
Vale ressaltar que os quatro personagens jogáveis apresentam, de maneira sutil, sua própria sensação de impulso e física de movimentos, um toque que faz valer a pena jogar com cada um deles. Sonic é o mais equilibrado, enquanto Tails e Amy são um pouco mais leves e flutuantes e Knuckles é um pouco mais pesado.
Além disso, cada herói possui suas próprias habilidades. Sonic tem seu característico impulso, Tails pode voar, Knuckles pode planar e escalar paredes e Amy pode usar seu martelo e dar saltos duplos. Como o design dos cenários foi muito bem planejado, há desafios e obstáculos para todos os personagens, oferecendo maneiras diferentes de se completar os estágios.
As Ilhas Northstar compreendem no total 12 zonas, que são divididas em atos que podem variar em uma, duas ou três partes. Cada cenário possui recursos de interações como as velhas conhecidas molas e elementos únicos, como uma selva com vinhas de transporte - e alguns recursos funcionam exclusivamente para determinados personagens. E não se engane com o visual fofo e colorido, o game possui uma dificuldade crescente que pode causar dores de cabeça em estágios mais avançados, especialmente alguns chefões.
Superstars apresenta dois tipos de fases especiais. O primeiro é acessado através de anéis gigantes escondidos em cada ato, onde o jogador deve se balançar em bolhas em um ambiente 3D para obter uma das sete Esmeraldas do Caos.
E aqui temos uma novidade: cada esmeralda concede ao jogador uma habilidade de power-up (ótimas para enfrentar os chefões), como a habilidade de nadar em cachoeiras ou criar clones do personagem escolhido. A sétima esmeralda fornece uma habilidade específica para cada personagem e, claro, também torna possível se transformar em sua forma super, garantindo velocidade e invencibilidade ao custo do esgotamento das argolas.
Já o segundo estágio especial é acessado passando por checkpoints. Nele, o jogador é levado para um labirinto giratório, semelhante aos de Sonic the Hedgehog (1991), onde deve coletar medalhas. Essas medalhas podem ser usadas em uma loja no mundo central para comprar peças de customização de robôs para participar de competições com outros jogadores, locais ou online.
E por fim, vale destacar o modo cooperativo local do game, onde até quatro pessoas podem participar simultaneamente, deixando tudo mais caótico e divertido. Em meus testes, joguei apenas com uma outra pessoa, e a partida foi bem divertida com os dois gritando na tela como duas crianças - imagine com mais amigos. A mecânica para manter os jogadores unidos na tela funciona surpreendentemente bem, levando em conta que há muitos momentos velozes no jogo. Se um jogador ficar para trás, basta apertar um botão para o personagem voltar para a tela principal onde está acontecendo toda a ação.
Considerações
Sonic Superstars é um belíssimo e divertido jogo de plataforma 2.5D, que traz uma alta dose de nostalgia pelos clássicos do Mega Drive, com destaque para os visuais, trilha sonora e jogabilidade.
No entanto, o seu ponto mais forte, a nostalgia, também é o seu ponto fraco. A aposta no certo e no tradicional impede um pouco a inovação, e Sonic Superstars não traz nada muito diferente do que já vimos na franquia. Ainda assim, é um jogo que deve agradar tanto a criançada da nova geração quanto os veteranos lá da década de 1990
Sonic Superstars chega em 17 de outubro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.
*A análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sega.