Fort Solis explora um gênero que dificilmente perde seu charme: o terror espacial. A mistura de ficção científica com horror já produziu bons frutos e traz à mente excelentes nomes, como Dead Space — que recebeu um remake no início deste ano — e, indo um pouco além do mundo dos videogames, a franquia Alien.
Mesmo com tantas inspirações presentes na criação do estúdio Fallen Leaf, Fort Solis esbarra em uma execução, infelizmente, monótona.
Contada através de quatro capítulos, a narrativa de Fort Solis jamais encontra ritmo. Por mais que as atuações dos dubladores, entre eles Roger Clark, o Arthur Morgan de Red Dead Redemption II, Troy Baker, o Joel de The Last of Us, e Julia Brown, das séries O Alienista e O Último Reino, sejam boas e gerem uma química interessante e, muitas vezes, divertida, a lentidão dos acontecimentos e as limitações da jogabilidade são decisivas para tirar qualquer senso de urgência, algo tão essencial no gênero — em especial em uma história que começa com um chamado de emergência.
Durante a maior parte do tempo, as ações do protagonista são limitadas a andar de um ponto a outro do mapa enquanto busca por pistas de uma tripulação desaparecida. Não que isso seja necessariamente um problema, mas a falta de ações rápidas — não é possível correr ou sequer andar rapidamente — e o fato de que tudo é resolvido em Quick Time Events são fatores que prejudicam qualquer imersão.
Por mais que a narrativa tenha seus méritos, a falta de ritmo gerada pela eterna caminhada a passos lentos — e muitas vezes impedidos pelos mais simples obstáculos de cenário — estraga a experiência. Essa monotonia pode ser sentida na duração da campanha do jogo: Fort Solis pode ser finalizado entre quatro e seis horas, mas não é difícil imaginar esse tempo sendo reduzido pela metade com apenas um pouco mais de dinamismo.
Os gráficos, que raramente sofrem com quedas de desempenho no modo qualidade, e a trilha sonora cumprem bem seu papel. Desenvolvido em Unreal Engine 5, a ambientação mistura trechos abertos, que se tornam opressores graças a uma forte tempestade que atinge Marte, com corredores fechados característicos do gênero, mas que criam tensão por si só. Além disso, a iluminação é bem utilizada, deixando o jogador sempre em dúvida quanto ao próximo passo. A tensão crescente também ganha força na trilha sonora do jogo e na eterna promessa de uma ameaça — que demora bastante para aparecer.
Considerações
Por mais que os quesitos técnicos e a atuação dos dubladores mereçam elogios, não são fatores suficientes para salvar uma narrativa que merecia — e podia — muito mais. Fort Solis é lento, falha em prender o jogador e demora demais a apresentar fatos novos. É um jogo que, em seus melhores momentos, apenas gera curiosidade. Mas jamais gera desespero e urgência, algo que outros jogos do gênero fazem tão bem.
Fort Solis está disponível para PC e PlayStation 5.
Essa análise foi feita em um PlayStation 5 com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Dear Villagers.